Donos do Kaia implementaram um sistema de entregas por aplicativo em abril, mas operação ainda não gera receita suficiente para cobrir despesas. Empréstimo para capital de giro será pago em 2 anos. Dono de bar se mostra confiante para saída da crise Mesmo erguendo "barricadas" e aderindo ao sistema de delivery, o bar Kaia, que fica no centro da cidade de São Paulo, tem passado por aperto financeiro e teve que buscar, pela primeira vez, um empréstimo para capital de giro para conseguir sobreviver em meio à crise gerada pela pandemia do coronavírus. Na primeira vez em que o G1 conversou com o dono do bar, Younes Bari, em abril, ele e os seus sócios tinham acabado de aderir ao sistema de delivery por meio de aplicativo e de entregas feitas por bicicleta pelos próprios sócios, para os moradores do bairro. Porém, logo depois, Younes acabou sofrendo um leve acidente de bicicleta e os sócios decidiram ficar apenas com as entregas por aplicativo. "Durante o primeiro mês foi muito difícil manter as contas em ordem, porque o repasse do iFood demora 30 dias. […] Boa parte dos recursos também ficam com eles", contou. O G1 está acompanhando as histórias de empreendedores que estão tentando sobreviver à crise provocada pela pandemia do coronavírus e pelo fechamento dos negócios necessário para conter a disseminação da doença. Veja aqui o que os mesmos empresários contaram em abril; e os novos depoimentos este mês: 'Palavra de ordem agora é sobreviver', diz dona de rede de lavanderias no Rio ‘Estou sem perspectiva nenhuma’, diz dono de bar fechado no Rio diante da pandemia Para gerar receita, buffet implementa delivery de refeições, mas ainda usa reserva financeira 'Tivemos de reinventar nossos negócios', diz sócio de bar e escritório prejudicado pelo coronavírus 'Vamos sobreviver com muita dificuldade e muito esforço', diz empresário afetado pela crise Estratégias O sistema de "pegue e pague" montado diariamente na frente na frente do bar – que é chamado de "barricadas" pela equipe do Kaia – "é o que tem salvado", em parte, a empresa. De um mês normal de antes da pandemia para os dias de hoje, as vendas mensais do bar caíram cerca de 80%. "Barricada" na frente do bar Kaia – 19/03/2020 Paula Salati/G1 Portanto, para conseguir deixar as despesas fixas e variáveis em dia, Younes foi pela primeira vez ao banco pedir um empréstimo para a sua empresa. "Hoje vou atrás do primeiro empréstimo da minha vida", disse Younes, no dia 15 de maio. Dias depois, ele conseguiu um financiamento para capital de giro no valor de R$ 50 mil para pagar em dois anos. "Sei que muitas empresas não estão conseguindo empréstimo, mas como já temos um bom relacionamento com o banco e um score de crédito alto, acabamos conseguindo". Por outro lado, Younes percebeu que os juros da linha ele contratou em um banco privado aumentaram de 1,91% ao mês, no início do quarentena, para 2,95% em maio. Ele já estava interessado em tomar crédito em abril, mas decidiu esperar mais um pouco para ter um tempo maior de carência. "Esse aumento de juros em um tempo tão pequeno mostra que os bancos não querem tomar risco", diz Younes. Além de honrar os compromissos financeiros, Younes conta que o empréstimo é importante para que o bar continue cozinhando com ingredientes de qualidade. "Não queremos baixar nosso padrão", afirma. Somente os sócios do Kaia continuam trabalhando, enquanto os sete funcionários CLTs da empresa continuam em casa, recebendo o Benefício Emergencial do governo federal – que paga parte do equivalente ao seguro-desemprego para trabalhadores que tenham o contrato suspenso. Porém, Younes não saber dizer até quando esta situação deve perdurar.