Ator fez a peça 'Quem Está Aí? – Monólogos de Shakespeare' em transmissão online. Thiago Lacerda em cena de 'Quem Está Aí? – Monólogos de Shakespeare' feita através de uma transmissão on-line Reprodução/YouTube/Sesc São Paulo Thiago Lacerda foi um dos convidados do projeto "Em Casa com o Sesc" e fez uma adaptação da peça "'Quem Está Aí? – Monólogos de Shakespeare", que já interpreta desde 2012. Sem os teatros abertos, as salas de Zoom e as lives aos poucos viram opção para movimentar o setor teatral nesta quarentena. O ator fez o texto que reúne personagens de "Hamlet", "Macbeth" e "Medida por Medida", para uma câmera e foi assistido por mais de mil pessoas simultaneamente no domingo (26). "Foi muito estranho, muito diferente. Por mais que a gente esteja tentando encontrar novas maneiras de continuar levando as boas histórias para o público, tem toda uma tecnologia e uma circunstância que faz com que tudo seja muito diferente do que a gente já conhece", diz o ator ao G1. "Não acho que o que aconteceu com a nossa gravação com o Sesc tenha sido teatro, por exemplo. Talvez a gente precise encontrar um outro nome para o que é", continua. "Ao mesmo tempo que foi estranho, foi desafiador, foi revelador, foi gratificante, foi poderoso, foi comunicativo", explica Lacerda. O ator conta que até bateu uma "ressaca" no dia seguinte, como se tivesse estreado um espetáculo presencialmente. A direção também foi remota, já que o diretor Ron Daniels mora em Nova York. Falta do público Initial plugin text Diferente das peças no Zoom que são mais intimistas e dão uma possibilidade de interação maior com o público, a experiência de Thiago foi mais fria porque ele estava olhando para uma câmera apenas. "Se a gente imaginar que o palco protege a gente, a peça protege a gente, que os colegas em cena estão com a gente, e, de repente, você suprime elementos fundamentais do teatro e coloca uma câmera parada na sua frente…", diz Lacerda. "É muito invasivo, é muito opressor. De alguma maneira é preciso uma certa dose de cara de pau e coragem para lidar com isso e, simplesmente, ir lá e fazer". A falta de uma grande movimentação, da troca presencial entre atores e de muitos elementos cênicos faz com que a interpretação do ator ganhe um peso extra e Lacerda sentiu, mas enxergou um ponto positivo: "Me permitiu conectar com o texto de uma outra maneira. Melhor ou pior não saberia dizer, talvez não fosse justo esse julgamento". Teatro on-line: companhias se reinventam em peças no Zoom com atores em casa Sensação de estreia O ator contou ao G1 que sentiu como se estivesse feito uma peça presencial. "A sensação que eu tive depois que terminou era de estreia. 'Ok, estreamos, fizemos e foi muito bom'", explica. "A sensação de realização, de alívio, de afeto e uma sensação muito gostosa de poder ter entregado para as pessoas um pouco de um trabalho que já tem tanto tempo", diz. Ao mesmo tempo que estranhou a experiência, Lacerda vê com bons olhos a possibilidade de reinvenção dos artistas durante a quarentena. "O ser humano é um bicho muito adaptável, né? Eu acho que toda tentativa de ressignificação, de reinvenção, de questionamento em tempos difíceis é válida", finaliza. Peça virtual em que o público vota e decide o final do espetáculo