Ao G1, ele conta que pandemia adiou reunião de planejamento da carreira internacional, mas está estudando espanhol. Cantor também fala de sua relação com música cristã; ouça entrevista. Luan Santana teve que cancelar uma reunião em Miami, para falar de carreira internacional, por causa da pandemia da Covid-19. Teve também que trocar os shows lotados por uma live no jardim de sua mansão em Alphaville, na Grande São Paulo, onde está com a família. O show no YouTube, no fim de abril, foi a segunda live dele. Antes, fez uma apresentação religiosa no Instagram, em março, com convidados. "Eu falei: 'As pessoas precisam de calma. Eu quero chamar alguém que passe calma, paz pras pessoas que vão ver'. Eu sou um grande amigo do Padre Fábio, né? Foi o primeiro nome que eu liguei." Em entrevista ao G1, por telefone, Luan falou ainda sobre o que está fazendo durante o isolamento social (basicamente, lendo livros, estudando espanhol e vendo lives). Ouça entrevista no podcast acima e leia a conversa abaixo. Luan Santana canta em sua primeira live no YouTube Reprodução/Canal oficial do artista G1 – Você sempre quis cantar para cada vez mais gente… Mas pela primeira vez na carreira, você tem que lidar com o que a gente vive agora, de fazer algo legal, mas sem aglomeração. Como você fez sua live pensando nisso? Luan Santana – Esse foi o principal desafio, né cara? Apesar que esse momento é um momento muito íntimo que a gente vai entrar na casa das pessoas e que elas estão juntas, a família está junta e precisa se sentir abraçada pela nossa música. O importante é fazer isso e regado às doações, ao lance de ajudar as pessoas. Falando de cenário e de estrutura, é o jardim da minha casa. O cenário é todo natural, ao invés de usar leds, equipamentos de iluminação e de projeção de efeito especial… eu usei só coisas naturais, com as flores e tal. E pra captação de vídeo não sei te dizer quantas pessoas tinha, mas foi o mínimo possível pra uma transmissão de imagem com qualidade de som e imagem. G1 – Uma coisa que é comum nas lives é que as famílias ajudam. Aconteceu com o Dennis DJ, com Sandy & Junior… Como a sua família te ajudou? Luan Santana – No meu caso, foi o meu roadie, né? Aquela pessoa que fica levando toalhinha, água, todas as coisas… Minhas roadies foram a Jade [noiva] e a Bruna, minha irmã. Na churrasqueira, fazendo um churrasquinho pra gente, estava o meu primo. A minha mãe também ficou fazendo umas outras coisas ali. É muito importante a gente passar um bom exemplo, além de cuidar dos nossos, né cara? Eu acho que a gente passa por um momento bem delicado que a gente tem que pensar certinho, antes de fazer as coisas. Eu já estou com mil ideias na minha cabeça pra próxima. G1 – Você teve chance de ver muitas lives, antes de fazer a sua. E você viu lives com aglomeração, viu várias ideias sendo postas em prática… Você viu bem o que cada artista estava fazendo para pensar no que poderia funcionar ou não? Luan Santana – Eu acho que a live, esse gênero, esse modo live é uma oportunidade de a gente ser a gente mesmo. É algo que eu sempre pensei: "eu preciso ser eu mesmo". Quem eu sou? O que é que eu vou falar? Qual vai ser o meu discurso? Que sentimento eu vou passar, vai ser de uma coisa engraçada, vai virar vários memes cômicos… O que eu quero transmitir? Pensei em estar ali com minha família e no máximo dois músicos. Quero evitar aglomerações, me divertir acima de tudo. A gente separou um repertório de 52 músicas [risos] e vamos ver se a gente estende. E aí no meio da live, eu falei "Depois de cinco minutos, vou voltar". Era como se fosse um clube secreto, ali, sabe? Voltamos sentados, com a imagem paradinha ali, só fazendo um modão que é algo que faz parte da minha infância e da minha formação musical. Foi muito genuíno e sincero. Luan Santana Divulgação G1 – Sua primeira live foi uma live gospel no Instagram. Por que você decidiu fazer essa primeira live com músicas religiosas? Luan Santana – Foi naquele primeiro momento, né cara? Em que a pandemia se espalhou e todo mundo começou a ficar em casa. Se não me engano, eu acho que eu fui o primeiro que fez live, no Instagram. E aí eu falei: "O que as pessoas precisam agora, como a gente pode ajudar, qual a forma mais efetiva de chegar no coração das pessoas e acalmar todo mundo, né?" Hoje em dia, não que esteja calmo, mas as pessoas já entenderam. Eu falei: "As pessoas precisam de calma. Eu quero chamar alguém que passe calma, paz pras pessoas que vão ver". Eu sou um grande amigo do Padre Fábio, né? Foi o primeiro nome que eu liguei. Logo depois, liguei pro Deive Leonardo e pro André Valadão [pastores]. E foi uma comoção essa live. Tanto pra mim, quanto pras pessoas que assistiram. Porque foi emocionante, eu acho que foi de muito bom tom assim e as pessoas tiraram muito proveito das coisas que a gente disse, das músicas que a gente cantou. Causou um efeito muito lindo. G1 – Como é a sua ligação com música religiosa? Tinha costume de ir a cultos, missas na infância e na adolescência? Luan Santana – Minha ligação é total, cara. Antes de eu começar a fazer show, antes de ter uma carreira, eu tocava na igreja, eu aprendi a tocar violão pra tocar na igreja. Então, eu conheço muita coisa de música religiosa. Não é algo que é fora do meu mundo. "Eu estudei em