Entre aqueles que ganham até R$ 1 mil por mês, percentual do salário usado para cobrir despesas feitas no cartão chega a 60,7%, segundo Serasa Experian. Levantamento mostra também que 13,3% pagaram a fatura com atraso em abril. Brasileiro compromete em média 29% da renda com gastos no cartão de crédito, mostra pesquisa Reprodução/RPC Os gastos com cartão de crédito representam, na média, 29,2% da renda do consumidor brasileiro, de acordo com levantamento inédito da Serasa, com base nas informações do Cadastro Positivo. A pesquisa mostra também que, quanto menor o poder de compra, maior é percentual do salário comprometido com esse tipo de despesa. Entre os consumidores que ganham até R$ 1 mil por mês, o gasto médio com cartão ficou em R$ 524 no último mês de abril, ou o equivalente a 60,7% da renda destes brasileiros. Já na faixa de renda entre R$ 1 mil e R$ 2 mil, o percentual abocanhado pelas faturas chega a 48,4%, caindo para 14,2% entre aqueles com rendimentos acima de R$ 10 mil. Veja tabela abaixo: Percentual da renda comprometida com cartão de crédito, por faixa salarial Economia G1 De acordo com o estudo, a média de gastos com cartão de crédito no país foi de R$ 1.125 em abril. Este valor cai praticamente pela metade entre a população jovem de 18 a 25 anos (R$ 581) e atinge o valor mais elevado entre os adultos de 36 a 60 anos (R$ 1.263). Segundo a Serasa, 13,3% dos consumidores pagaram a fatura com atraso em abril, sendo que 3,6% pagaram apenas o valor mínimo, sobretudo consumidores com renda de até R$ 1 mil (6,4%) e acima dos 60 anos (11,3%). O levantamento considerou uma amostra de 1,7 milhão de pessoas da base de dados do Cadastro Positivo da Serasa Experian. Os piores índices de pontualidade, considerando tanto a quitação integral da fatura como o pagamento mínimo, foram registrados no Amapá (81,5%), Maranhão (81,6%) e Amazonas (81,7%). Já os estados com maior pontualidade em abril foram Santa Catarina (88,8%), Rio Grande do Sul (88,6%) e Paraná (88,3%). Uso de cartão de crédito aumenta em período de pandemia da Covid-19 Metade dos consumidores usa dois ou mais cartões O levantamento mostra ainda que metade dos consumidores possuem dois ou mais cartões de crédito, sendo que 12,5% lidam com 3 cartões ao mesmo tempo e 9,6% com quatro ou mais. Já os outros 50% utilizaram apenas um em abril. O cartão de crédito é de longe o principal tipo de dívida do brasileiro, sendo citado por 76,7% dos consumidores, segundo pesquisa mensal da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A Serasa destaca que a pontualidade nos pagamentos influencia a pontuação de crédito, conhecida como score e, consequentemente, as suas chances do consumidor ter mais sucesso na hora se solicitar um financiamentos ou empréstimos. “Se bem utilizado, o cartão é uma excelente modalidade de pagamento, que pode auxiliar na organização dos consumidores. Os problemas surgem quando o limite pré-aprovado vira uma extensão da renda e os gastos ultrapassam a capacidade de pagamento. Como os brasileiros de menor renda têm menos margem de manobra com o próprio orçamento, muitos recorrem ao cartão para concentrar despesas e ganhar fôlego até o vencimento da fatura”, alerta o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi. Vale lembrar ainda que os juros do cartão de crédito rotativo estão entre os mais altos do mercado. Segundo dados do Banco Central, a taxa média do cartão de crédito rotativo, para as pessoas físicas, ficou em 313,4% ao ano, em abril. Em meio à pandemia, famílias evitam novas dívidas, mas cresce a fatia das que não conseguirão pagar contas em atraso