Os ‘anéis de fadas’ e outros mistérios do deserto mais antigo do mundo
Alguns acreditam que são pegadas de deuses, outros que são vestígios de óvnis, mas ninguém consegue explicar até hoje a presença dos chamados ‘círculos de fadas’ no deserto da Namíbia. Os ‘círculos de fadas’ são trechos circulares de terra sem vegetação, que pontilham o deserto BBC Localizado ao longo da costa do Atlântico, no sudoeste da África, o deserto da Namíbia é um dos mais secos do mundo. Sua paisagem – formada por dunas de areia, montanhas escarpadas e planícies de cascalho – se estende por cerca de 81 mil quilômetros quadrados, atravessando três países: Angola, Namíbia e África do Sul. Com pelo menos 55 milhões de anos, é considerado o deserto mais antigo do mundo – o Saara, para efeito de comparação, tem "apenas" de 2 milhões a 7 milhões de anos. Com as temperaturas atingindo rotineiramente 45°C no verão durante o dia, e podendo cair para abaixo de zero à noite, também é um dos lugares mais inóspitos do planeta. Mas, ao longo do tempo, um número surpreendente de espécies se adaptou para chamar esta maravilha árida de lar – e, durante este processo, deu origem a um fenômeno geomórfico que intriga especialistas até hoje. Animais adaptáveis As partes mais áridas do deserto têm uma média de apenas 2 mm de precipitação por ano. Em alguns anos, algumas partes não recebem uma gota de chuva sequer. Mas, como se fosse uma miragem, é possível avistar animais correndo pelo deserto, como órix, gazelas, guepardos, hienas, avestruzes e zebras, que se adaptaram para sobreviver nessas condições adversas. Os avestruzes aumentam a temperatura do corpo para reduzir a perda de água; as zebras das Montanhas de Hartmann são escaladoras ágeis que se adaptaram ao terreno acidentado do deserto; e o órix é capaz de sobreviver por semanas sem beber água, ao se alimentar de vegetais ricos em água, como raízes e tubérculos. ‘A Porta do Inferno’ Com pelo menos 55 milhões de anos, o deserto da Namíbia é considerado o mais antigo do mundo BBC Uma das áreas mais perigosas do inóspito deserto da Namíbia é uma extensão de 500 km de dunas de areia ao longo do Atlântico, conhecida como Costa dos Esqueletos. A área, que se estende do sul da Angola ao centro da Namíbia, recebeu esse nome por causa das diversas carcaças de baleias espalhadas por suas margens – e dos quase 1 mil naufrágios que aconteceram na sua costa ao longo dos séculos. A Costa dos Esqueletos costuma estar coberta por uma névoa densa, criada pela ressurgência da corrente fria de Benguela, no Oceano Atlântico, que se choca com o ar quente do interior do deserto. Esses nevoeiros atrapalham a visibilidade das embarcações, se tornando uma ameaça para a navegação. Não é à toa que o povo San costumava se referir à região como "a terra que Deus criou com raiva". Enquanto navegava pela costa oeste da África, o célebre explorador português Diogo Cão parou brevemente na Costa dos Esqueletos em 1486. Depois que ele e seus homens ergueram uma cruz gravada com o brasão de armas português, as ameaçadoras dunas de areia e o clima inóspito fizeram com que voltassem rapidamente para o mar – mas não antes de chamar a região de "Porta do Inferno". Dunas espetaculares Hoje, os turistas vêm ao deserto da Namíbia para ver as espetaculares dunas cor de laranja em torno do Sossusvlei, uma espécie de bacia de sal e argila no centro do Parque Nacional Namib-Naukluft – o terceiro maior parque nacional da África, com quase 50.000 km². Embora as dunas de areia sejam uma característica onipresente em todo o deserto, as que estão em volta do Sossusvlei possuem uma tonalidade de laranja particularmente profundo. A cor é, na verdade, ferrugem – um indício do processo de oxidação resultante da alta concentração de ferro nas areias. As dunas localizadas nesta região também estão entre as mais altas do mundo. Muitas têm mais de 200m de altura, enquanto a chamada "Duna 7", situada ao norte de Sossusvlei, chega a quase 400m. Deserto