Artista morre aos 70 anos sem ter sido reverenciado na proporção do imenso talento como instrumentista. ♪ OBITUÁRIO – Músico autodidata, o carioca Sérgio Fernando de Souza (7 de setembro de 1949 – 7 de abril de 2020) sabia tocar baixo e teclados. Mas Serginho, como o músico era afetuosamente chamado no meio musical brasileiro, fica eternamente associado ao trombone, instrumento que tocou com maestria e devoção, a ponto de tê-lo incorporado ao nome artístico. Aos 70 anos, Serginho Trombone morreu na cidade natal do Rio de Janeiro (RJ) na manhã de terça-feira, 7, vítima de complicações decorrentes de operação para desobstrução do intestino. Confirmada pela família do músico, a morte de Serginho Trombone põe fim a uma carreira pautada por contribuições brilhantes na discografia musical brasileira. Em carreira solo, o artista lançou somente dois álbuns, Avec elegância (1991) e Tromboneando (2018), este gravado com produção musical orquestrada por Roberto Frejat. Contudo, o sopro do trombone de Serginho bafejou álbuns de uma constelação nacional com suingue black dominado por músico que teve o privilégio e o mérito de ter integrado o pioneiro grupo Abolição, banda carioca de funk e soul formada no fim da década de 1960 pelo pianista Dom Salvador. Com esse item no currículo, o trombonista exercitou o toque do instrumento em discos de Gilberto Gil, Jorge Ben Jor, Sandra de Sá e, sobretudo, Tim Maia (1942 – 1998), outro pioneiro do funk e do soul nacional. Além de músico, Serginho Trombone foi compositor e arranjador. Marcado na música brasileira, sobretudo no nicho da chamada MPB, o balanço do trombone de Sérgio Fernando de Souza fica impresso nos sulcos de LPs e CDs como atestado perene da habilidade excepcional deste músico que saiu de cena sem ter sido reverenciado na proporção do imenso talento.