colégio católico, né? E participava dos grupos e tocava nas missas direto, toda semana. É um ambiente que eu me sinto muito confortável. Que eu posso dizer com propriedade." Veja os melhores momentos do show de Luan Santana no Festival de Inverno Bahia G1 – O que você quer fazer na segunda live? O que acha que tem que repetir e quer fazer de mais diferente? Luan Santana – O meu sonho era conseguir juntar os meus músicos, cara. Juntar, mesmo que separados. Eu falo de bateria e todo mundo que costuma fazer os shows comigo na estrada. Eu estou tentando achar um jeito. Antes de te ligar, eu tive uma outra ideia que me veio na cabeça. Mas estou naquela fase de brainstorm ainda comigo mesmo. Pensando em algum jeito de ser diferente das outras lives e que se encaixe dentro do que a gente precisa hoje em dia que é de evitar aglomeração e tal. G1 – Você tem visto muita live, até quem não via muito show na TV está vendo, então imagino você que já acompanhava tanto… Quais você gostou mais? Luan Santana – Uma que eu adorei foi a da Ivete, da Sandy & Junior, eu também adorei. Eu estou vendo todas e tenho gostado muito. Porque ali eu vejo muito o artista sendo ele mesmo, sabe? Sem nenhuma carapuça, sem nenhuma armadura, não tem edição. É no "entre" das coisas que a gente conhece a pessoa. "Eu acho legal a live porque não tem máscara, né cara? Você faz a sua música, do seu jeito, não tem nenhum tipo de programa pra afinar sua voz, né? [risos] Quem é desafinado é desafinado mesmo. E vão bora. Isso é o mais legal de tudo. É o que as pessoas gostam de ver." Caminhão com alimentos doados na live de Luan Santana chegam ao Complexo do Alemão, no Rio Reprodução/Redes Sociais G1 – Falando do seu Instagram, queria saber por que você escolheu aquele trecho do Manoel de Barros? Luan Santana – Eu acho que tirei, cara, essa bio aí. Mas era "Uso a palavra para compor meu silêncio". Acho que tem tudo a ver com compositor isso aí. Eu que gosto de escrever, que eu faço a maioria das minhas músicas. Eu acho que é no silêncio que você acaba fazendo a música, que a inspiração vem. Eu uso a palavra para compor o meu silêncio. Tinha tudo a ver com a minha história. Eu já troquei, mas eu gosto muito de ler. Agora estou estudando espanhol, lendo pra praticar. Estou também lendo outro que chama "O nome do vento", eu tô no segundo, né? Chama "O temor do sábio", que é uma trilogia [saga "A Crônica do Matador do Rei", do americano Patrick Rothfuss]. G1 – Eu lembro que você era muito fã de Harry Potter, quando era mais novo, né? Luan Santana – Eu ainda sou, cara. Eu acho a filosofia do Harry Potter incrível, incrível mesmo. Quando a gente para e analisa a fundo a história e o que ela pode significar pra gente, é uma história muito mais complexa do que as pessoas acham. Então, é algo que eu gosto muito até hoje. G1 – Voltando ao espanhol, esses livros que você falou são de ficção ou livros didáticos para estudar o idioma? Luan Santana – Eu tenho dois livros aqui e ainda não comecei nenhum deles. Um é de terror, mas esqueci até o nome, cara. Mas é um terror antigo. E o outro é um romance que eu também não me lembro do nome. Mas é de forma mais didática. O meu objetivo principal é aprender a língua. Os livros não devem ser tão legais assim, não. Pela capa, né? Se bem que não se pode julgar pela capa. [risos] Ainda vou experimentar. G1 – Agora tenho que te perguntar se estudar espanhol tem a ver com carreira… "Eu estou recebendo muitos convites, propostas, tanto de artistas, quanto da parte de administração de carreira e tal, de gravadoras. Já tivemos boas conversas, pelo menos umas três idas pra Miami, pra fazer reunião e tal. E as pessoas demonstrando muito interesse." Eu vi a necessidade de me preparar. No inglês, eu sou um pouquinho mais avançado do que o meu espanhol [o único single em inglês da carreira, "Best day of my life", foi trilha da Olimpíada do Rio]. Então eu quis pelo menos igualar o espanhol com o meu inglês, pra depois aprender as coisas de fato. G1 – Quais planos você interrompeu e o que fez para repensar? Luan Santana – Essa aí era uma né, cara [carreira internacional]. Essa ida pra Miami era para fechar algumas coisas. G1 – Você estava com passagem comprada, teve que desmarcar viagem? Luan Santana – Eu estava com passagem comprada pro Kentucky [estado americano]. A gente ia fazer uma publicidade lá nos Estados Unidos, numa fábrica de uísque… A gente ia aproveitar e fazer uma reunião na Flórida [estado onde fica Miami] para já adiantar as coisas. Mas daí a viagem foi cancelada por causa da pandemia e até agora não marcamos de novo. G1 – Você aproveitou essa pausa para pensar em versões das suas músicas para o espanhol ou inglês? Talvez as suas mais românticas tenham a ver com esse mercado latino romântico. Luan Santana – É uma dúvida que eu tinha, mas é muito diferente pegar "Meteoro" e transformar em outra língua não é tão simples, né? As pessoas têm outro tipo de formação musical lá fora. Então, não são todas as músicas que eu já gravei que é só gravar em outra língua, só traduzir que vai dar certo. É mais uma questão entre produtor e artista, de ver caminhos, descobrir um som que seja diferente, que as pessoas gostam. É muito mais complexo do que simplesmente pegar minhas músicas e transformar em outra língua.