pontilhado Um dos grandes mistérios do deserto da Namíbia é um fenômeno geomórfico conhecido como ‘círculos de fadas’ BBC Das muitas maravilhas do deserto da Namíbia, uma de suas características mais intrigantes – e maiores mistérios –, é um fenômeno geomórfico conhecido como "círculos de fadas" ou "anéis de fadas”. São trechos circulares de terra sem vegetação, cercados por uma única espécie de grama. Encontrados em todo o deserto, eles intrigam especialistas há décadas. Os anéis são melhor visualizados do ar, onde se pode observar a matriz de círculos que se espalha infinitamente pelas areias do deserto. Encontrados tanto nas planícies de cascalho quanto nas dunas, os anéis de fadas mantêm sua forma circular quase perfeita nos dois tipos de terreno. O tamanho dos círculos varia de 1,5m a 6m de diâmetro no centro do deserto, enquanto no noroeste da Namíbia, eles são aproximadamente quatro vezes maiores – e podem chegar a 25m de largura. Por anos, acreditou-se que os anéis de fadas existiam apenas na Namíbia, mas em 2014 formações semelhantes foram descobertas na Austrália Ocidental, quando a cientista ambiental Bronwyn Bell estava pesquisando a remota região de Pilbara. Intrigada com essas formações espetaculares, ela entrou em contato com o ecologista Stephan Getzin, especialista em "círculos de fadas", para compartilhar sua descoberta. Embora os anéis australianos se assemelhem aos encontrados na Namíbia, diferenças na composição do solo confundiram ainda mais os cientistas. Pegadas dos deuses? Embora a origem destas formações não seja clara, os círculos são velhos conhecidos da população local. O povo Himba acredita que eles são feitos por espíritos – ou melhor, são pegadas deixadas por seu deus, Mukuru. Para entender sua origem, matemáticos chegaram a tentar criar modelos para ver se os anéis se encaixavam em um padrão reconhecível. Mas Hein Schultz, proprietário do Rostock Ritz Desert Lodge, localizado nos arredores do Parque Nacional Namib-Naukluft, conta que alguns moradores atribuem esses círculos misteriosos a "ovnis (objetos voadores não identificados) ou fadas que dançam à noite". Diversas teorias Até hoje, não existe uma teoria universalmente aceita sobre a origem dos anéis. Mas, nos últimos anos, cientistas da Namíbia, Alemanha, Estados Unidos e outros países se juntaram para estudar o fenômeno na esperança de entendê-lo melhor. No Gobabeb-Namib Research Institute, um centro de pesquisa remoto localizado no coração do deserto, o entomologista Eugene Marais explica que as duas principais teorias são derivadas da escassez de água no deserto. Alguns estudos sugerem que os anéis são gerados por cupins, que criam esses círculos para coletar água e nutrientes do solo. Ao limpar a vegetação da terra, os cupins geram um espaço estéril no solo, o que permite que a chuva penetre mais profundamente na terra. E isso sugere que os cupins permanecem hidratados tomando água desses reservatórios subterrâneos durante o ano todo. Outra teoria é a da "auto-organização da vegetação", baseada na competição entre as gramíneas pela água escassa no solo, fazendo com que os círculos apareçam como uma espécie de reservatório a partir do qual podem extrair nutrientes e água. Mistério sem solução Após anos de seca, as gramíneas ao redor dos anéis de fadas podem acabar secando e (aparentemente) desaparecer. Mas, segundo Marais, a maravilha dessa paisagem é que, quando chove, "como um passe mágica", os círculos aparecem novamente. Segundo ele, as pesquisas sobre os “anéis de fada” do deserto da Namíbia geralmente se concentram em círculos de trechos isolados das planícies de cascalho ou das dunas de areia. Porém, para entender realmente essas formações, ele acredita que as pesquisas devem ser ampliadas para contemplar ambos os tipos de terrenos. Em última análise, Marais tem o pressentimento de que esses anéis enigmáticos são causadas por uma combinação de fatores. Mas que fatores são esses exatamente permanece um mistério.
