Em maio, houve deflação de 0,19% para a renda mais baixa e de 0,57% para a renda mais alta. A crise provocada pela Covid-19, que reduz a demanda interna e desestimula a alta de preços, gerou deflação em todas as faixas de renda em maio. Mas as famílias com renda mais alta perceberam quedas de preços mais intensas em comparação com as com renda mais baixa. É o que mostra o Inflação por Faixa de Renda do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta quarta-feira (17).
Em maio, o Ipea apurou deflação de 0,19% para as famílias com renda muito baixa e, no outro extremo, de 0,57% para as com renda mais alta. Nas famílias de renda baixa, a queda de preços no mês foi de 0,26%; nas de renda média baixa, de 0,34%; nas de renda média, de 0,42%; e nas de renda média alta, de 0,39%.
No indicador, o Ipea pesquisa seis faixas de renda. A de renda muito baixa, com ganhos mensais no domicílio de até R$ 1.543,599, representa 29,27% do total de domicílios brasileiros. Outras classificações são a renda baixa, com ganhos entre R$ 1.534,55 e R$ 2.301,83, que representa 17,49% do total de residências no país; renda média baixa, na faixa de R$ 2.301,83 e R$ 3.836,38, com parcela de 21,28%; renda média, entre R$ 3.836,38 e R$ 7.672,77 e fatia de 20,05%; renda média alta, com ganhos mensais entre R$ 7.672,77 e R$ 15.345,53 e participação de 8,31%; e renda alta, na faixa acima de R$ 15.345,53 mensais, e parcela de 3,61% no total de domicílios brasileiros.
Na prática, os preços e serviços que mais caíram de preço durante a pandemia são mais consumidos por famílias de renda alta, detalhou o Ipea. Um dos exemplos citados pelo instituto foram as quedas de preço registradas em itens como passagens aéreas (-27,1%) e combustíveis (-4,6%). Essas quedas influenciaram grupo de Transporte, classe de despesa que, sozinha, contribuiu com 0,57 ponto percentual negativo na deflação em maio para classe mais alta.
Em contrapartida, na pandemia, houve aumento de consumo de alimentos e, por consequência, alta de preços nesse campo, por conta de demanda em alta. Produtos da cesta básica alimentícia são mais consumidos por famílias com menor renda, lembrou o Ipea. Altas de preços em itens como cereais (3,7%) e tubérculos (5,7%), em maio, fizeram com que o grupo Alimentação tivesse contribuição positiva de 0,08 ponto percentual na variação de preços percebida entre as famílias com renda mais baixa, no mês passado, informou o instituto. Assim, na prática, a inflação vem exercendo pressão maior entre as famílias de menor renda esse ano, observou o Ipea.
No acumulado do ano até maio, a inflação nas famílias com renda muito baixa ficou em 0,45% – sendo que, nas famílias com renda alta, a variação de preços acumulada é de queda de 0,45%. Para a renda baixa, a inflação acumulada até maio é de 0,08%. Para a renda média baixa, houve deflação de 0,23% no acumulado de janeiro a maio; para a renda média, de 0,34%; e para a renda média alta, de 0,25%.