Silvia Matos acredita que a contração no segundo trimestre deve ficar próximo a 10%. Os indicadores disponíveis sobre o mês de maio sugerem que a queda da atividade econômica em abril foi o “fundo do poço” da crise, disse nesta quinta-feira (18) a economista Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
“Abril com certeza é o fundo do poço e o segundo trimestre com certeza será o pior momento. O PIB do segundo trimestre deve contrair algo como 10% em relação ao primeiro trimestre deste ano”, disse a economista, reconhecendo, no entanto, que existem incertezas sobre como será a recuperação.
Segundo dados do Banco Central divulgados também nesta quinta, o nível de atividade da economia brasileira registrou retração de 9,73% em abril, na comparação com o mês anterior – a maior queda do indicador do BC desde o início de sua série histórica, em janeiro de 2003, ou seja, em pouco mais de 17 anos.
Durante seminário online sobre análise conjuntural promovido pela FGV, a economista disse que parte das famílias estão usando suas economias para manter algum nível de consumo. Em um segundo momento, essa poupança precisará ser recomposta, o que vai tornar a recuperação da economia mais lenta.
Além disso, a pesquisadora afirmou que a crise política cruzada pelo país acrescenta mais incertezas no país, o que pode “cobrar seu preço” para a recuperação econômica. “Tudo indica, portanto, que o país mostra uma saída mais lenta da pandemia, inclusive do que outros países”, disse Silvia Matos.
O Ibre/FGV prevê retração de 6,4% do PIB brasileiro neste ano. Segundo ela, os impactos serão grandes porque as medidas de isolamento social alcançaram o setor de serviços, que representa mais de 70% do PIB pela ótica da oferta, além de 70% dos empregos existente no país.
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