A partir de um investimento de cerca de R$ 2 milhões, a Coopercitrus Expo Digital tem meta de viabilizar negócios de quase R$ 1 bilhão entre 27 e 31 de julho. Foto da Coopercitrus Expo em sua versão presencial, organizada em 2015 Reuters A onda virtual que aflora da pandemia de coronavírus, impulsionada por medidas de distanciamento social, invadiu também o agronegócio, levando a cooperativa Coopercitrus a promover uma pioneira feira online para o setor, com a reprodução em 3D de seu tradicional evento físico. Pandemia gera incerteza para feiras do agronegócio em 2020 A partir de um investimento de cerca de R$ 2 milhões, a Coopercitrus Expo Digital tem meta de viabilizar negócios de quase R$ 1 bilhão entre 27 e 31 de julho, mantendo a força da feira anual Feacoop, dessa vez em um ambiente em 360º. A recriação da feira na internet, segundo a Pixit, agência responsável pela exposição digital, ocorre por meio da captação de imagens dos espaços físicos e da computação gráfica. Os estandes, áreas de convívio e produtos, incluindo máquinas agrícolas, serão apresentados em modelos tridimensionais baseados nos formatos reais. Os visitantes, produtores de soja, milho, laranja, café, entre outros, poderão circular virtualmente pela área de exposição e realizar negócios da mesma forma que ocorre na feira comum, com a disponibilização de "botões" para que o produtor escolha entre avançar pelos estandes e realizar negociações. Além disso, poderão acompanhar mais de cem palestras. "A navegação nos espaços virtuais que criamos proporciona uma experiência muito próxima da realidade", disse o presidente-executivo da Pixit, Flávio Machado. O CEO da Coopercitrus, Fernando Degobbi, afirma que pretende fazer história, projetando que mais de 200 mil pessoas visitem o ambiente virtual e mais de R$ 800 milhões sejam movimentados em negócios. Com essas metas, a feira poderia se aproximar dos resultados vistos no ano passado, quando viabilizou negócios de 850 milhões de reais, recebendo 12 mil visitantes na Estação Experimental de Citricultura, em Bebedouro (SP), tradicional local da Feacoop. O setor do agronegócio vem sendo um dos menos afetados pela pandemia, com o país colhendo uma safra recorde em 2019/20 e sendo beneficiado pela alta do dólar frente ao real, que deixou o produto nacional competitivo. Pandemia acelerou mudanças A proposta de alterações na feira já existia, inclusive com mais inovações digitais, mas a pandemia da Covid-19 acelerou as mudanças rumo ao mundo online, em um momento em que outros eventos do setor são cancelados ou adiados –incluindo a Agrishow, uma das maiores feiras do agronegócio do mundo, que foi transferida para 2021. "No mês de maio, a gente decidiu virar essa chave e buscar parcerias para fazer uma feira digital. O nosso conceito é fazer uma feira de verdade, não uma coisa plana, não uma plataforma de compras, mas sim uma experiência virtual, visitando estandes, vendo as máquinas… Com cara e jeito de feira", disse Degobbi à Reuters na quinta-feira. Segundo a cooperativa, 133 estandes serão montados na plataforma online, que funcionará como um website. Grandes empresas do setor, como Bayer, Corteva e New Holland, estão entre os expositores –que assinaram contratos para uma feira comum, nos mesmos moldes do evento físico. O montante projetado em negociações parte especialmente dos insumos agrícolas, como fertilizantes e defensivos, e das máquinas agrícolas. A cooperativa também vê um bom momento para negócios na esteira do Plano Safra 2020/21, que foi anunciado pelo governo federal no último dia 17 e envolve um volume recorde de R$ 236,3 bilhões em créditos agrícolas. Agro mais digital Entre as principais propostas da iniciativa está a ampliação do lado digital do agronegócio. A Coopercitrus estima que 87% dos seus cooperados tenham acesso à internet. Para produtores ainda desconectados, serão montadas áreas ao acesso virtual em centros de negociações da cooperativa, que atua em São Paulo, Minas Gerais e Goiás, já que neste ano a feira "real" não existirá. Em um mundo no qual as pessoas se acostumam cada vez mais com "lives", o desejo da feira, além de promover exposições e conversas, é usar o recurso virtual para vender –o que é tido como um desafio superável. "A questão comercial (digital) sempre tem um desafio. Até agora a gente não viu ela avançar no Brasil… (Queremos oferecer) toda a possibilidade de interagir de forma simples, com a alternativa de navegar pela feira e de clicar nos botões, se você quiser só negociar", afirmou Degobbi. "Nós não vimos nada igual ao que a gente está fazendo. Nós pesquisamos, conversei com organizadoras internacionais de grandes feiras… Nós vamos fazer história", afirmou.