Autônoma chora ao contar a dificuldade em viver sem renda e, ainda por cima, sem conseguir a ajuda federal; outros mineiros também ainda aguardam resposta. Auxílio emergencial: muita gente está com dificuldade para receber o benefício A autônoma Edilamar de Jesus Barbosa, de 51 anos, chora ao relatar as dificuldades que está vivendo durante a pandemia provocada pelo novo coronavírus. Dona de uma pequena loja de roupas no bairro Jardim Vitória, na região Nordeste de Belo Horizonte, ela precisou fechar o negócio e passar a vender na sala de casa. Os produtos ficam expostos na janela, mas ninguém compra. Sobrevive ganhando R$ 1 em cada máscara que pegou para vender. Isso enquanto, aguarda a resposta da inscrição feita no programa federal para receber a primeira parcela de R$ 600. Mas ela não está conseguindo. Por um erro no preenchimento, foi informada que todas as tentativas expiraram. Edilamar levou tudo que tinha na loja para tentar vender em casa: sem clientes Arquivo pessoal "Eu fiz meu cadastro no auxilio emergencial, porém fiz uma etapa incorreta e fui reprovada porque coloquei a opção de que uma pessoa morava comigo e não botei o CPF, mas eu moro sozinha e achei que essa opção seria quantas pessoas moravam na casa e eu marquei como se fosse eu. Então refiz o cadastro e coloquei corretamente e alegou erro na Receita Federal. Porém verifiquei no site da Receita e estava tudo certo. Tentei fazer uma nova solicitação, mas alegou que eu não podia mais fazer", contou Edilamar. Enquanto aguarda, a vendedora vê o aluguel vencer mais um mês. Edilamar não faz parte de nenhum programa do governo. Sem dinheiro, já começou a arrumar malas, pensando em ir morar com a família que reside perto de Ouro Preto. Assim como ela, várias outras pessoas que se enquadrariam no público-alvo do benefício relatam ter tido problemas para efetuar o cadastro ou para receber a ajuda emergencial do governo federal. Segundo a Caixa Econômica Federal, desde o dia 9 de abril, quando teve início o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600, até as 10h desta segunda-feira (27), o banco já creditou R$ 27,7 bilhões para 39,1 milhões de brasileiros. Até agora, 48,4 milhões de pessoas já concluíram o cadastro no site e no aplicativo, por meio do qual informais, autônomos, desempregados e MEIs podem solicitar o benefício. A cozinheira Leidilaine Diniz de Souza faz parte deste recorte. Mas não recebeu nada, ainda. Tem 35 anos e dois filhos, de 7 e 16 anos, que não recebem pensão dos pais. Mora sozinha com eles em Ribeirão das Neves, na região metropolitana. Fez inscrição na manhã do primeiro dia. E nada, até hoje. "Sou autônoma e impedida de trabalhar devido ao isolamento social. No dia 7 de abril fiz a inscrição pra receber o auxilio emergencial e até hoje está em análise. Estou preocupada, pois a Dataprev divulgou que já fizeram as análises de quem se cadastrou ate o dia 10", relatou. Leidilaine Diniz com os filhos Erick e Gustavo: aguardando o auxílio emergencial Arquivo pessoal Leidilaine disse que não tem cadastro único, porque estava empregada, com carteira assinada. "Ligo na Caixa, informou CPF e me dizem que não estou cadastrada para receber o auxílio. E a ligação desliga. Não tenho opção de falar com ninguém. Algumas pessoas que conheço conseguiram refazer o cadastro. Pra mim não aparece nenhuma opção", reclamou. Bolsa Família: dinheiro acabou Os R$ 180 que recebeu do Bolsa Família já acabaram. Para comprar comida ou para garantir uma necessidade urgente, a manicure Janaína Rodrigues de Jesus, de 29 anos, tem precisado pedir emprestado. Assim como fez para ir, nesta segunda-feira (27), tentar resolver, mais uma vez a burocracia que tem a impedido de receber o auxílio emergencial do governo. Mãe de uma bebê de 1 ano e 4 meses e outro de 4 anos, ela mora sozinha com eles no bairro Ribeiro de Abreu, na região Nordeste de Belo Horizonte. Ainda tem conseguido atender clientes em casa. Mas poucas. "Sou beneficiária do Bolsa Família. Foi anunciado que todas as pessoas cadastradas receberiam o auxílio. Fui receber, porém recebi apenas 180 reais referentes ao Bolsa Família. Liguei no 111, mas não resolveram: primeiro fui orientada a me cadastrar no CadÚnico. Depois disseram que não fui contemplada. Depois orientaram a fazer o cadastro de novo. O auxílio continua em análise. Não sei mais o que fazer", lamenta Janaína. Janaína tem atendido em casa ou na casa de clientes para garantir renda: de máscara Arquivo pessoal Resposta da Caixa Em nota, a Caixa informou que o pedido da está sendo analisado pela Dataprev, empresa do Governo Federal responsável pela autorização dos pagamentos. Afirmou também que já creditou mais R$ 1,2 bilhão da primeira parcela do auxílio para 1,9 milhão de pessoas que se inscreveram. "Os recursos, que já foram disponibilizados pelo Ministério da Cidadania, puderam ser acessados a partir do último sábado (25)." Ainda, de acordo com a Caixa, 15,2 milhões de pessoas já receberam o auxílio.