Auditorias em outros países apontam prejuízo econômico do assédio no ambiente profissional, diz ministro Bruno Dantas, autor da proposta. O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou nesta quarta-feira (28) a realização de uma auditoria nos mecanismos criados para prevenir e combater o assédio sexual nos órgãos públicos federais. A proposta é do ministro Bruno Dantas e foi aprovada em plenário.
Segundo Dantas, o TCU jamais fez auditoria relacionada a esse tema, embora dados apontem que os sistemas de combate ao assédio sexual no setor público e privado brasileiros são incipientes.
Ao apresentar o pedido, o ministro citou auditorias feitas em outros países como o Canadá e Estados Unidos. A investigação nos Estados Unidos ponderou, por exemplo, que o assédio sexual traz prejuízo para a vítima e também para a instituição, com queda na produtividade e alta rotatividade de trabalhadores.
“A proposta também é um alerta e um convite para que os dirigentes máximos atentem para a dimensão do problema e reforcem medidas de combate ao assédio sexual”, afirmou.
Apesar de a auditoria ter sido aprovada, o ministro Benjamin Zymler fez algumas ponderações sobre a proposta. O ministro relatou que não tem conhecimento de canais específicos para denúncias de assédio e pediu que a corte faça um estudo sobre a auditoria – para evitar que, na prática, os técnicos do TCU sequer tenham o que analisar.
“Até onde eu sei, os canais de denúncia são os usuais, as ouvidorias dos órgãos. Não tem um canal especifico, ou seja, seria fiscalizar o que não existe”, afirmou.
O ministro afirmou que ele tem uma visão mais “estreita” sobre a atuação do TCU. Para Zymler, a corte deve atuar apenas na apuração de possíveis danos aos cofres públicos.
7 em cada 10 mulheres que atuam nas forças de segurança já sofreram assédio no trabalho, aponta pesquisa
Dados são preocupantes
Durante a sessão, Bruno Dantas citou dados de uma pesquisa do LinkedIn e da consultoria de inovação social Think Eva que apontou que quase metade das mulheres já sofreu algum assédio sexual no trabalho.
A pesquisa ouviu 414 profissionais em todo o país, de forma online. Entre elas, 15% pediram demissão do trabalho após o assédio. E apenas 5% delas recorrem ao RH das empresas para reportar o caso.
De acordo com o levantamento, a maioria das entrevistadas que já sofreram alguma forma de assédio sexual no ambiente de trabalho são mulheres negras (52%) e que recebem entre dois e seis salários mínimos (49%). Além disso, o Norte (63%) e Centro-Oeste (55%) têm uma concentração de relatos superior às demais regiões.