- Publicado em Turismo
Governo federal reabre visitação em parques nacionais pelo país
Reabertura deve acontecer de forma 'gradual e monitorada' e mediante cumprimento dos protocolos de segurança sanitária. Mata Atlântica no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Patrícia Figueiredo/G1 O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) publicou uma portaria no Diário Oficial desta quarta-feira (26) autorizando a reabertura dos parques nacionais. A visitação aos parques havia sido suspensa em março, no início da crise provocada pela Covid-19 no Brasil. Desde então, alguns parques já haviam reaberto, como o Parque Nacional de Jericoacoara e o Parque Nacional do Itatiaia. Segundo o texto, a reabertura deve acontecer de forma "gradual e monitorada" e mediante cumprimento dos protocolos de segurança sanitária dos estados onde a unidade se encontra. A reabertura deverá respeitar as medidas de prevenção e a retomada das atividades de turismo e atrativos naturais estabelecidos pelos estados e municípios. Para as Unidades que detenham contrato de concessão de uso público, a reabertura da visitação deverá ser pactuada entre o Poder Concedente e a Concessionária. Boqueirão da Pedra Furada, local com mais de mil pinturas rupestres e de fácil acesso, no Parque Nacional da Serra da Capivara. Celso Tavares/G1 Medidas de prevenção A visitação pública será permitida desde que se cumpra uma série de normas estabelecidas pelo ICMBio. Será obrigatório o uso de máscara de proteção facial cobrindo a região do nariz e boca durante todo o período que o visitante estiver no interior da unidade de conservação. Além disso, as unidades deverão disponibilizar álcool gel 70%, estimular e priorizar a venda on-line de ingressos, permitir agendamentos para evitar filas e aglomerações, fazer marcações no piso para promover o distanciamento de 2 metros entre as pessoas, além da limpeza e desinfecção constantes dos ambientes, entre outras medidas. Nos lugares fechados como abrigos, auditórios, centro de visitantes, lojas de conveniência e souvenirs o número de visitantes deve ser reduzido para permitir o espaçamento mínimo de 2 metros entre as pessoas. O Brasil possui, atualmente, 73 parques nacionais administrados pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), uma autarquia vinculada ao Ministério do Meio Ambiente criada em 2007. Desses, 42 são abertos para a visitação do público. Os parques têm como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica. São áreas de pesquisa científica, desenvolvimento de educação ambiental e turismo ecológico.
- Publicado em Turismo
Ladrões invadem museu ninja no Japão e roubam cofre de 150 kg
Suspeitos passaram despercebidos pelas câmeras de segurança do local. O cofre continha os valores dos ingressos arrecadados no fim de semana. Apresentação com técnicas ninjas em museu japonês Divulgação/ Museu Iga-ryu Ninja Na calada da noite, ladrões invadiram um museu ninja no Japão e desapareceram com um cofre de 150 kg com o equivalente a mais de R$ 50 mil em ingressos. O Museu Iga-ryu Ninja, localizado na cidade de Iga, na província de Mie, é dedicado à história e às práticas ninja. Segundo autoridades locais, os ladrões utilizaram um pé de cabra para entrar no escritório do local, removido o cofre e saído do prédio no espaço de três minutos. Segundo jornais locais, o cofre continha os valores dos ingressos coletadas no fim de semana, quando o museu e as atrações ninjas ao redor atraíram mais de 1.000 visitantes. Em entrevista ao canal CNN, um funcionário informou que as câmeras de segurança do museu mostraram um carro parando no prédio na noite do roubo e um homem saindo do banco do passageiro. Ele caminhou em direção à câmera da entrada e a inclinou para baixo, de modo que apenas filmasse o chão pelo resto da noite. A casa ninja tradicional é famosa por oferecer experiências interativas para os visitantes, permitindo que eles aprendam sobre as habilidades dos guerreiros antigos. A cidade onde o museu é localizado, se tornou um centro de entretenimento e turismo ninja. Todos os anos, Iga realiza um festival em homenagem ao tema que atrai milhares de participantes com apresentações tradicionais e sessões de treinamentos da arte marcial. Vídeos mais vistos no G1
- Publicado em Turismo
Hotéis adaptam quartos para quem quer fazer home office com mais tranquilidade
Alternativa para driblar a crise causada pela Covid-19, disponibiliza estrutura de escritório em um quarto de hotel. Hotéis adaptam quartos para quem quer fazer home office com mais tranquilidade
Hotéis no Rio de Janeiro transformaram quartos em escritórios como alternativas para lidar com a crise causada pela pandemia no Brasil.
