Plataforma de videoconferência confirmou que governo chinês solicitou interrupção de transmissões. Zoom disse que recebeu solicitações de autoridades chinesas e que seus sistemas não permitiam bloqueios específicos, o que exigiu a suspensão das contas que organizavam as reuniões Divulgação Criticado por censurar ativistas chineses em Hong Kong e nos Estados Unidos, o serviço de videoconferência Zoom disse que está construindo um sistema que vai limitar o alcance das solicitações de autoridades ao território de cada país. O Zoom é um dos poucos serviços de comunicação norte-americanos e populares que funcionam na China. O país asiático é conhecido por censurar publicações na internet e bloquear o acesso a diversos sites estrangeiros por meio do sistema "Escudo Dourado". Facebook, YouTube, Instagram, Twitter, WhatsApp, Discord e Skype sofrem bloqueios parciais ou totais na China. De acordo com a Zoom, a empresa recebeu solicitações diretas das autoridades chinesas, informando que o tema das reuniões organizadas pelos ativistas era ilegal na China. A Zoom interrompeu o serviço ou suspendeu as contas em todos os casos nos quais usuários chineses acompanhavam as reuniões. Em um dos casos, no entanto, a Zoom desconsiderou o pedido do governo após determinar que não havia usuários chineses conectados. A Zoom reconheceu que seu sistema não permitia a imposição de bloqueios por região e nem a remoção de participantes específicos, o que obrigou a empresa a interromper reuniões inteiras organizadas por usuários que residem nos Estados Unidos, além de suspender três contas que hospedavam essas transmissões. As contas já foram reativadas. A empresa vai continuar cumprindo as determinações de governos locais, mas apenas para os usuários do próprio território. "Isso nos permitirá atender às solicitações das autoridades locais quando elas determinarem que a atividade em nossa plataforma é ilegal dentro das suas fronteiras. No entanto, também poderemos proteger essas conversas para os participantes fora dessas fronteiras, onde a atividade é permitida", explica a nota no site oficial do serviço. Plataformas de comunicação enfrentam desafios na China Diversas empresas norte-americanas já tentaram oferecer seus serviços na China, mas tiveram sua participação no mercado inviabilizada. Muitas vezes, o uso das plataformas para organizar manifestações começa a exigir uma postura cada vez mais agressiva para o bloqueio de conteúdos e contas, gerando impasses. O Google criou uma versão especial do seu buscador no país asiático em 2006, filtrando resultados que desagradavam as autoridades chinesas. Mas a relação do Google com a China se deteriorou bruscamente em 2010 com a descoberta da "Operação Aurora", um ataque hacker contra funcionários do Google. Especialistas apontaram que a invasão teria sido realizada por chineses, que queriam obter acesso a contas de Gmail de ativistas de direitos humanos. O Google tentou dar um ultimato às autoridades chinesas, exigindo que seu buscador fosse oferecido sem censura. A aposta não deu certo e quase todos os serviços do Google foram desativados na China, abrindo espaço para a concorrente Baidu, que já dominava o mercado. O Facebook foi bloqueado em 2009, após ativistas usarem a plataforma para organizar protestos. O Instagram ficou inacessível em 2014 pelo mesmo motivo. O Zoom passa por uma situação semelhante. Em setembro de 2019, o serviço foi alvo de um bloqueio. Em maio de 2020, a empresa anunciou que não aceitaria novos cadastros de usuários grátis na China, limitando o alcance do serviço no país. Como o Instagram e o Facebook, o Zoom já está sendo usado para transmitir videoconferências que desagradam o regime. Em um dos casos narrados pela empresa, o governo chinês usou a divulgação de uma conferência para justificar a solicitação de bloqueio. Na prática, a Zoom pode ser obrigada a realizar censura prévia com base nas intenções dos seus usuários. Dúvidas sobre segurança, hackers e vírus? Envie para g1seguranca@globomail.com