Organização estima que cerca de 60% dos trabalhadores atualmente empregados na região estão expostos a uma possível perda de emprego. Carteira de trabalho Mauro Pimentel/AFP/Arquivo A pandemia de coronavírus mergulhou a América Latina e o Caribe "em uma crise econômica e social sem precedentes", que deixou "um recorde de 41 milhões de desempregados", informou a Organização Internacional do Trabalho (OIT) nesta quarta-feira (1). O impacto no mercado de trabalho regional se traduzirá em maior desigualdade e pobreza, de acordo com um relatório divulgado pela OIT, que tem sede na América Latina em Lima. A agência prevê que a taxa média de desemprego, que no final de 2019 era de 8,1%, crescerá entre 4 e 5 pontos, embora esses dados estejam sujeitos a como seguirá a situação social e de saúde nos países da região. "Como as projeções para 2020 mostram uma contração econômica adicional, o desemprego certamente apresentará níveis ainda mais altos, juntamente com a deterioração de outros indicadores do mercado de trabalho", aponta o relatório. Desemprego sobe para 12,9% em maio e país tem tombo recorde no número de ocupados Desemprego fica em 12,9% e taxa de subutilização é de 27,5% As previsões para este ano já eram negativas, mesmo antes do coronavírus. Em janeiro, a OIT estimou que a fraqueza no crescimento econômico regional afetaria o aumento do número de desempregados, que era de 25 milhões de pessoas na época. "Alcançamos um recorde histórico, nunca visto na América Latina e no Caribe, de 41 milhões de pessoas", declarou Vinicius Pinheiro, diretor regional da OIT, ao apresentar o relatório em uma videoconferência. Ele afirmou que, para os países da América Latina, a atual crise é de rápido impacto, o que aumenta as limitações estruturais devido à alta informalidade do trabalho, ao pouco espaço para medidas fiscais e à fragilidade dos sistemas de saúde e proteção social. A OIT estima que cerca de 60% dos trabalhadores atualmente empregados na América Latina e no Caribe estão expostos a uma possível perda de emprego, horas trabalhadas e renda. Outro fenômeno destacado pela OIT é que as taxas de desemprego não descrevem a magnitude da crise, uma vez que há "fortes transições de atividade para inatividade como consequência de confinamento ou falta de oportunidades de emprego". Da mesma forma, as retrações são registradas nas horas trabalhadas, situação relatada globalmente, mas que tem seu pior reflexo na América Latina e no Caribe, segundo a OIT. Quatro pilares A redução no número de horas trabalhadas é de 20%, equivalente a cerca de 55 milhões de empregos em período integral em uma semana média de 40 horas e 47 milhões de empregos em uma média de 48 horas semanais. No entanto, Pinheiro destacou que "a pandemia não pode ser uma desculpa para a deterioração das condições de trabalho". Nesse sentido, ele expressou que uma saída para equilibrar a necessidade de reabrir economias com medidas de isolamento sanitário pode ser o de protocolos de saúde e segurança no trabalho. "À medida que o confinamento se torna mais flexível", disse Pinheiro, "a saída é adotar protocolos bastante rígidos até que uma vacina esteja disponível". A OIT também propõe uma estratégia de quatro pilares, que inclui estimular a economia com política fiscal e monetária ativa e flexível; e apoio a empresas e empregos, estendendo a proteção social, incentivando a manutenção de empregos, com benefícios fiscais para as empresas. Outros pilares são a proteção da saúde no local de trabalho e a busca de soluções por meio do diálogo social entre autoridades, sindicatos, associações empresariais e instituições trabalhistas.