Chefe da Agência Federal de Aviação afirmou estar '100% confiante' na segurança do modelo que foi impedido de voar em todo o mundo após dois acidentes. Boeing 737 MAX estacionado em uma fábrica em Renton, nos EUA David Ryder/Reuters A Boeing obteve nesta quarta-feira (18) aprovação da Administração Federal de Aviação (FAA) dos Estados Unidos para retomar os voos de seu jato 737 MAX após quase 2 anos de suspensão devido a dois acidentes que deixaram 346 mortos. O chefe da FAA, Steve Dickson, assinou uma ordem suspendendo a proibição de voos e a agência divulgou uma diretriz de aeronavegabilidade detalhando as mudanças necessárias, informa a Reuters. As ações da Boeing saltavam cerca de 6% depois do anúncio, segundo a Reuters. A aeronave não voltará a voar de forma imediata em todo mundo, já que as autoridades do setor aéreo de outros países decidiram realizar suas próprias certificações. O chefe da FAA afirmou estar "100% confiante" na segurança do Boeing 737 MAX, mas disse que a fabricante do avião tem mais a fazer para melhorar sua cultura de segurança. "Fizemos o que é humanamente possível para garantir que esses tipos de acidentes não voltem a acontecer ", disse Dickson à Reuters, acrescentando que mudanças no design e software da aeronave tornaram o avião seguro para voltar a operar. A FAA está exigindo um novo treinamento de pilotos e atualizações de software para lidar com um sistema de prevenção do estol (ou perda de sustentação) chamado MCAS, que em ambos os acidentes repetidamente empurrou o nariz do jato para baixo enquanto os pilotos lutavam para recuperar seu controle, destaca a Reuters. O CEO da Boeing, David Calhoun, afirmou que a decisão constitui "uma etapa importante". A decisão da FAA ocorre no momento em que outros reguladores globais também se aproximam das decisões sobre permitir que o avião volte a operar. Anac ainda trabalha em ajustes finais para retorno de Boeing 737 MAX no Brasil Entenda a crise A decisão de manter no chão as aeronaves 737 MAX em março de 2019, depois que acidentes mataram 346 pessoas na Etiópia e na Indonésia, provocou ações judiciais, investigações do Congresso e do Departamento de Justiça e cortou uma fonte importante de renda da Boeing. Um painel da Congresso dos Estados Unidos concluiu, após 18 meses de investigação, que os dois acidentes com o Boeing 737 MAX resultado de falhas da fabricante de aeronaves Boeing e da FAA. "Eles foram o terrível resultado de uma série de suposições técnicas incorretas dos engenheiros da Boeing, uma falta de transparência por parte da administração da Boeing e uma supervisão grosseiramente insuficiente da FAA", concluiu o relatório. Em meio à crise, a Boeing decidiu também rescindir em abril de 2020 o acordo de compra da área da aviação comercial da Embraer, que previa a criação de empresa conjunta de US$ 5 bilhões que teria controle da gigante americana. Perspectivas A Boeing está buscando novos compradores para muitos de seus 737 MAX, após ver compradores originais cancelarem seus pedidos. A demanda foi ainda mais prejudicada pela pandemia de coronavírus. Mesmo com todos os obstáculos, a retomada das entregas do 737 MAX abrirá um canal crucial de receita para a Boeing e centenas de fornecedores de peças cujas finanças foram prejudicadas por cortes de produção relacionados à suspensão do jato. A American Airlines planeja operar o primeiro voo comercial do MAX em 29 de dezembro. A Southwest Airlines, maior operadora de MAX do mundo, não planeja retomar os voos da aeronave até o segundo trimestre de 2021. Vídeos: veja últimas notícias de economia no Brasil e no mundo