Ao morrer aos 89 anos, no Recife (PE), o compositor e regente deixa legado centrado na interação dos ritmos populares de Pernambuco com a música de câmara. Maestro Márcio Guedes Peixoto (1931 – 2020) deixa obras como 'Frevioca' e 'Polifonia nordestina' Reprodução / Internet ♪ OBITUÁRIO – É provável e legítimo que o compositor, músico e maestro Mário Peixoto Guedes Alcoforado (25 de janeiro de 1931 – 15 de novembro de 2020) seja mais lembrado pela alegria do Carnaval de Pernambuco. Afinal, o maestro animou a folia do Recife (PE) e arredores ao reger orquestras de frevo nos salões dos velhos Carnavais, tocando temas alheios e composições próprias como os frevos de rua Trumbicando (1970) e Frevioca (1980). Contudo, ao morrer aos 89 anos, na madrugada de domingo, 15 de novembro, vítima de infarto em Hospital do Recife (PE), Guedes Peixoto – como o maestro era conhecido – deixa sinfonia de sons que promoveram a interação dos ritmos populares de Pernambuco com o universo da música de câmara, a música dita erudita. Autor da peça Polifonia nordestina, o maestro compôs cirandas e maracatus para piano e orquestra. Mas a primeira música gravada de autoria do compositor, Barbosa Filho no frevo, foi feita no passo do ritmo mais folião de Pernambuco e ganhou registro em disco em 1956. Embora tão associado ao Recife (PE), Guedes Peixoto veio ao mundo em Goiana (PE), município da Mata Norte de Pernambuco, e foi nessa cidade que deu os primeiros passos profissionais na música, tocando trombone da banda local Saboeira. O estudo formal da música foi feito no Conservatório Pernambucano de Música e complementado na cidade de São Paulo (SP) sob a batuta dos maestros Guerra-Peixe (1914 – 1993) e Hans-Joachim Koellreuter (1915 – 2005). Especializado no toque da trompa, aprimorado em aulas com Karl Richter (1926 – 1981), Guedes Peixoto assumiu, ainda em São Paulo (SP), o posto de diretor musical da TV Tupi. De volta ao Recife (PE), o maestro ocupou o mesmo cargo na TV Jornal do Commércio e no Teatro de Ópera de Pernambuco. De 1975 a 1984, Guedes Peixoto esteve associado a Orquestra Sinfônica do Recife, na qual ingressou por indicação de Ariano Suassuna (1927 – 2014), tendo se alternado nas funções de tocador de trompa, regente titular e regente assistente da orquestra. Em qualquer função, Guedes Peixoto foi músico e maestro respeitado nos salões de Carnaval e nas salas de concerto de Pernambuco.