Os chamados “room offices” possuem toda a estrutura de um escritório para atender clientes que buscam por mais tranquilidade durante o home office.
“Nossas ocupações caíram de 80% para apenas 1%. Como alternativa desenvolvemos um andar com quartos adaptados para escritório e hoje temos uma movimentação que gera uma receita que não estávamos esperando”, afirma Jorge Chaves, diretor de operações de uma rede de hotéis.
No estado do Rio, o setor hoteleiro teve prejuízo de cerca de R$ 850 milhões. No início da pandemia a taxa de ocupação caiu para 5%. Hoje, com a reabertura de alguns pontos turísticos e as alternativas de atendimento encontradas pelo setor, a taxa de ocupação chegou a 38%.
- Publicado em Turismo
Airbnb proíbe festas em todos os alojamentos de sua plataforma
Plataforma informou que vai limitar a capacidade das hospedagens para receber no máximo 16 pessoas. Empresa informou que 73% das acomodações oferecidas no local já proibiam a realização de qualquer evento. Reprodução/Airbnb A plataforma de aluguel de hospedagem entre pessoas físicas Airbnb anunciou nesta quinta-feira (20) que vai proibir a organização de festas ou eventos em casas oferecidas em seu site e que vai limitar a capacidade a um máximo de 16 pessoas. Essa proibição se aplica a todas as reservas feitas a partir dessa quinta (20) até um novo aviso, segundo a empresa. Com a pandemia de Covid-19, "alguns optaram por transferir o que faziam em bares ou discotecas para casas, às vezes alugadas por meio de nossa plataforma", explicou o Airbnb. "Acreditamos que tal conduta é incrivelmente irresponsável, não queremos nos envolver nela e quem faz ou autoriza essa conduta não tem lugar em nossa plataforma", acrescentou a empresa. Embora os anfitriões até agora pudessem permitir a organização de festas em sua casa, 73% das acomodações oferecidas no local já proibiam a realização de qualquer evento.
- Publicado em Turismo
Três Lagoas terá voo direto para SP a partir de setembro, um importante incremento para o Turismo de Negócios da região
Campo Grande (MS) – A partir de 6 de setembro, a cidade de Três Lagoas terá um voo direto para o aeroporto de Congonhas, em São Paulo. A ação faz parte das estratégias da FundturMS para a retomada do turismo, que já contribuiu para a volta de 94% da malha aérea em Mato Grosso do […]
- Publicado em Turismo
Na Itália o coronavírus viaja com as pessoas de férias
Autoridades locais informaram que cerca de 5% a 40% dos casos foram importados por cidadãos que retornavam de viagem ou por estrangeiros que residem na Itália. imprensa italiana divulga os relatos vários jovens infectados durante as férias. Alberto PIZZOLI / AFP Na Itália, as praias e festas em discotecas viraram sinônimos de infecção de Covid-19 para muitas pessoas de férias, uma situação que preocupa as autoridades. Sem atingir os níveis da Espanha ou França, o país observa o retorno do novo coronavírus, provocado em parte pela volta de pessoas infectadas dos locais em que passaram férias, tanto na Itália como no exterior. "Na