Presidente dos EUA afirmou nesta terça que texto aprovado pelo Congresso é uma 'vergonha', e exigiu que haja emendas ao texto. Ele criticou a inclusão de ajuda financeira às pessoas que estão em situação irregular e a outros países. Trump se recusa a assinar pacote de ajuda bilionário contra impacto da Covid-19
O presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, se negou a assinar nesta terça-feira (22) a lei que implementa um pacote de alívio econômico de US$ 900 bilhões, contra os impactos da crise provocada pela pandemia do coronavírus.
Trump afirmou que a legislação é uma 'vergonha', e exigiu que sejam feitas emendas ao texto aprovado pelo Congresso americano, na madrugada de terça.
"Realmente é uma vergonha", disse o presidente. Ele criticou a inclusão de ajuda financeira às pessoas que estão em situação irregular no país, e provisões para ajudar outras nações.
"Pedirei ao Congresso que elimine imediatamente os itens inúteis e desnecessários dessa legislação e apenas me envie um projeto de lei adequado", destacou.
O projeto faz parte de um pacote mais amplo, que inclui o orçamento do próximo ano, motivo pelo qual inclui verbas para a cultura e a ajuda a outros países.
O presidente também pediu que se aumente a ajuda às pessoas mais necessitadas estipulada em 600 dólares. Sobre a última questão, Trump pediu que o valor da ajuda passe para US$ 2.000 ou US$ 4.000 para um casal.
O plano de alívio, considerado essencial para a maior potência mundial, foi aprovado após meses de negociações árduas e a poucos dias do fim dos subsídios a muitos desempregados, no momento em que a covid-19 avança sem controle pelo país, ameaçando a recuperação econômica. Mas não pode entrar em vigor sem a assinatura do presidente.
Reações
A presidente da Câmara de Representantes, a democrata Nancy Pelosi, reagiu no Twitter: "Os republicanos se negaram repetidamente a dizer o valor que o presidente desejava para os cheques diretos. Finalmente, o presidente concorda com 2.000 dólares. Os democratas estão prontos para levar isto à mesa esta semana e aprovar por consenso. Vamos a fazer".
E o senador republicano Lindsey Graham disse que, apesar do plano ser "imperfeito", é necessário que entre em vigor. "Quanto antes, melhor", escreveu no Twitter.
Senado dos EUA aprova pacote bilionário para aliviar os efeitos da pandemia no país
Pacote aprovado no Congresso
Além de pagamentos diretos à população vulnerável, o pacote traz auxílios a pequenos empresários e destinação de fundos para a distribuição de vacinas contra a Covid-19.
O pacote é bem menor que o primeiro, de US$ 2,2 trilhões, aprovado em março, mas era esperado com ansiedade pelo mercado financeiro. Os agentes contavam com novas medidas de incentivo à economia depois de uma desaceleração da retomada nos últimos meses.
Os EUA passam por uma forte onda de contágios e assistem novamente ao fechamento de comércios nos estados mais críticos. No dia 14, os EUA chegaram a 300 mil mortes pela doença.
Democratas e republicanos negociam os novos estímulos há meses, mas os partidos anunciaram neste domingo que haviam chegado a um acordo. A divisão dos auxílios ficou da seguinte forma:
Pequenas empresas: US$ 325 bilhões
Pagamentos diretos para a população: US$ 166 bilhões
Auxílio a desempregados: US$ 120 bilhões
Suporte às escolas: US$ 82 bilhões
Distribuição de vacinas e programa de testes: US$ 69 bilhões
Auxílio para aluguéis: US$ 25 bilhões
Outros: US$ 100 bilhões
Veja detalhes dos pontos mais relevantes abaixo.
Congresso dos EUA chega acordo para novo pacote de estímulos econômicos
Pequenas empresas
As pequenas empresas terão apoio de uma das principais medidas do pacote, que destina US$ 284 bilhões para os "empréstimos perdoáveis" dentro do Programa de Proteção aos Salários (Paycheck Protection Program), que deu resgate aos negócios durante a pandemia.
O chamado PPP concede empréstimos que podem ser perdoados se o dinheiro for usado para despesas como a folha de pagamento, aluguel e outros gastos primordiais. O novo aporte amplia a elegibilidade do programa para TVs e rádios locais.
Fora da rubrica de pequenas empresas, mas no ambiente de negócios, o plano também inclui ajuda de cerca de US$ 15 bilhões companhias aéreas, um dos setores mais prejudicados pela pandemia.
Pagamentos diretos e aluguéis
Foi aprovada uma nova rodada de pagamentos diretos para população, como reforço de renda. É a segunda parcela desde o início da pandemia, mas houve alteração de valores.
Desta vez, a parcela será de US$ 600 para cada adulto e mais US$ 600 para dependentes abaixo dos 17 anos. A quantia é menor do que a primeira rodada, que pagava US$ 1,2 mil por adulto e US$ 500 por dependente.
São elegíveis para o programa em sua totalidade quem teve rendimento em 2019 de até US$ 75 mil no ano para indivíduos solo, de US$ 112,5 mil para chefes de família ou US$ 150 mil para casal. A partir dessa quantia, há reduções proporcionais nos repasses.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, disse nesta segunda que os depósitos começarão a ser feitos do início da próxima semana. A medida deve impulsionar o consumo das famílias e dar ânimo ao crescimento do país.
Outros US$ 25 bilhões serão destinados a apoio aos inquilinos que estão com dificuldades no pagamento de aluguéis. Será estendido também até o fim de janeiro a lei que proíbe despejos de quem deixou de pagar por habitação.
Congresso dos EUA chega a acordo para novo plano de ajuda econômica
Auxílio a desempregados
Será pago um auxílio extra a desempregados, mesmo os que não são elegíveis para o seguro-desemprego tradicional. O valor será de US$ 300 por semana, também menor que a primeira rodada (US$ 600).
Trabalhadores autônomos, que também não se enquadrariam nos critérios para seguro-desemprego, ganham ainda um adicional de US$ 100 por semana.
Um outro adendo também amplia o prazo para 50 semanas para que desempregados recebam auxílios de apoio a desempregados.
Vacinas e testes contra a Covid-19
O principal aporte do programa vai para os estados americanos formatarem programas de testagem e rastreamento de contatos para o combate ao coronavírus. São US$ 22 bilhões destinados exclusivamente para isso.
Os estados recebem outra porção dos recursos para a logística de distribuição de vacinas, ao lado de agências federais, como o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
VÍDEOS: Últimas notícias de Economia