Cantor, compositor, ator e diretor foi um dos principais nomes da cultura de protesto dos anos 1960 e trabalhou com Glauber Rocha no cinema novo. Morre no Rio o cantor e compositor Sérgio Ricardo Cantor e compositor com trabalhos também na TV e no cinema, Sergio Ricardo foi um nome importante de movimentos que redefiniram a cultura brasileira, como a bossa nova e o cinema novo. Relembre a carreira de Sérgio Ricardo em FOTOS O artista morreu na manhã desta quinta-feira (23), aos 88 anos, no Hospital Samaritano, na Zona Sul do Rio, após ter uma insuficiência cardíaca. Ele contraiu Covid-19 e foi internado em abril, mas a filha Adriana Lutfi contou ao G1 que ele tinha se curado do novo coronavírus. O cantor e compositor Sérgio Ricardo quebra o violão e depois arremessa no público após ser vaiado intensamente quando cantava a música 'Beto Bom de Bola' no III Festival de Música Popular Brasileira, realizado no Teatro Paramount, em São Paulo. Foto de outubro de 1967 Estadão Conteúdo/Arquivo Nascido em Marília (SP), ele começou a estudar música aos 8 anos no conservatório da cidade. Mudou-se em 1950 para o Rio de Janeiro, onde iniciou a carreira profissional como pianista em casas noturnas. Foi nessa época que conheceu Tom Jobim e, pouco depois, começou a compor e cantar. Em 1960, gravou o LP "A bossa romântica de Sérgio Ricardo", com destaque para a canção "Pernas". Entre suas músicas mais conhecidas, estão ainda “Zelão”, “Beto bom de bola”, "Mundo velho sem porteira" e “Bichos da noite”, resgatada para a trilha sonora do filme "Bacurau", de 2019. Em 1962, participou do histórico Festival de Bossa Nova, no Carnegie Hall de Nova York (EUA), ao lado de Carlos Lyra, Tom Jobim, Roberto Menescal, João Gilberto e Sergio Mendes, entre outros. Sérgio Ricardo, em foto de outubro de 2014 Wilton Junior/Estadão Conteúdo/Arquivo Violão quebrado Mas o evento que mais marcou sua história foi o Terceiro Festival de Música Popular Brasileira, em 1967, quando quebrou seu violão e o atirou sobre a plateia após ser vaiado pelo público. A cena é mostrada no documentário "Uma noite em 67" (2010). O cantor e compositor Sérgio Ricardo é visto no III Festival de Música Popular Brasileira, realizado no Teatro Paramount, em São Paulo, onde tentou cantar a música 'Beto Bom de Bola', mas foi intensamente vaiado pela platéia e terminou por quebrar seu violão e depois jogá-lo no público. Foto de outubro de 1967 Estadão Conteúdo/Arquivo Na época, Sérgio era conhecido como um dos principais cantores de protesto da música popular, e levou ao festival "Beto bom de bola", música com críítica política mais sutil. A letra fala de um jogador de futebol que alcança a glória, mas é esquecido, e termina dizendo: "O mal também tem cura”. Na década de 50, Sérgio havia feito testes para trabalhos de atuação. Acabou sendo contratado pela TV Tupi, onde participou de novelas e programas musicais. Anos mais tarde, lançou filmes como “Esse mundo é meu” (1964), “Juliana do amor perdido” (1970) e “A noite do espantalho” (1974). O cantor, compositor, músico e ator Sérgio Ricardo durante a peça 'Ponto de Partida' no Teatro TAIB, região central da cidade de São Paulo. Foto de setembro de 1976 Iugo Koyama/Estadão Conteúdo/Arquivo No cinema, também compôs músicas para as trilhas sonoras de "Deus e o diabo na terra do Sol" e "Terra em transe", grandes símbolos do cinema novo, dirigidos por Glauber Rocha. Em 1968, escreveu o roteiro musical para a peça de Ariano Suassuna "O auto da compadecida", levada ao cinema pelo diretor George Jonas. Em 1991, ele publicou o livro "Quem quebrou meu violão" (ed. Record), um ensaio sobre a cultura brasileira desde os anos 1940. Também se dedicou a obras de poesia, entre elas o livro "Canção calada", lançado em 2019. Músico Sérgio Ricardo morre aos 88 anos no Rio