'É muito triste, porque as pessoas realmente não têm o que comer', diz atriz. Patrícia Pillar e Mariana Ximenes também comentam crise no entretenimento. Claudia Raia e Jarbas Homem de Mello agradecem público português que assistiu 'Conserto Para Dois' Divulgação Com mais de 30 anos de carreira no teatro e na televisão, Claudia Raia diz estar preocupada com a crise na cultura e critica a falta de iniciativas para o setor. "Muito triste tudo isso que a gente está vivendo, muito triste e preocupante. Acaba que o governo não tem um plano para arte, absolutamente nada, como se a arte fosse dispensável", afirmou a atriz em entrevista por teleconferência, sobre o relançamento de "A Favorita", no Globoplay. "Eu, como produtora de teatro, estou com minha equipe todinha parada e sendo remunerada. Eu simplesmente, eu não aceito ter que mandar uma equipe inteira embora e contribuir com o desemprego." Antes do isolamento social, a atriz estava em turnê com a peça "Conserto para Dois", com o marido e ator Jarbas Homem de Mello, em Portugal. Depois, eles seguiriam com o espetáculo no Brasil. Claudia Raia e Jarbas Homem de Mello durante turnê de 'Conserto Para Dois' em Portugal Divulgação "A gente antecipou a volta em duas semanas, quase que fugidos, porque o governo fechou tudo", conta Claudia. "Consegui tirar minha equipe de 15 pessoas em 24h, se não a gente não conseguiria mais sair do país". Com teatros fechados e sem previsão retorno, a atriz se preocupa com as pessoas que trabalham com arte e que estão com a renda completamente afetada. "É muito triste porque as pessoas realmente não têm o que comer. As pessoas não têm como sobreviver", afirma. O podcast abaixo mostra que situação é semelhante na música. "Nós estamos sem pai nem mãe completamente, já faz um tempo e agora com esse novo governo mais ainda, completamente abandonados. E isso me preocupa muito, porque realmente não tem uma luz no fim do túnel", continua. A Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira (26) um projeto de lei que destina R$ 3 bilhões ao setor cultural durante a crise do coronavírus. O pagamento emergencial de três parcelas de R$ 600 aos profissionais informais do setor ainda depende da aprovação no Senado. Equipes sem trabalho Patricia Pillar, que também atuou em "A Favorita", vai além e diz que há um "plano de extermínio do artista e da cultura". "A classe artística, os intelectuais são a consciência e a liberdade em uma sociedade. Acho que nós somos os primeiros a ser combatidos, existe, sim, um plano de extermínio para que calem as nossas vozes", diz Patricia. Como a arte trabalha com aglomerações, a atriz ressalta a importância de um "projeto de apoio às pessoas que estão em muita dificuldade" e lembra como a indústria do entretenimento emprega milhares de pessoas. "E aí vem o preconceito: 'Ah artista rico quer receber apoio', não se trata disso. Quantos cenotécnicos, quantos caras da sonoplastia, camareiros, iluminadores, maquinistas… É uma equipe gigantesca, gente que depende disso para alimentar suas famílias", explica Patricia. "Os artistas representam também uma indústria, são muitos empregos. O ódio em relação à liberdade e à criação é tão grande que eles não conseguem nem ver que nós somos empregadores também." Flora (Patrícia Pillar) e Lara (Mariana Ximenes) em cena de 'A Favorita' Globo/ Zé Paulo Cardeal Mariana Ximenes também reforçou a importância da arte para a sociedade. "A arte, cultura e educação é a formação do cidadão, do povo", diz ela. "Assim como no audiovisual, na TV e no teatro, a moda, a música tem muita gente por trás e esses empregos que são gerados através das produções não existem mais. Está todo mundo desempregado e é desesperador mesmo", concluiu. Os reencontros nostálgicos de elencos durante a quarentena