comparação com os meses sombrios de março e abril, quando a epidemia estava concentrada no norte, na Lombardia, agora está propagada por todo o país com centenas de focos (…) O fenômeno está parcialmente relacionado às pessoas de férias", disse o presidente do Conselho Superior de Saúde, Franco Locatelli. "De acordo com as regiões, de 25% a 40% dos casos foram importados por cidadãos que retornavam de viagem ou por estrangeiros que residem na Itália", explicou. A imprensa italiana divulga os relatos vários jovens infectados durante as férias. "Tenho Covid-19, peguei na Costa Esmeralda, na Sardenha", declarou Luca, romano de 20 anos, ao jornal La Stampa. Os jovens de famílias ricas adoram a costa entre Porto Cervo e Porto Rotondo, onde o político e empresário milionário Silvio Berlusconi tem uma gigantesca mansão. As férias do sonho de Luca foram bruscamente interrompidas em 11 de agosto, quando recebeu um SMS de duas amigas: "Testamos positivo". Itália volta a fechar discotecas porque número de casos de Covid-19 está subindo no país "Eu me isolei, comuniquei a agência de saúde local. Não quero infectar meus amigos nem a minha família", explica. Baleares e Mykonos A mensagem provocou pânico no grupo de amigos de Luca, todos moradores de Roma. As duas amigas não sabem onde foram infectadas. "Estivemos em Ibiza (Espanha) e depois seguimos para a Sardenha. Quando voltamos para casa (Roma) em 11 de agosto, algumas amigas que estiveram conosco em Ibiza informaram que testaram positivo". De acordo com uma investigação do Serviço de Saúde, o vírus foi importado na Sardenha por um grupo de turistas romanos procedentes das Baleares (Espanha) e de Mykonos (Grécia). Muitos deles ficaram assintomáticos e podem ter infectado ainda mais pessoas. Uma festa em particular está no olho do furacão. Mais de 500 jovens se reuniram em uma discoteca de Porto Rotondo para um evento com a presença de um DJ de Roma. "O grande problema é que não sabemos quantas pessoas tiveram contato com os que estiveram na festa de 9 de agosto", afirmaram Roberto e Melania Rossi, dois turistas em Porto Rotondo entrevistados pelo jornal La Stampa. A região da Sardenha anunciou na segunda-feira (17) um plano para rastrear e encontrar todas as pessoas que compareceram à famosa festa. Um trabalho difícil, pois esta região do noroeste do país tem um aeroporto internacional e está entre os pontos da Europa com o maior número de voos privados. A Sardenha não é a única região afetada por contágios importados. Na província de Como, na Lombardia (norte), as autoridades de saúde registraram nove casos positivos entre jovens de 18 a 21 anos. Alguns deles retornaram de uma viagem à Croácia. De acordo com o balanço mais recente do ministério da Saúde, a idade média dos novos casos passou de 68 a 39 anos. O número de testes positivos entre os menores de 19 anos multiplicou por 10. A Itália anunciou no domingo (16) o fechamento de todas as discotecas e obrigação de usar máscara em locais públicos muito frequentados entre 18h e 6h.
