G1 acompanha seis empresários e empreendedores durante a pandemia, no Rio de Janeiro e em São Paulo. G1 acompanha seis empresários durante a pandemia do coronavírus Foto G1 Quase quatro meses após fecharem as portas ou reduzirem suas operações por conta da quarentena, necessária para conter a expansão da pandemia de coronavírus pelo país, muitos negócios começaram a retomar suas atividades nas últimas semanas. Mesmo com o país longe de registrar queda no número de casos e mortes por coronavírus, governos já começaram a flexibilizar o funcionamento de parte das atividades econômicas. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, bares e restaurantes tiveram permissão para reabrir, ainda que sob diversas limitações e condições, para evitar uma piora na pandemia. Mas, diante do cenário de incerteza, empresários ouvidos pelo G1 preferem seguir sem receber clientes em suas mesas. E as dificuldades seguem, mesmo para quem reabriu: além das novas regras, que exigem distanciamento, horários de funcionamento mais curtos, máscaras e higienização constante, empresários reclamam da falta de recursos para refazer estoque e pagar salários. A situação é acentuada ainda pela dificuldade em obter crédito: poucos conseguem, e os que chegam lá recebem menos do que pediram. Economistas apontam que o país saiu do fundo do poço da crise, atingido em abril. Mas, com a lentidão da retomada e a falta de confiança, a recuperação parece distante de ser alcançada. Desde março, o G1 acompanha as histórias de empreendedores que estão tentando sobreviver à crise provocada pela pandemia do coronavírus e pelo fechamento dos negócios necessário para conter a disseminação da doença. Lembre aqui como eles estavam: no começo da pandemia; e dois meses depois, em maio. E veja os novos depoimentos abaixo: Sem confiança no retorno, portas fechadas 'Sem expectativa de abertura para o próximo mês', diz dono de bar em São Paulo Mesmo com a flexibilização da quarentena na cidade de São Paulo, o empresário Younes Bari, dono do bar Kaia, ainda não se sente seguro para reabrir ao público. Além da preocupação com o aumento do contágio de Covid-19, ele avalia que não compensa investir em estoque, neste momento, sem ter certeza do nível de adesão de clientes e, portanto, de uma retomada das vendas. Por enquanto, o dono do Kaia prefere continuar focado no sistema de delivery de refeições por aplicativo – implementado em abril – e nas "barricadas", um sistema de 'pegue e pague' que é montado na porta do bar desde o início da pandemia. Relembre: – em março, Younes contou que, para sobreviver, bar tentava se adaptar ao delivery e à 'barricada' – em maio, dono do bar precisou recorrer ao seu primeiro empréstimo Retomada com ajuda da família Após quase 4 meses, bar reabre em Botafogo com auxílio de vaquinha feita por clientes Após cerca de 100 dias de portas fechadas, o Bar do Bigode, no Rio, pôde voltar a funcionar. A reabertura foi garantida após a mobilização de clientes, que doaram R$ 12 mil ao dono do estabelecimento. A reabertura do bar, no entanto, não garantiu a volta dos funcionários. A alternativa encontrada por Irenildo Queiroz foi convidar um parente para reforçar o trabalho na cozinha, que está sendo comandada pela mulher do empresário, Solange, parceira de vida e dos negócios. Relembre: – em março, Irenildo Queiroz contou que faria de tudo para não demitir funcionários – em maio, empresário contou que havia precisado suspender contratos dos trabalhadores Volta cuidadosa 'Medida de reabertura foi um baita alívio', diz sócio de bar e escritório Sócio de um escritório que desenvolve conteúdo e faz consultoria de marcas e de um bar, o empresário Bruno Bernardo vê com alívio as medidas adotadas pela cidade de São Paulo que permitiram a flexibilização da quarentena. Com a reabertura, parte do trabalho realizado pelo escritório – como filmagens na rua – pode ser retomada. Já o bar deve seguir com o cardápio reduzido e a entrega de bebidas por delivery, apesar da liberação para a volta do setor. Relembre: – em março, Bruno Bernardo contou que teve de repensar toda a sua estratégia de negócios – em maio, negócios foram readaptado; bar passou a serviço de delivery e escritório a alugar obras de arte Sem planos de reabertura 'Quem está no clima para fazer festa?', diz dono de buffet sobre retomada Pelo cronograma de retomada do governo estadual, o Plano São Paulo, a realização de eventos e convenções devem ser liberados em outubro. Pedro Roxo, do buffet Manja Gastronomia, avalia que o seu negócio se enquadra neste grupo, porém ele ainda não tem planos de reabrir. Enquanto há mais incertezas do que garantias, Pedro prefere continuar focado no delivery e nas aulas de culinária on-line, apesar dessas atividades não gerarem o mesmo retorno financeiro que ele tinha quando o buffet estava aberto. Relembre: – em março, Pedro Roxo lamentava o fato do setor ser um dos mais atingidos pela crise – em maio, empresário implementou delivery de refeições, mas ainda usava reserva financeira Demissões e dificuldade de crédito ‘Está andando meio de lado, mas temos boas perspectivas’, diz empresário afetado por crise A loja de móveis Breton teve de demitir por conta da pandemia, alem de reduzir salário e jornada de parte dos funcionários. As medidas adotadas fizeram com que a empresa comandada por André Rivkind conseguisse sobreviver a sua pior crise em 53 anos. "Com a reabertura, as coisas estão andando meio de lado, mas a gente tem uma boa perspectiva", diz André. Rivkind afirma que está conseguindo pagar as despesas com algumas renegociações. "O que está difícil é acessar crédito, está praticamente impossível", lamenta. Relembre: – em março, Andre Rivkind disse que a crise do coronavírus é a mais grave pela qual já passou – em maio, empresário contou que sofria com dificuldade para obter crédito, mas que empresa 'iria sobreviver' Frustração com programa de crédito Dona de lavanderia do RJ diz continuar com faturamento muito baixo nesta fase da retomada Há três meses sem pró-labore [retirada mensal de recursos que os sócios fazem de um negócio], a empresária Cláudia Medeiros Mendes diz que a vida financeira pessoal está paralisada. Dona de uma rede de lavanderias na Zona Sul carioca, ela segue com foco na sobrevivência do seu negócio e se diz frustrada com o programa de crédito para pequenas empresas (Pronampe). Com três lojas em Copacabana, a rede de lavanderias de Cláudia não parou de funcionar desde o começo da pandemia. Com a retomada gradual, a demanda por serviços voltou a crescer. Mas, segundo a empresária, o faturamento não ultrapassa 40% do registrado antes do isolamento social e, com isso, “as contas não fecham”. Relembre: – em março, Cláudia Mendes já contava que o faturamento de suas lavanderias havia caído 70% – dois meses depois, empresária disse que precisou remanejar pessoal e deixar de pagar contas