Por outro lado, empresas de biocombustíveis e milho relutam em unir forças, não apenas pela longa rivalidade com as refinarias, mas também porque não querem se opor publicamente às políticas para energia do novo presidente dos EUA. O presidente dos EUA, Joe Biden, anuncia série de ações ambientais de seu governo, na quarta-feira (27) AP Photo/Evan Vucci A indústria de petróleo dos Estados Unidos está tentando construir uma aliança com os produtores de milho e biocombustíveis do país para trabalhar contra o esforço do governo Biden por veículos elétricos, mas até o momento enfrenta uma recepção fria das partes, indicaram fontes familiarizadas com as discussões. Especialistas dizem como o novo governo Biden pode impactar o agronegócio brasileiro O movimento marca uma tentativa incomum da indústria do petróleo de se aproximar de seus rivais de longa data, refletindo o tamanho da preocupação do setor com as medidas abrangentes do presidente Joe Biden para combater as mudanças climáticas e conter o consumo de combustíveis fósseis. Embora a indústria petrolífera e os produtores de biocombustíveis sejam concorrentes naturais por espaço nos tanques de combustível do país, ambos compartilham o desejo de garantir um futuro para os motores a combustão. O esforço também reflete a rápida mudança no panorama político em Washington: a outrora poderosa influência da indústria do petróleo diminuiu desde que Biden substituiu Donald Trump na presidência, mas o cinturão agrícola ainda constituiu um eleitorado vital e poderoso. O American Fuel and Petrochemical Manufacturers (AFPM), grupo comercial de refino de petróleo, confirmou que esteve em contato com representantes estaduais e nacionais das indústrias de milho e biocombustíveis nas últimas semanas, visando angariar apoio a uma política que reduziria a intensidade de carbono de combustíveis para transporte e bloquearia os esforços para concessão de subsídios federais aos veículos elétricos. Essa proposta seria uma alternativa à declarada meta de Biden de eletrificar a frota de veículos do país, garantindo um mercado contínuo para combustíveis líquidos, como gasolina e etanol de milho. De onde vem: cana-de-açúcar é matéria-prima que gera energia elétrica para 12 milhões de residências do país O AFPM se reuniu em meados de janeiro com alguns lobistas das indústrias de milho e biocombustíveis, e algumas refinarias que fazem parte do grupo esperam sediar uma nova reunião em fevereiro, para discutir o futuro dos combustíveis líquidos. "Toda essa ideia levaria muito tempo para ser consolidada, mas fizemos alguns progressos", disse Derrick Morgan, vice-presidente sênior do AFPM. Geoff Cooper, chefe da Associação de Combustíveis Renováveis (RFA, na sigla em inglês), um importante grupo comercial da indústria de biocombustíveis, confirmou que os representantes da RFA foram convidados a participar da reunião de fevereiro, mas disse que sua organização ainda não decidiu se marcará presença. "Não nascemos ontem e não vamos deixar a indústria do petróleo nos enganar", disse ele. "Eles têm uma longa história de empurrar uma aproximação nos microfones para fazer o trabalho sujo, e não estamos interessados nisso." A Associação Nacional dos Produtores de Milho (NCGA, na sigla em inglês) também está avaliando se deve enviar uma equipe para a reunião de fevereiro, segundo duas fontes familiarizadas com o assunto. Mas o CEO da NCGA, Jon Doggett, disse à Reuters que nenhum encontro do gênero foi marcado, distanciando seu grupo da ideia de uma aliança entre petróleo e milho. "Não tenho nada a ver com os grupos de refino. Nós não conversamos", afirmou. Fontes disseram que as indústrias de biocombustíveis e milho estão relutantes em unir forças ao setor petrolífero no assunto –não apenas por causa de sua longa rivalidade com as refinarias, mas também porque não desejam se opor publicamente às políticas para energia do novo presidente. VÍDEOS: veja mais notícias de agronegócios