- Publicado em Turismo
Brasileira é 1ª pessoa a rever Monalisa após reabertura do Louvre na era Covid
Museu reabriu em julho. Brasileira estava entre o primeiro grupo a visitar o local. Visitantes usando máscaras tiram fotos em frente à Mona Lisa, obra-prima de Leonardo da Vinci, no Museu do Louvre em Paris. Francois Guillot / AFP A primeira visita que Lisa Gherardini, a famosa pintura “Monalisa” teve, depois de quase quatro meses trancada em quarentena no Museu do Louvre, fechado por causa da pandemia, foi a de uma jovem brasileira. Juliana Coelho, 27, bolsista na área de Música, em Nice, no sul da França, preparou esta visita com antecedência, mas não sabia que seria a primeira pessoa a ficar cara-a-cara, e sozinha, com a musa de Leonardo da Vinci. Uma verdadeira proeza celebrada com a família e amigos no Brasil. Em entrevista à RFI, já no Brasil, para onde regressou ao fim de sua bolsa de estudos, Juliana Coelho conta que foi pega de surpresa pela pandemia ao chegar em Nice, na famosa região da Côte d'Azur. "Passei um semestre lá e logo veio o confinamento. Não consegui viajar para lugar nenhum, fiquei só em Nice. Com a flexibilização, tive vontade de ir a Paris, que não conhecia, era a minha primeira vez na Europa”, explica. A estudante conta que notou que os museus estavam sendo reabertos, assim como a Biblioteca Nacional da França, onde desejava fazer uma pesquisa. “Eu poderia ter ido conhecer Paris em junho, mas decidi adiar por causa da insegurança, ninguém sabia direito ainda o que ia acontecer. Decidi então marcar para o começo de julho, para pegar a reabertura do Louvre, no dia 6. Quando a bilheteria do museu reabriu, entrei correndo no site e comprei meu ingresso para o dia da reabertura, no primeiro horário”, lembra. Museu do Louvre reabre após quase quatro meses "Cheguei uns 20 minutos antes, o museu estava cheio de repórteres, com umas 30 pessoas na minha frente, na fila. Na hora de entrar, peguei uma escada para tentar achar o andar em que estava a Monalisa [Pavilhão Denon, dentro do Louvre] e pensei que deveria ir lá primeiro, para pegar mais vazio, antes de fazer o resto do museu”, descreve a musicista. Normalmente, ver a Monalisa no Museu do Louvre é quase uma missão impossível dada a multidão de turistas enfurecidos de todas as nacionalidades que se aglomeram em frente ao quadro, com câmeras e celulares de todos os tipos, todos os dias da semana, a qualquer hora do dia. Juliana Coelho conta que deu de cara na porta da sala onde está exposta a famosa musa de Da Vinci. “Não tinha ninguém ainda, só os seguranças. Era o setor das pinturas italianas. Fui a primeira a ver a Monalisa, fiquei um tempo sozinha com ela na sala. Uma agente de segurança me interpelou na saída e disse ‘Parabéns, você foi a primeira pessoa a reencontrá-la’”, lembra. "Por alguns segundos a Monalisa foi só minha. Quem imaginaria que eu veria a Monalisa sem ninguém na frente?", comemora. “Até me lembrei que, há dez anos, dei uma entrevista para [o canal francês] TV5, para o programa ‘Sept jours sur la planète (Sete dias no planeta, em português)’, e nessa entrevista disse para eles que meu sonho era conhecer o Louvre”, disse. "O quadro fica muito longe da gente. A gente acaba aproveitando mais as outras obras da sala, que podemos ver de perto. Mas é sem dúvida uma emoção, é um símbolo", enfatiza a estudante, que decidiu tirar uma selfie na hora, antes que o resto dos visitantes descobrissem a sala. “Minha mãe ficou super emocionada e as amigas que já tinham ido ao Louvre me disseram que eu tive um privilégio sem tamanho”, disse. A volta para o Brasil foi “difícil” por “vários motivos”. “Primeiro por causa dessa coisa da pandemia, porque na França já estávamos num estágio muito melhor, com mais segurança em relação ao vírus, mais liberdade. Mas também tem as questões do país, o Brasil está muito retrógrado, e isso também dificulta a vida”, avalia Coelho. "Gostaria de destacar a importância desses programas de intercâmbio como o que participei, em nível de pós-graduação ou graduação. Indo para outro país é que temos noção das diferenças culturais e das belezas de nosso próprio país, na hora de levar o nosso para outros países, valorizando o Brasil no mundo. Também para ver onde o Brasil se encontra nestas diferenças, e para poder colaborar com um país mais livre”, analisa Juliana. "Tive contato na França com gente do mundo inteiro, da Ásia, da África, da Europa inteira. Quando a gente vem para o Brasil, é bem diferente do que a imagem que o brasileiro constrói de si”, diz.
