Ainda na transição, Bolsonaro disse que daria 'carta branca' a Paulo Guedes para montar pasta. Secretários de Desestatização e Desburocratização pediram demissão nesta terça. Guedes anuncia que secretários de Desburocratização e Desestatização pediram para deixar os cargos
A equipe econômica montada pelo ministro Paulo Guedes e empossada em janeiro de 2019, no início do governo Jair Bolsonaro, já passou por pelo menos sete trocas em cargos estratégicos até esta terça-feira (11).
No início da noite, Guedes informou que pediram demissão os secretários especiais de Desestatização, Salim Mattar, e de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Paulo Uebel. Ao todo, já deixaram a equipe:
junho de 2019: Joaquim Levy, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
setembro de 2019: Marcos Cintra, ex-secretário da Receita Federal (demitido)
junho de 2020: Mansueto Almeida, ex-secretário do Tesouro (único a assumir o cargo antes da chegada de Guedes; ele pediu para sair em junho, mas a exoneração foi publicada pelo governo no mês seguinte)
julho de 2020: Rubem Novaes, ex-presidente do Banco do Brasil
julho de 2020: Caio Megale, ex-secretaria de Fazenda
agosto de 2020: Salim Mattar, ex-secretário especial de Desestatização
agosto de 2020: Paulo Uebel, ex-secretário Desburocratização, Gestão e Governo Digital
O ministro classificou o momento como uma "debandada" e disse que os secretários se mostraram insatisfeitos, respectivamente, como o andamento do programa de privatizações e da reforma administrativa. Apesar disso, disse Guedes, o governo vai "avançar com as reformas".
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Demissões anteriores
A primeira baixa na equipe de Guedes ocorreu em junho de 2019, apenas seis meses após a posse do governo Jair Bolsonaro.
O então presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy, entregou carta de demissão a Paulo Guedes após sofrer críticas públicas do presidente Jair Bolsonaro. O presidente chegou a dizer que Levy estava com a "cabeça a prêmio", e que não via lealdade na gestão do economia.
Três meses depois, em setembro, o então secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, foi demitido após polêmica em um assunto que segue indefinido: a reforma tributária e a possibilidade de criação de um imposto sobre transações eletrônicas, similar à antiga CPMF (imposto do cheque).
Em junho deste ano, o secretário do Tesouro Mansueto Almeida anunciou que havia pedido para deixar o cargo. A exoneração foi publicada em julho e, nesta segunda (10), a assessoria do banco privado BTG Pactual informou que Almeida será economista-chefe da instituição a partir de janeiro.
Em 24 de julho, o presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, pediu a Bolsonaro e Guedes para deixar o cargo. Em nota, o banco afirmou que o pedido foi feito "entendendo que a companhia precisa de renovação para enfrentar os momentos futuros de muitas inovações no sistema bancário".
Dois dias depois, o diretor de programas da Secretaria de Fazenda, Caio Megale, também acertou a saída do governo.
Da lista, Mansueto Almeida foi o único a assumir o cargo antes da chegada de Paulo Guedes. O economista se tornou secretário do Tesouro na gestão Michel Temer, e foi mantido no posto após a sucessão presidencial.
Houve ainda uma oitava troca, desta vez não relacionada a disputas ou insatisfações no cargo. O ex-secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, deixou o cargo após ser eleito para comandar o Novo Banco de Desenvolvimento, o Banco dos Brics.
'Carta branca'
Ainda durante a transição de governo, em novembro de 2018, Bolsonaro disse que havia dado "carta branca" a Guedes para montar a equipe econômica.
"Eu estou dando carta branca a ele. Tudo que é envolvido com economia é ele que está escalando o time. Eu só, obviamente, e ele sabe disso, estamos cobrando produtividade. Enxugar a máquina e buscar, realmente, fazê-la funcionar para o bem-estar da nossa população", declarou Bolsonaro.