Cantora mostra em primeira mão a música 'Lembrando da estrada', uma das nove composições autorais do álbum 'Só'. Adriana Calcanhotto canta 'Uns versos' em live feita na noite de sábado, 23 de maio Reprodução / Vídeo Resenha de live – Série #EmCasaComSesc Artista: Adriana Calcanhotto Data: 23 de maio de 2020, das 19h às 20h10m Cotação solidária: * * * * * ♪ “Onde será que você está agora?”, perguntou Adriana Calcanhotto ao dar voz aos versos finais da canção autoral Metade (1994) – sucesso do terceiro álbum da artista, A fábrica do poema (1994) – em live feita na noite de sábado, 23 de maio. “Espero que seja em casa”, gracejou a cantora, improvisando e dando a única resposta ideal para a pergunta da canção no atual momento de isolamento social enfrentado pelo povo brasileiro para conter a pandemia do coronavírus. Quem estava em casa e assistiu à live de Calcanhotto na série #EmCasaComSesc ouviu em primeira mão Lembrando da estrada, uma das nove inéditas canções autorais do álbum, Só, que a cantora lança na próxima sexta-feira, 29 de maio. Como a letra de Lembrando da estrada exemplificou, trata-se de cancioneiro que versa sobre “coisas do agora”, como ressaltou Calcanhotto, caracterizando o álbum Só como “disco emergencial“ nascido de “surto criativo“ tido pela compositora durante esse período de confinamento. Lembrando da estrada foi a maior surpresa de live que alcançou pico de mais de 26 mil visualizações simultâneas na parte final da transmissão. Mas houve outras, tão grandes quanto. Antes da apresentação da música inédita, enquanto Calcanhotto cantava Mentiras (1992), o espectador ouviu barulho durante a transmissão. Não foi falha técnica, mas, sim, o ruído provocado por gata que tinha revirado a cozinha da casa da artista. Com a espirituosidade já notória nos shows da cantora, Calcanhotto brincou que somente o Sesc – empresa patrocinadora da série diária de lives – poderia lhe proporcionar fazer show com gata no palco. Palco que, no caso, era um cômodo da casa em que a artista está confinada desde março na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Sem aparentar o “suorzinho nas mãos”, mencionado para justificar o fato de não cantar a citada música A fábrica do poema (Adriana Calcanhotto e Waly Salomão, 1994) pelo nervosismo e insegurança de tocar a composição ao vivo, a cantora se acompanhou ao violão em live cujo roteiro foi calcado em sucessos da discografia iniciada pela artista há 30 anos com a edição do álbum Enguiço (1990). Só que houve ao menos duas músicas inusitadas nesse roteiro de hits, Para lá (Adriana Calcanhotto e Arnaldo Antunes, 2008) e Uns versos (1996), canção autoral que Calcanhotto há anos não apresentava ao vivo e que resolveu “arriscar” cantar, como ressaltou. “Não tentem fazer isso… sair”, advertiu a cantora, reforçando a necessidade do isolamento social ao comentar uns versos da letra dessa canção lançada há 24 anos na voz de Maria Bethânia no álbum Âmbar (1996). Entre músicas como Seu pensamento (Dé Palmeira e Adriana Calcanhotto, 2008), destaque de roteiro da live encerrada com Vambora (1998), Calcanhotto incursionou pelo universo lúdico de Adriana Partimpim ao dar voz à canção Fico assim sem você (Cacá Morais e Abdullah, 2002), maior sucesso do heterônimo infantil da artista. Contudo, quem estava em cena, ou melhor, em casa, era mesmo Adriana Calcanhotto, a sós com o violão, lembrando da estrada e de canções como Eu sei que vou te amar (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1959) entre hits e gatos.