Campeões de bilheteria e queridinhos do público estão entre lançamentos em DVD e Blu-ray no Brasil. Produtoras e distribuidoras falam da força das mídias físicas na quarentena. Distribuidoras voltam a vender DVDs na pandemia Jens Buttner/dpa-Zentralbild/dpa Picture-Alliance/AFP/Arquivo A nostalgia da quarentena ressuscitou mais um hábito antigo: os filmes em DVD e Blu-ray. Produtoras e distribuidoras de cinema investem como podem no relançamento de grandes sucessos dos últimos anos para tentar salvar as contas negativas dos meses sem cinemas e estreias. Em alguns casos, a decisão foi estudada. Em outros, foi por acaso. Disney, Universal Pictures, Paramount Pictures, Imovision e Alpha Filmes decidiram voltar a produzir ou intensificar os lançamentos em mídia física nos últimos três meses, quando começou o isolamento social para conter a pandemia do novo coronavírus. Mas essa é uma alternativa apenas para atenuar a crise, concordam as empresas. Para um filme dar certo em DVD na era do streaming, ele precisa ter feito sucesso nos cinemas e ter fãs dedicados. Festivais on-line vão amenizar prejuízos do cinema de arte? Cinemas drive-in se multiplicam no Brasil e viram opção Semana Pop: conheça mais do cinema coreano com dez filmes essenciais do país O maior exemplo recente de um filme que preenche esses dois requisitos é "Parasita", vencedor do Oscar neste ano. E ele será lançado em DVD neste mês (relembre 'Parasita' no vídeo acima). "Recebemos inúmeros pedidos pelas nossas redes sociais. As pessoas desejam ter o filme fisicamente. Este mês será o lançamento em DVD e no próximo mês, o Blu-ray", conta Tina Alvarenga, diretora da Alpha Filmes. Segundo Alvarenga, este é o único filme que pretendem lançar. “Nos últimos tempos, [essa alternativa] não se mostrou rentável. Acredito que apenas um filme premiado como ‘Parasita’ pode se sustentar assim.” Terror em alta 5 clichês que ainda estão no 'pós-terror' Por coincidência, os quatro longas escolhidos por Universal e Paramount para lançamento no Brasil são de terror recente: “Corra!”, “Nós”, “Cemitério maldito” e “Halloween”. “A escolha não foi pelo gênero. São filmes para os quais havia demanda para o lançamento no formato no Brasil, pois de perfil mais cult e de franquias ícone que os fãs adoram”, justifica Madalena Martins, relações públicas da Sony Pictures Home Entertainment. Ela distribui os títulos em mídias físicas da Paramount e Universal no Brasil. A decisão aconteceu após uma “sensível procura pela mídia física por parte das lojas online”, segundo Martins. A Imovision, distribuidora independente por trás de muitos lançamentos europeus, escolheu um brasileiro para ser o carro-chefe da volta do DVD e do Blu-ray: “Hoje eu quero voltar sozinho”. A bilheteria de mais de US$ 1,2 milhão no mundo impulsionou a escolha, mas só isso não basta, segundo a empresa. “Na época que foi lançado, vendeu mais de 200 mil ingressos, mas as pessoas têm um laço afetivo forte com o filme. Recebemos muitos pedidos para esse lançamento por que as pessoas queriam tê-lo em casa”. Terror e franquias são apostas para DVDs e Blu-rays na pandemia Jens Buttner/dpa-Zentralbild/dpa Picture-Alliance/AFP/Arquivo Além desse lançamento, a distribuidora voltou a vender títulos que fizeram sucesso no Brasil. "Na primeira semana, vendemos mil [cópias]. É muito animador. Não sei se vai continuar, mas eu sei que já ganhamos essa aposta. Mantém a cumplicidade com o público e, quem sabe, a gente ganha um lucro com isso", diz Jean Thomas Bernardini, presidente da Imovision. “A gente percebeu que muito cinéfilo até tinha desistido de comprar. Mas achamos que pode acontecer o mesmo fenômeno dos LPs, que viraram artigos de colecionador”, completa Bernardini. Já a Disney apostou em franquias e sequências bem-sucedidas. Desde fevereiro, lançou "Star Wars: A Ascensão Skywalker", "Frozen 2" e "Um Espião Animal". Até julho, têm programados "Jojo Rabbit", "Ameaça Profunda", "O Chamado da Floresta" e "Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica". A derrocada dos DVDs O mercado de filmes em mídia física sofreu um primeiro baque no fim dos anos 2000 com a pirataria. Depois, no começo dos anos 2010, sofreu com o surgimento dos serviços de streaming. Mas foi só no ano passado que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) oficializou o fim da era dos DVDs nos lares brasileiros. Para fazer o cálculo da inflação, o IBGE tirou os DVDs e incluiu os serviços de streaming entre os hábitos das famílias no país.