Setor cultural vai receber US$ 2 bilhões para 'resgatar teatros, galerias de arte, salas de concerto e cinemas independentes'. Boris Johnson REUTERS/Gonzalo Fuentes O governo de Boris Johnson investirá quase US$ 2 bilhões para "resgatar" teatros, galerias de arte, salas de concerto e cinemas independentes, um salva-vidas que o setor cultural britânico, muito afetado pela pandemia de coronavírus, acolheu com alívio. É "o maior investimento de uma única vez realizado na cultura britânica", afirmou o executivo em comunicado. E vem após a multiplicação nas últimas semanas de pedidos cada vez mais desesperados de ajuda do setor criativo muito dinâmico do país. O setor alertou para o risco de perder milhares de empregos e o desaparecimento de instituições emblemáticas como o Globe, uma réplica do teatro ao ar livre de William Shakeaspeare em Londres, que retoma o repertório do dramaturgo inglês. Na quinta-feira (2) passada, cerca de 1.500 grandes nomes da música britânica, de Ed Sheeran e Annie Lennox ao grupo Rolling Stones, passando por Paul McCartney e Depeche Mode, escreveram uma carta aberta ao ministro da Cultura, Oliver Dowden, para pedir uma ação. A maior parte do "pacote de resgate" de 1,57 bilhão de libras (1,96 bilhão de dólares) irá para instituições culturais na Inglaterra na forma de doações (880 milhões de libras) e empréstimos (279 milhões de libras), anunciou o governo. Initial plugin text Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte receberão £ 97 milhões, £ 59 milhões e £ 33 milhões respectivamente, acrescentou. "Eu disse que não abandonaríamos o setor cultural e esse investimento massivo mostra nosso compromisso", disse Dowden, afirmando entender os "sérios desafios" que os 700.000 funcionários do setor enfrentam atualmente. Perda de talentos Johnson impôs em 23 de março o confinamento para conter o coronavírus, que matou mais de 44 mil pessoas no Reino Unido, tornando-o o país mais severamente punido da Europa. Seu governo tem determinado a suspensão gradual das restrições e no fim de semana passado os cinemas e museus reabriram, mas os teatros permanecem fechados sem data de reabertura à vista. O futuro dos shows e festivais de música ao vivo também é incerto devido a medidas físicas de distanciamento. Em entrevista à Sky News nesta segunda-feira (6), Dowden disse esperar que os shows ao vivo possam ser realizados neste verão, ou pelo menos projetos "piloto" para encontrar "maneiras inovadoras" de fazê-lo. Enquanto isso, essa ajuda "é muito bem-vinda no momento em que tantos teatros, orquestras, locais de entretenimento e outras organizações artísticas enfrentam um futuro sombrio", disse o compositor Andrew Lloyd Webber, considerando "absolutamente essencial que a saúde do setor cultural do Reino Unido seja restaurada o mais rápido possível". Simon Rattle, diretor da Orquestra Sinfônica de Londres, disse que espera que o dinheiro seja distribuído "o mais rápido possível", porque "muitas instituições e artistas individuais estão olhando para o abismo". E o diretor executivo da organização musical Venue Music Trust, Mark Davyd, saudou essa "intervenção sem precedentes" para a indústria da música ao vivo. No entanto, alguns teatros regionais já foram forçados a anunciar grandes demissões, e a oposição acusou o governo de demorar demais para agir. "Esta é uma injeção de dinheiro muito necessária, mas para muitos é muito pouco e muito tarde", disse Jo Stevens, porta-voz da cultura do Partido Trabalhista. "Se perdermos alguns desses empregos, podemos perder um pouco desse talento para sempre", alertou.