Governo Trump criticou por anos o fracasso da OMC em responsabilizar a China por práticas comerciais desleais. O governo dos Estados Unidos pressionará por uma ampla redefinição de "determinações tarifárias desatualizadas" na Organização Mundial do Comércio para corrigir o que vê como anos de tratamento injusto em relação aos EUA, disse o representante comercial dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, a parlamentares nesta quarta-feira (17).
Lighthizer disse que mudanças nas tarifas estabelecidas pela OMC são urgentemente necessárias para melhor refletir as realidades econômicas atuais.
"Muitos países com economias grandes e desenvolvidas mantêm tarifas muito altas, muito acima das cobradas pelos Estados Unidos", disse ele em depoimento preparado para audiências separadas a serem realizadas diante do Comitê de Caminhos e Meios da Câmara dos Deputados dos EUA e do Comitê de Finanças do Senado.
Ele disse que Washington também buscará apoio mais amplo para suas propostas relacionadas à aplicação de notificações e "tratamento especial e diferenciado" para os países em desenvolvimento.
O governo Trump criticou por anos o fracasso da OMC em responsabilizar a China por práticas comerciais desleais, e insiste que a China – a segunda maior economia do mundo – não deve mais ser tratada como um país em desenvolvimento.
Lighthizer disse que a OMC e seu Órgão de Apelação trataram os Estados Unidos como "o maior abusador comercial do mundo", apesar de seu grande déficit comercial, ao considerar os EUA culpados em até 90% das disputas registradas perante a organização comercial.
Essa atitude prejudicou o processo de negociação da OMC, já que os países agora acreditam que podem obter melhores resultados por meio de litígios, disse ele.
Washington, no ano passado, já havia afetado a capacidade da OMC de intervir em guerras comerciais depois de bloquear as nomeações para o Órgão de Apelação, que decide sobre recursos em disputas comerciais.
Diretor-geral da OMC, brasileiro Roberto Azevedo, anuncia que vai deixar o cargo em agosto
O atual presidente da OMC é o brasileiro Roberto Azevêdo – que anunciou que deixará o cargo antecipadamente, em agosto, após longa campanha de esvaziamento de poder da entidade e contínuas investidas de Washington, o que começou ainda no governo de Barack Obama, mas tomou corpo e voz sob a administração de Donald Trump.