Artista lança álbum com dez músicas autorais de discurso politizado e tom vanguardista. ♪ Nono título da discografia solo de Negro Leo, o álbum Desejo de lacrar manifesta a intenção do artista maranhense de criar discurso engajado com a acentuação do sentido político do termo “lacre”, originado na comunidade LGBTQIA+, mas já recorrente fora do universo gay. “Lacrar é agir de forma insolente e revoltada. Vencer, se não de fato, virtualmente. Lacrar, na verdade, é o que nos resta”, contextualiza o artista no texto de apresentação do disco, editado através de parceria da gravadora YB Music com o selo QTV Label. Negro Leo é o nome artístico de Leonardo Campelo Gonçalves, cantor, compositor e instrumentista nascido em Pindaré-Mirim (MA) e – após anos de vivência carioca – atualmente radicado em São Paulo (SP), cidade com mais capacidade de absorver a sonoridade experimental do artista. Capa do álbum 'Desejo de lacrar', de Negro Leo Rafael Meliga Produzido pelo baterista Sérgio Machado (PLIM) sob direção artística de Leo, o álbum Desejo de lacrar foi pautado por experimentações de timbres, vozes, ruídos e texturas (sobretudo eletrônicas) que provocam estranhezas ao longo da fruição de músicas como Dança erradassa, composta por Negro Leo em 2019 durante residência artística na China. Dança erradassa é uma das dez músicas que compõem o repertório autoral de Desejo de lacrar, disco cujo teor experimental o conecta com recentes álbuns anteriores do artista, sobretudo com Água batizada (2016) e Action lekking (2017). Todas as músicas e letras são da lavra profícua de Negro Leo, com exceção da composição Makes e fakes, cujos versos são de autoria do poeta capixaba Tazio Zambi. Entre as distorcidas artilharias vocais de Absolutíssimo lacrador, faixa que evoca a virulência do punk hardcore, e os climas ligeiramente etéreos de Eu lacrei e Outra cidade, Negro Leo dá o recado na república tropicalista das e dos bananas, cumprindo a missão do álbum Desejo de lacrar.