Exibido neste domingo (6) para a imprensa, filme está fora de competição do festival e traz relatos do músico baiano sobre sua prisão em 1968 por ordem dos militares. Caetano Veloso em 'Narciso em férias', documentário sobre sua prisão durante a ditadura militar Divulgação Em um testemunho íntimo e inesquecível, Caetano Veloso narra no documentário exibido neste domingo (6) para a imprensa no Festival de Cinema de Veneza seus 54 dias de prisão durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985). Em "Narciso em Férias", o músico baiano de 78 anos também canta algumas músicas e revisita suas memórias dessa experiência dolorosa que marcou sua vida. "Acordei algumas noites ouvindo gritos de pessoas sendo torturadas. Fiquei apavorado!", confessa diante da câmara sentado em frente a uma parede cinza metálica. No documentário, o artista relembra o período do confinamento e revive episódios com outros presos, entre eles o cantor e compositor Gilberto Gil. Em uma das cenas, Caetano relê o interrogatório feito pela polícia e recentemente encontrado no arquivo da instituição, no qual é acusado de "terrorismo cultural" por ter mudado a letra do hino nacional. "Não pode ser: o hino tem versos hendecassílabos e na Tropicália as sílabas são mais longas e poéticas", respondeu ele, segundo o documento. "Tentei me defender sem ser um traidor", disse ele para a câmera. Escrito e dirigido por Renato Terra ("Uma Noite em 67") e Ricardo Calil ("Cine Marrocos"), o documentário de 83 minutos começa a ser exibido para o público nesta segunda-feira (7). No mesmo dia, também estará disponível para os assinantes da plataforma Globoplay. O longa é exibido fora da competição. Caetano, ícone da cultura popular brasileira e referência mundial da música sul-americana, não pôde comparecer à estreia em Veneza devido às limitações impostas pelas autoridades italianas por causa da pandemia do coronavírus. Trailer do documentário 'Narciso em férias'