Mundo deve registrar maior recessão desde a Segunda Guerra Mundial; no Brasil, economia deve se contrair em 8%. A pandemia do coronavírus deve empurrar a economia global para a maior recessão desde a Segunda Guerra Mundial. Segundo estimativas divulgadas nesta segunda-feira (8) pelo Banco Mundial, o Produto Interno Bruto (PIB) mundial deve se contrair em 5,2% este ano. A estimativa é semelhante à divulgada em abril pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que estimou a queda do PIB em 5,3% em 2020. A queda deve ser mais acentuada entre as economias avançadas, onde a previsão é que o PIB encolha 7%. Nos países emergentes e em desenvolvimento, no entanto, a contração de 2,5% na economia, junto à queda de 3,6% na renda per capita, "levará milhões de pessoas à situação de pobreza extrema neste ano", diz o Banco Mundial. Se confirmada, será a primeira contração das economias emergentes e em desenvolvimento como grupo em pelo menos 60 anos. Além disso, diz o BM, interrupções no sistema escolar e no acesso à atenção de saúde primária provavelmente terão impactos duradouros no desenvolvimento do capital humano. “Trata-se de uma perspectiva profundamente desanimadora, com a probabilidade de a crise causar cicatrizes duradouras e impor grandes desafios globais”, disse em nota a Vice-Presidente de Crescimento Equitativo, Finanças e Instituições do Grupo Banco Mundial, Ceyla Pazarbasioglu. “Nossa primeira ordem do dia é fazer face à emergência global de saúde e econômica. Além disso, a comunidade global deve unir-se para encontrar maneiras de reconstruir a recuperação mais robusta possível para evitar que mais pessoas caiam na pobreza e no desemprego”. Em todo o mundo, a recessão deve registrar a maior proporção de economias com queda no PIB per capita desde 1870. Estimativas do Banco Mundial para o PIB Economia G1 América Latina e Brasil Segundo o Banco Mundial, a crise afeta mais severamente os países em que a pandemia foi mais grave e onde há forte dependência do comércio global, do turismo, da exportação de produtos primários e do financiamento externo. Com isso, a América Latina, fortemente dependente da exportação de commodities, deve registrar queda de 7,2% no PIB deste ano. "Será uma recessão muito mais profunda do que as que aconteceram durante a crise financeira global de 2008-2009 e na crise da dívida da década de 1980", diz a entidade. "Essa estimativa assume que a atividade econômica cairá ao seu ponto mais baixo no segundo trimestre deste ano, quando as medidas de mitigação estão no seu ponto mais alto. Neste cenário, a normalização das condições domésticas e globais permitiria o crescimento regional se recuperasse para 2,8% em 2021". A contração deve ser ainda mais severa no Brasil. Segundo o Banco Mundial, devido às medidas de contenção ao coronavírus, queda acentuada nos investimentos e quedas nos preços globais das commodities, a economia do país deve registrar contração de 8% este ano – recuperando apenas parte das perdas em 2021, com alta estimada de 2,2%. A previsão é mais pessimista que a do mercado financeiro, que espera queda de 6,48%. Presidente do Banco Mundial estima que 60 milhões de pessoas vão entrar na extrema pobreza Recuperação Em um cenário em que a pandemia se atenue o suficiente para permitir a suspensão das medidas de mitigação internas até meados do ano nas economias avançadas e um pouco mais tarde nas emergentes e em desenvolvimento, o crescimento global deve recuperar-se para 4,2% em 2021. Nas economias avançadas, a estimativa é de crescimento de 3,9% no próximo ano, e de 4,6% nas emergentes e em desenvolvimento. "No entanto, as perspectivas são extremamente incertas com o predomínio de riscos no sentido descendente, incluindo a possibilidade de uma pandemia mais prolongada, instabilidade financeira e retração do comércio global e cadeias de suprimento. Um cenário mais negativo poderia acarretar uma redução da economia global em até 8% neste ano, seguida de uma recuperação lenta em 2021 de apenas 1%", adverte o Banco Mundial. “O episódio atual já provocou de longe o rebaixamento mais rápido e mais acentuado das previsões de crescimento global de que se tem registro. Se o passado serve de guia, pode haver mais rebaixamentos no futuro, o que significa que os formuladores de políticas devem estar prontos para empregar medidas adicionais de apoio à atividade econômica”, disse em nota o diretor do Prospects Group do Banco Mundial, Ayhan Kose.