'Jimmy Page no Brasil', de Leandro Souto Maior, reconta histórias brasileiras do guitarrista do Led Zeppelin. Livro tem fotos e entrevistas com fãs e amigos que receberam o músico por aqui. Em 1996, Jimmy Page toca com Luciano Silva, saxofonista de Margareth Menezes, em Lençóis (BA). Músico é pai da enteada de Page Divulgação/Calil Neto/Livro 'Jimmy Page no Brasil' Fã de Led Zeppelin, o jornalista e músico Leandro Souto Maior leu vários livros sobre a banda inglesa, mas não encontrou nada sobre a relação dela com o Brasil. Só que a conexão do Led com o Brasil é antiga, principalmente a do guitarrista Jimmy Page. Tem tanto assunto que daria um livro e Leandro resolveu escrevê-lo. Lançado em edição bilíngue (português e inglês), "Jimmy Page no Brasil" mostra com fotos e relatos as temporadas do rockstar na Bahia e no Rio. O site do projeto tem mais detalhes sobre o livro. Jimmy Page com Paulo Ricardo em um hotel no Rio, em 1996 Cristiano Granato/Livro 'Jimmy Page no Brasil' G1 – Por que lançar um livro sobre Jimmy Page no Brasil? Quando surgiu a ideia? Leandro Souto Maior – A ideia surgiu em um papo informal há uns cinco ou seis anos, com o Luiz Claudio Rocha, o Lula Zeppeliano, presidente do Zeppeliano Fã-Clube. Ele estava me contando das vezes que o Jimmy Page veio ao Brasil, e que ele estava presente em quase todas. Ele tem muitas fotos cedidas ao livro, desde a coletiva de imprensa no Sheraton em 1994, para divulgar o CD “Unledded”, até o passeio que ele fez por escolas de samba cariocas em 2010. Eu achei que havia já ali uma espinha dorsal de uma boa história. Já li a maioria de livros sobre Page e Zeppelin, e despertei para o fato de que essa história ainda não havia sido contada. G1 – Desde quando você é fã de Led? Lembra da primeira vez que ouviu? Leandro Souto Maior – A lembrança mais antiga que tenho de Led Zeppelin é de ter visto o filme deles “The song remains the same”. Ganhou o nome brasileiro de “Rock é rock mesmo”. É um filme que muda a vida de uma pessoa, principalmente quando se conhece bem novo, na adolescência. E eu sonhava com a guitarra do Jimmy Page, colava o ouvido na caixa de som para a cabeça tremer ao som da guitarra dele. E tinha a bateria de John Bonham também, claro. G1 – Você já disse que tem várias histórias de fãs bem engraçadas no livro. Poderia contar as que te fizeram rir mais? Leandro Souto Maior – Várias me fizeram rir, posso destacar a de um fã cuja mãe trabalhava no cabeleireiro do hotel Sheraton, em São Conrado [bairro do Rio], onde Jimmy e [Robert] Plant [vocalista do Led Zeppelin] se hospedaram naquela tour de 1994. Ele estava infestado de piolhos e foi, então, fazer tratamento… no cabeleireiro do Sheraton, é claro, aproveitando para juntar duas coisas: de repente dava a sorte de encontrar um deles. E é o que aconteceu. Ele estava com a namorada e abraçaram o Jimmy Page na saída do elevador: "minha namorada quase beijou ele na boca. Se pararmos para pensar que piolhos se alimentam do nosso sangue e que provavelmente contaminamos ele com alguns piolhos, mesmo que por alguns minutos ou dias… posso considerar que ele é sangue do meu sangue". Era o Rafael Marroig [fã do Led Zeppelin], na época com 16 anos. Jimmy Page acena para fãs brasileiros Gianne Carvalho/Livro 'Jimmy Page no Brasil' Outra que gosto aconteceu com o baixista Fernando Nunes, que anos depois tocaria com a Cássia Eller. Jimmy estava em Salvador visitando o estúdio de um amigo dele, até que perguntou onde poderia comprar cigarros. O Fernando se ofereceu para ir comprar, mas o Jimmy disse que iria junto. Os dois saíram e ninguém reconheceu na rua. Pararam num bar bem simples na esquina, enquanto Fernando entrou para comprar o cigarro, Jimmy deu uma de manobrista e ajudou um motorista a estacionar. “Eu quero, na verdade, é tomar uma cachaça escondido da minha mulher”, revelou, às dez da manhã. E ele virou uma “purinha” ali mesmo. G1 – Quais foram as entrevistas que, na sua opinião, foram mais importantes para reconstruir as passagens dele pelo Brasil? Teria sido a da Aninha Capaldi? Leandro Souto Maior – Além daquele papo inicial com o Lula Zeppeliano, que foi a centelha de inspiração para o livro, depois tiveram várias sessões com ele, onde me detalhou muita coisa. As entrevistas dele foram bem fundamentais. A da Aninha Capaldi foi igualmente importante por revelar detalhes da visita do Jimmy em 1979, quando veio ao Rio com a filha Scarlet e a esposa na época, a modelo francesa Charlotte Martin. Eles foram ciceroneados pelo casal Capaldi. Através da Aninha eu consegui também um depoimento da Charlotte, atualmente elas são vizinhas e grandes amigas desde os anos 1970. Fora que o papo foi na casa dela na Inglaterra, uma casa mais antiga que o Brasil, da Idade Média. Era tipo um mini castelo, onde ela morou com o músico Jim Capaldi do grupo Traffic. G1 – Como rolou o convite para o Ed Motta escrever o prefácio? E de onde vem essa paixão dele pela banda? Leandro Souto Maior – Eu tinha uma pista errada de que ele teria estado com o Page pessoalmente, mas não. Mandei uma mensagem em uma rede social e ele, muito gentilmente, me respondeu que nunca havia estado com Page, mas que era um aficionado por ele e pelo Led. Ele é dono de uma coleção expressiva de material sobre a banda, a primeira fissura na música. Aproveitei e o convidei para, então, escrever o prefácio, sobre a relação com o Led, de como era difícil conseguir material na época em que não tinha internet. Para ele, o livro seria um item indispensável para qualquer colecionador, como ele mesmo. G1 – Você já entrevistou o Jimmy Page? Será que o livro pode fazer com que você consiga? Leandro Souto Maior – Entrevistei algumas pessoas do círculo pessoal do Jimmy, além de tentar contato através da gravadora Warner, que se entusiasmou com a ideia e prometeu contactá-lo através de seu agente na Inglaterra, informando sobre o projeto. Respeitei a privacidade dele, mas dando a oportunidade de contato caso queira colaborar com algum depoimento ou entrevista. Ainda não tive retorno, mas os dedos estão cruzados. Capa do livro 'Jimmy Page no Brasil' Divulgação VÍDEOS: Semana Pop explica temas do entretenimento