Residente no Canadá, artista baiano anuncia o quinto álbum com música em que denuncia os assassinatos cotidianos do povo preto em ações de policiais em favelas e ruas do Brasil. ♪ Cantor e compositor baiano residente no Canadá desde 2002, Bruno Capinan vive em Toronto, cidade que também tem sido cenário de violentos protestos antirracistas por conta da morte do negro norte-americano George Floyd (1974 – 2020) na última segunda-feira, 25 de maio, em abordagem assassina de policial branco dos Estados Unidos. Mas é mera coincidência que o tema do primeiro single do quinto álbum do artista, Oitenta, seja a matança de homens negros por policiais. Com capa criada por Capinan a partir de foto de Daryan Dornelles, o single Oitenta chega ao mercado fonográfico na sexta-feira, 5 de junho, no momento em que a América do Norte está inflamada pela indignação popular contra o assassinato de Floyd. Contudo, como já explicita a expressiva imagem da capa do single, o foco da letra de Oitenta está direcionado para o Brasil. Capinan protesta na letra contra a matança cotidiana de negros no Brasil em ações truculentas de policiais em favelas e ruas do país. O título Oitenta alude aos 80 tiros disparados por policiais militares em direção ao músico carioca Evaldo dos Santos Rosa (1968 – 2019) em abordagem brutal que chocou o Brasil em 7 de abril de 2019. “A polícia mata preto lá em Vidigal / A polícia mata preto em Vigário Geral / A policia mata preto até em Salvador / A polícia mata preto no cartão postal do Brasil / Matando preto como nunca se viu”, relata Capinan em versos de Oitenta, música gravada com produção musical orquestrada à distância. Músicos do Brasil, Bem Gil (guitarra) e Rafael Rocha (handsonic e synth) figuram na gravação em que, além de cantar, Capinan toca violão. Capa do single 'Oitenta', de Bruno Capinan Daryan Dornelles Se o título Oitenta remete ao assassinato do músico Evaldo dos Santos, a inspiração da composição veio de crime mais remoto. Capinan compôs a música Oitenta após assistir à entrevista de Clarice Lispector (1920 – 1977) em que a escritora falava sobre a crônica Um grama de radium – Mineirinho, em que discorreu sobre a morte – com 13 tiros, em maio de 1962 – de José Miranda Rosa, temido e lendário bandido da década de 1960, conhecido pela alcunha de Mineirinho por ter nascido em Minas Gerais. Além de Oitenta, o quinto álbum de Bruno Capinan inclui outras oito músicas no repertório inteiramente autora. Clareza, Quando te encontrei, Quatro paredes sólidas e Tomorrow (canção escrita em inglês) são algumas das nove faixas do primeiro álbum do artista desde Real (2019). Com formatação intercontinental, o disco foi gravado entre as cidades de Toronto, Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Paulo (SP), Paris (França) e Lisboa (Portugal). Mas predominam na ficha técnica músicos brasileiros como Kassin, Gustavo Ruiz, Domenico Lancellotti, Diogo Strausz (responsável pela mixagem do álbum), Felipe Guedes, Bruno Di Lullo, Ubunto, João Leão e Thomas Harres, além dos já mencionados Bem Gil e Rafael Rocha. O lançamento do quinto álbum de Bruno Capinan está previsto para o segundo semestre deste ano de 2020.