O novo documentário da Netflix “Amor Sertanejo” mostra a evolução do estilo, desde a música caipira para a criação do sertanejo. Com vozes de Mato Grosso do Sul, a obra revela que Campo Grande é uma das capitais pioneiras do sertanejo universitário com a dupla João Bosco e Vinícius cantando para universitários nos corredores da faculdade, nos anos 2000.
Foi a primeira dupla de universitários que estourou nas paradas com “Chora me liga”. Os dois são de Coxim, mas quando tinham em torno dos 16, 17 anos, vieram morar em Campo Grande para entrar na faculdade. Na época, João Bosco estudava Odontologia e Vinícius Fisioterapia.
“O primeiro público fiel de João Bosco e Vinícius antes de tocar em rádio, de trilhar um caminho para fora de MS, foi o universitário. Não tivemos empresários que investiram na gente e bancaram o projeto. Foi um CD de quando participamos do aniversário de dois amigos e não sabíamos que o cara do som estava gravando MD [Mini Disco], que era totalmente sem qualidade, mas caiu na graça da galera”, lembra João Bosco.
Logo o CD rendeu várias cópias e passou se alastrar entre as repúblicas universitárias e até alcançou outros estados do Brasil. A partir daí, surgiram outros nomes apostando no estilo e conquistando o espaço nas paradas de sucesso.
O documentário mostra que a música caipira surgiu com Cornélio Pires na década de 20, mas ganhou mais espaço nos anos 40 com Tonico e Tinoco. Nos anos 50, a mistura de rancheras mexicanas, guarânias paraguaias com a moda de viola fez nascer a música sertaneja.
Os nomes das duplas também eram inusitados, como Estudante e Escritor, Rodoviário e Patrulheiro, Horizonte e Horizontal, Faísca e Pega Fogo até chegar no nome de Milionário e José Rico, que foi uma avalanche na música. Depois veio a música sertaneja mais evoluída, com “Fio de Cabelo” de Chitãozinho e Xoxoró, em seguida Leandro e Leonardo, Bruno e Marrone, Zezé di Camargo e Luciano, etc.
Foram anos de história, passando por vários locais e conquistando cada vez mais jovens que desejavam fazer parte da música. Através da vontade, o estilo foi parar nos corredores das escolas e faculdades brasileiras. Desta forma também surgiu o Luan Santana, que apesar de se apresentar desde criança, ganhou destaque após viralizar um vídeo do cantor tocando violão e cantando dentro da sala de aula.
Ficou conhecido como o gurizinho de Jaraguari, gravou CDs até que “estourou” nas paradas de sucesso com “Meteoro”. Desde então, foi hit atrás de hit como “Amar não é pecado”, “Tudo que você quiser”, “Vingança”, “Sinais”. “Hoje a música está na palma da sua mão. Você pode escolher a canção que quiser, no local e hora que quiser. É uma praticidade e gama de possibilidade e combinações que a música sertaneja entendeu rápido”, declara Luan.
Nesta semana, o cantor Luan até divulgou um vídeo no Instagram, mostrando um carro de som em frente à sua casa, comemorando seus 13 anos de carreira.
Michel Teló tocava no grupo sul-mato-grossense “Tradição”, porém depois resolveu lançar carreira solo e foi outra avalanche da música sertaneja universitária. O sucesso foi tanto que a música “Aí se eu te pego” rodou o mundo, passando pela França, Croácia, Espanha e ganhando versões em outras línguas.
“É inexplicável o fato de ‘Ai se eu te pego’, foi uma das primeiras canções a chegar em vários países. Acho que se deve muito a simplicidade da canção, fácil de cantar o ritmo dançante”, diz Michel.
O documentário tem pouco mais de uma hora de duração e também mostra outras vozes do sertanejo, como Fernando e Sorocaba, César Menotti e Fabiano, Naiara Azevedo e até as patroas Maiara e Maraisa.
A obra ainda revela que o sertanejo passou a ser uma máquina de fazer dinheiro e a necessidade de investimento para produção de um trabalho que nem sempre pode alcançar o resultado desejado.
Fonte: CG News