Produzido por Bem Gil, o registro da composição inédita reforça laços estabelecidos pelos artistas há mais de 50 anos. Gilberto Gil e Chico Buarque em estúdio na gravação da música 'Sob pressão' Flora Gil / Reprodução página oficial de Gilberto Gil no Facebook ♪ Antigos laços musicais são reforçados com a criação e o registro da música inédita Sob pressão, composta por Gilberto Gil com Ruy Guerra e gravada pelo artista baiano com Chico Buarque em estúdio da cidade do Rio de Janeiro (RJ), nesta última semana de agosto de 2020, para a abertura da temporada especial da série Sob pressão (TV Globo). Em 1973, Chico Buarque estava às voltas com a proibição pela censura da peça Calabar – O elogio da traição, escrita pelo compositor e dramaturgo carioca com o mesmo Ruy Guerra, poeta e letrista moçambicano residente no Brasil desde 1958. As músicas da trilha sonora da peça foram gravadas pelo cantor em álbum intitulado Calabar (1973) e, por conta do veto da peça, rebatizado como Chico canta na segunda tiragem do disco, já que a primeira prensagem do LP havia sido apreendida pelo ditatorial governo brasileiro da época. Paralelamente, naquele mesmo ano de 1973, Chico abria parceria com Gilberto Gil na composição de Cálice, música também censurada que somente seria gravada em 1978, cinco anos após os artistas terem sido literalmente calados ao apresentar a canção no evento Phono 73, organizado pela gravadora Philips. Decorridos 47 anos, Gil e Chico se reúnem para dar voz a uma música que abre a parceria de Gil com Ruy Guerra em gravação produzida por Bem Gil. “Vamos cantar que a vida é só agora”, diz verso da letra, reproduzido nas redes sociais de Gil ao lado de foto dos cantores de máscaras no estúdio, clicados por Flora Gil. Gil compôs Sob pressão com Ruy Guerra e gravou a música com Chico a convite de Andrucha Waddington, um dos diretores da série médica que, nessa temporada especial composta por dois episódios, vai pôr em foco a rotina dos hospitais durante a pandemia do covid-19. Sob pressão – a música – reconecta Gil e Chico 54 anos após o compositor baiano ter ajudado anonimamente o colega carioca a finalizar o samba Amanhã ninguém sabe (1966), lançado por Chico como lado B de single com a gravação da marcha A banda (1966). “Amanhã, ninguém sabe / Traga-me um violão / Antes que o amor acabe”, pediu Chico nos versos do samba de 1966. “Vamos cantar que a vida é só agora”, propõem Chico e Gil, com a mesma urgência e pulsão vital, através do verso de Ruy Guerra, retomando laços antigos na história da música brasileira.