- Publicado em Turismo
Com poucos turistas, Disneylândia Paris fecha um hotel e prolonga seguro-desemprego de funcionários
O parque que, nos dias mais cheios de um ano normal, chega a receber 80 mil visitantes diários, tem recebido em média 15 mil visitantes por dia no último mês. Visitantes da Disney de Paris, na França, usam máscara na reabertura dos parques. Charles Platiau/Reuters Pouco mais de um mês após a reabertura dos parques da Disneylandia Paris, a presidente do grupo Euro Disney anunciou que um dos três hotéis que voltaram a receber visitantes fechará suas portas em setembro. Outros quatro hotéis do parque europeu seguem parados desde março. A volta dos turistas no verão europeu não foi suficiente para que a gigante do entretenimento tenha trabalho para todos seus mais de 14 mil funcionários. O parque que, nos dias mais cheios de um ano normal, chega a receber 80 mil visitantes diários, tem tido uma média de 15 mil visitantes por dia no último mês. Com o fim do período de férias na Europa, o fluxo deve cair ainda mais. Na terça-feira (18), Natasha Rafalsky, presidente do grupo Euro Disney, anunciou que o Hotel Cheyenne, um dos três que foram reabertos desde julho, fecha suas portas no final de setembro para só reabrir em março de 2021. Com isso, cinco dos sete hotéis da Disneylandia Paris estarão fechados nos próximos meses. Diversos restaurantes e lojas nos dois parques do grupo na França mantém ainda suas atividades suspensas até o final do ano, de acordo com os sindicatos. No comunicado feito aos funcionários, Rafalsky diz que o grupo estuda formas de preservar os empregos fixos, "garantindo a viabilidade a longo prazo do nosso negócio". A presidente não descarta a possibilidade de manter trabalhadores afastados, recebendo seguro-desemprego, até o início de 2021. A empresa não informa o número de funcionários nesta situação. À RFI Brasil, a Disneylandia Paris confirmou que oferece a 40 % dos trabalhadores dos hotéis parados a possibilidade de voltar ao trabalho em outras vagas, como postos em atrações do parque ou mesmo no call-center. No entanto, não informou o número de assalariados que estão afastados. Abertura com capacidade restrita e pouco fluxo A Disneylandia Paris reabriu seus dois parques na metade de julho para aproveitar as férias de verão. Com novas regras sanitárias por conta do coronavírus, o parque implantou mais de 2 mil distribuidores de álcool gel, obrigatoriedade de máscara acima dos 11 anos e reduziu sua capacidade de atendimento para 25 mil visitantes por dia. Em julho, voltaram ao funcionamento três dos sete hotéis: Disney’s Newport Bay Club, Hotel Santa Fé e Hotel Cheyenne. Para deixar para trás os quatro meses fechados e voltar ao ambiente de magia prometido ao público, os parques relançaram espetáculos bem-sucedidos no passado, como o Rei Leão e os ritmos da Terra. No entanto, os turistas não chegaram na quantidade esperada. E com um público mais fraco e diante da redução de circulação nos países europeus por conta do aumento de casos de Covid-19, os planos de reabertura de restaurantes, lojas e hotéis teve de ser alterado. Renda reduzida e indefinição Diante desse cenário, os empregados da Disneylandia Paris vivem entre o medo de perder o emprego e a expectativa de poder voltar ao trabalho a qualquer momento. Desde o início da pandemia de Covid-19, a França implementou um programa de seguro-desemprego em que o governo paga parcialmente o salário dos funcionários das empresas paradas por conta do surto. O grupo Euro Disney lançou mão do plano ainda em abril e, desde então, mantém parte de seus trabalhadores no seguro-desemprego. Atualmente, os funcionários nessa situação são uma minoria, afirma a empresa. Mariana Ribeiro, 28, é garçonete na Disneylandia Paris há cerca de dois anos e está no seguro-desemprego desde abril. "A gente não tem previsão de voltar a trabalhar", diz. Os funcionários no seguro-desemprego recebem 84 % de sua renda líquida. Além da redução do salário, a brasileira perdeu o valor das gorjetas, ao menos € 400 por mês (mais de R$ 2.500). Com um bebê em casa, a garçonete mantém o emprego de uma babá enquanto aguarda ser chamada para voltar a trabalhar. "Eles não dão certeza de nada, é muito complicado. Até semana passada, eu ia voltar a trabalhar em 7 de setembro e precisava manter a babá. Mas as informações vem pouco a pouco, fica difícil planejar qualquer coisa." Até o momento, a empresa não tem em vistas um plano de demissão, segundo os responsáveis sindicais. No início de setembro, a Disneylandia Paris e os sindicatos devem voltar à mesa de negociação para renegociar o plano de prorrogação do seguro-desemprego.
