(Nissan/Divulgação)
A pandemia afetou brutalmente as vendas de veículos ao redor do mundo. Todas as montadoras estão reformulando seu planejamento para manter a receita. Neste ambiente incerto, a Nissan começa a desenhar sua nova estratégia, tanto no mercado global quanto no Brasil.
Nesta quinta-feira, 16, a montadora anunciou uma parceria com o Mercado Livre para ampliar a presença da marca no ambiente digital. Na plataforma, o cliente interessado poderá pesquisar todas as ofertas nacionais, com a possibilidade de adquirir modelos zero-quilômetro sem pagar as 12 primeiras parcelas e com a primeira revisão grátis.
A condição faz parte de uma ofensiva intitulada “Compromisso Nissan” para atrair o consumidor neste momento de incertezas. O modelo de negociação funciona da seguinte forma: o cliente dá uma entrada de 60%; a concessionária Nissan em que o carro foi adquirido paga uma parte do saldo financiado e o restante só será pago pelo cliente depois de 12 meses.
Ainda nesta quarta-feira, 15, a marca lançou mundialmente o modelo Ariya, primeiro crossover 100% elétrico da montadora. “O modelo simboliza um grande passo na transformação da Nissan, num momento em que a empresa está fazendo um reajuste de foco de suas principais fortalezas, incluindo os veículos eletrificados e SUVs”, disse o grupo.
O Ariya faz parte de um plano de lançamento de 12 novos modelos em 18 meses. A Nissan prevê que as vendas globais de elétricos da marca superem 1 milhão de unidades anuais até o fim do ano fiscal de 2023.
“Até lá, a empresa também pretende lançar tecnologias de condução autônoma em mais de 20 modelos em 20 mercados, além de vender mais de 1,5 milhão de veículos equipados com esses sistemas”, destacou.
Crossover Ariya, lançado globalmente nesta semanaCrossover Ariya, lançado globalmente nesta semana (Nissan/Divulgação)
A estreia mundial do novo logotipo da Nissan, nesta semana, também marca a estratégia da companhia para começar a deixar o passado recente para trás. “O Ariya abre um novo capítulo em nossa história à medida que iniciamos a jornada de transformação do nosso negócio, de nossos produtos e da nossa cultura”, disse Makoto Uchida, presidente do grupo, em apresentação do produto.
A reestruturação acontece em meio a uma sucessão de problemas. Além do imbróglio envolvendo Carlos Ghosn, ex-presidente da Aliança Renault-Nissan, o grupo anunciou recentemente que reduzirá sua capacidade de produção global em 20%, fechará fábricas e diminuirá sua gama de veículos.
No mercado global, a força da marca está nos segmentos de crossovers e elétricos. No Brasil, a expressividade está mais concentrada no SUV Kicks e, em menor escala, no sedã Versa e no compacto March. A fábrica da montadora está localizada em Resende, no Rio de Janeiro.
No primeiro semestre, a Nissan ocupou o décimo lugar no ranking de automóveis e comerciais leves mais vendidos da Fenabrave. Em SUVs, o Kicks se posicionou como o quinto modelo mais vendido do segmento no país.
Segundo especialistas ouvidos pela reportagem da EXAME, a pandemia deve acelerar processos na indústria automotiva, principalmente de digitalização. Mas a perspectiva de mudanças significativas nos hábitos de consumo pode trazer um desafio adicional para as montadoras, ainda mais para a Nissan.