Resultado se deve a movimento de investidores de procura por aplicações mais seguras em meio à pandemia, além de remessa de recursos para pagamento de dívidas. A retirada de dólares da economia brasileira superou o ingresso em US$ 27,923 bilhões em 2020, informou o Banco Central nesta quarta-feira (6). Foi a segunda maior retirada de recursos da economia brasileira, atrás apenas do resultado registrado em 2019, quando US$ 44,768 bilhões deixaram o país. Segundo analistas, resultado se deve ao movimento de investidores de procura por aplicações mais seguras em meio à pandemia, além de declarações de autoridades da área econômica, que estimularam a alta do dólar, e à remessas de recursos por brasileiros ao exterior para pagamento de dívidas (leia mais abaixo). A entrada de dólares se dá quando investidores enviam dinheiro ao Brasil para pagar por compra de produtos brasileiros ou para realizar aplicações financeiras e investimentos em empresas, por exemplo. O dólar sai quando esses investidores retiram recursos do Brasil para, normalmente, aplicar em outros países, ou para pagar pelas importações realizadas. Essas operações ocorrem por meio de remessas feitas por bancos contratados por esses investidores. Dólar dispara Apesar da saída menor de recursos do país, o dólar apresentou uma forte alta em 2020 por conta das tensões relacionadas com a pandemia do novo coronavírus e com as incertezas sobre as contas públicas. No ano passado, a moeda norte-americana avançou 29%. Em 2019, havia subido 3,5%. Variação do dólar em 2020 Economia G1 De acordo com o economista Sidnei Nehme, da corretora NGO, o dólar subiu no começo do ano passado mais em função da política de governo, visando a entrada de recursos no país para promover privatizações e estimular o crescimento econômico. "O dogma do Guedes, juro baixo e câmbio alto, visava atrair investimentos. O dólar, então, disparou", disse ele, se referindo ao ministro da Economia, Paulo Guedes. Além disso, segundo Nehme, também houve uma retirada de recursos do país por empresas brasileiras, que buscaram pagar dívidas contraídas no exterior, trocando-as por débitos no país. Por fim, as tensões da pandemia do novo coronavírus, e a crise nas contas públicas (devido à forte alta do endividamento), sustentaram a moeda norte-americana em um patamar elevado, afirmou o economista. "Com a pandemia, veio um pouco de movimento especulativo", disse Nehme. Ele aponta que o Banco Central precisou fazer leilões de venda de moeda, ou de contratos no mercado futuro, para conter a moeda. "Mas aí já tínhamos um clima politico mais tenso, com incertezas, que deram sustentação ao dólar", concluiu Nehme. Comportamento dos investidores Segundo dados do Banco Central, houve uma saída de US$ 35 bilhões do país, de aplicações financeiras, entre fevereiro e maio do ano passado, por conta da pandemia do novo coronavírus. De junho em diante, porém, houve ingresso de recursos para aplicações em ações e fundos de investimentos, além de títulos de renda fixa, no valor de cerca de US$ 25 bilhões. Deste modo, as retiradas, até novembro, não foram totalmente recompostas. Ao mesmo tempo, houve um ingresso menor de recursos no país para investimentos produtivos em 2020. Os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira, de janeiro a novembro, somaram US$ 33,428 bilhões, contra US$ 66,350 bilhões no mesmo período de 2019. Por outro lado, o comportamento da balança comercial contribuiu na direção oposta, para uma entrada de recursos no país. No ano passado, o superávit da balança comercial (exportações menos importações) somou US$ 50,995 bilhões, contra US$ 48,036 bilhões no ano anterior. Vídeos: assista às últimas notícias de economia