- Publicado em Turismo
Na Fontana di Trevi, as selfies são para os turistas mais importantes que as máscaras
Polícia italiana tem sérias dificuldades para impor o uso de máscaras aos visitantes que querem tirar selfies turistas Vincenzo Pinto/ AFP "Tirem-na!, Tirem-na!". Imediatamente depois que o policial se vira, um pai de família diz aos seus filhos que tirem suas máscaras. Na Fontana di Trevi, a prioridade dos turistas não é se proteger do novo coronavírus, mas sim tirar boas fotos. Em frente a esse imponente monumento barroco, um dos locais mais turísticos em Roma, a polícia italiana tem sérias dificuldades para impor o uso de máscaras aos visitantes que querem tirar selfies. Desde segunda-feira (17), o uso de máscaras é obrigatório à noite nas áreas mais movimentadas da capital italiana. Com a medida, juntamente com o fechamento de boates, as autoridades esperam deter uma nova onda de casos da Covid-19 em um momento em que os surtos se multiplicam por vários países europeus. "Veem ela? Eu imaginei que fosse menor", afirma aos colegas um adolescente, vestido com uma camisa de um time de futebol, diante do monumental complexo de esculturas esculpido em travertino e mármore de Carrara. Alguns policiais municipais fazem questão de lembrar: "Pessoal, vocês devem colocar as máscaras depois das 18h!". Assim que começa o crepúsculo, chega-se a um dos momentos do dia com a maior presença de visitantes no centro da capital italiana, com turistas que enchem as vielas usando suas bermudas, óculos escuros, enquanto degustam um "gelato". "Vou fazer um pedido, vou jogar uma moeda (na fonte)", diz uma menina espanhola, usando uma camiseta rosa, ao lado da mãe. "Mamacitaaaa" Um mendigo com pés deformados em decorrência da poliomielite pede esmolas e batedores de carteira se aglomeram na multidão, ao mesmo tempo em que os turistas preparam seus celulares para imortalizar sua visita ao monumento que tornou mundialmente famoso o filme "La dolce vita", de Federico Fellini. "Mamacitaaaa!", grita uma família latino-americana enquanto posam para uma foto. Italianos, ingleses, franceses e até mesmo alguns indianos e chineses, todos posam de frente para a tela dos seus telefones ou câmeras. A estátua de Netuno, deus do oceano, concentra o olhar dos curiosos, no centro de um monumento construído em 1732 pelo Papa Clemente XII em homenagem ao oceano e a beleza das águas. No entanto, três séculos depois, seus visitantes têm como objetivo principal tirar uma selfie e postá-la em suas contas do Instagram, Snapchat ou TikTok, e por isso ignoram o uso da máscara, que pode estragar o registro do momento. Nesse cenário, os policiais insistem em seu dever: "Senhoras e senhores, coloquem a máscara", afirmam os agentes, responsáveis por constantemente alertá-los, com placas com a mensagem traduzida para os estrangeiros, em relação ao respeito necessário às medidas adotadas para impedir o pandemia. Eles repetem a mesma mensagem a partir do alto-falante de um veículo policial, ainda que a maioria dos turistas os ignore e retirem as máscaras para tirar fotos quando os policiais param de fiscalizar. "Vamos lá, tirem as máscaras", repete um pai, embora seu filho estivesse confuso com a ordem. "Fui chamado atenção por um policial", brinca um jovem francês, enquanto outro visitante espanhol reconhece o que a maioria dos turistas pensa ao estar em frente à Fontana de Trevi:"É muito melhor se fotografar sem máscara".
- Publicado em Turismo