O carisma, a musicalidade e os hits carnavalescos da cantora garantem o pique de apresentação que durou duas horas e meia. Ivete Sangalo na live transmitida pela TV Globo, pelo Globobay e pelo canal Multishow Reprodução / Vídeo Resenha de live – Em casa Artista: Ivete Sangalo Data: 25 de abril de 2020, das 22h30m às 1h Cotação afetiva: * * * * * ♪ “Vai começar a live da alegria”, anunciou pontualmente Ivete Sangalo, às 22h30m, ao entrar no ar simultaneamente na TV Globo, na plataforma Globoplay, no canal Multishow e nas redes sociais da cantora. Era noite de sábado, 25 de abril. Ivete estava em casa, no palco improvisado à frente da cozinha. E foi de casa que a artista fez rolar a festa para todo o Brasil ao inaugurar o projeto Em casa – da TV Globo e do Globoplay – com o já notório carisma, com a voz tinindo e com um repertório pontuado por hits carnavalescos da música baiana, motes de farto e animado roteiro, encerrado após duas horas e meia de apresentação que jamais perdeu o pique e que, minutos antes do fim, atingiu pico de alegria com medley com sucessos da disco music. Já era uma hora da madrugada deste domingo, 26 de abril, quando Ivete encerrou a live mais festiva da quarentena após encadear 44 músicas em roteiro pautado tanto por sucessos da cantora como por incursões por hits alheios. No fim, o pijama usado com figurino já estava suado. E o chão da casa estava cheio de confetes como se fosse o chão da Praça Castro Alves, epicentro da folia de Salvador (BA), em dia de Carnaval. Solidária, a live de Ivete também arrecadou dinheiro (cerca de R$ 400 mil) que, doado pelo público, será encaminhado a instituições que atendem populações carentes na pandemia. O público estava em casa, claro, mas, na casa de Ivete, os fãs foram personificados por bonecos dos filhos, alinhados na sala como se fossem os espectadores do show. Encerrada com o axé O mundo vai (Ivete Sangalo, Gigi, Ramon Cruz, Samir Trindade, Radamés Venâncio e Tierry Coringa, 2020), petardo certeiro que já havia sido disparado pela cantora na parte inicial da live, a apresentação de Ivete simbolizou um breve tempo de alegria em momento aflitivo da humanidade. Ivete Sangalo na live iniciada na noite de sábado, 25 de abril, e encerrada somente na madrugada de domingo, 26 Reprodução / Vídeo A cantora mandou bem, enfileirando um hit atrás do outro. Para quem acompanha o sobe-e-desce ladeira da axé music no mercado musical, foi fácil identificar sucessos sempre presentes nos Carnavais feitos por Ivete dentro e fora de época, casos de Festa (Anderson Cunha, 2001), do samba-reggae Sorte grande (Lourenço, 2003) e de Cadê Dalila? (Carlinhos Brown e Alain Tavares, 2009). A diferença é que, ao já conhecido bordão “Tira o pé do chão”, a cantora acrescentou outro, apropriado para esse período de isolamento social: “Empurra o sofá!”. Na companhia do marido Daniel e do filho Marcelo Sangalo, que improvisou um toque de percussão sobre as bases musicais pré-gravadas de músicas como O farol (Ramon Cruz, 2015), Ivete fez a festa com a adesão virtual de colegas como Claudia Leitte e Léo Santana. As vozes dos cantores foram ouvidas na live, reproduzidas das gravações originais de músicas que gravaram em dueto com Ivete. Goste-se ou não da estrela baiana, o talento de Ivete como cantora é inegável. Além da voz, a baiana tem suingue e musicalidade, como provou na live ao surfar no ritmo de Além do horizonte (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1975). A espontaneidade – perceptível quando a cantora disse que ia fazer “embromation” por não saber a letra de I will survive (Freddie Perren e Dino Fekaris, 1978), sucesso da cantora norte-americana Gloria Gaynor na era da disco music – também contribuiu para angariar simpatia popular para Ivete. Na live inaugural do projeto Em casa, que prosseguirá com apresentação do DJ Alok programada para 2 de maio, todas essas qualidades da cantora fizeram rolar uma festa digna de sábado à noite. O trio elétrico partiu da casa de Ivete Sangalo e foi atrás do público.