Com mais dados, economistas enxergam maior impacto das medidas contra a pandemia na atividade e alertam para o risco de piora no cenário de 2020. O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) e o Itaú Unibanco divulgaram nesta terça-feira (7) novas projeções para a economia brasileira que indicam um tombo maior do PIB em 2020.
A estimativa do Ibre/FGV passou de uma queda de 0,9% para uma retração de 3,4% na atividade neste ano.
Segundo Luana Mirana, economista do instituto, a previsão anterior, divulgada há duas semanas, estava “calibrada” pelo Índice de Condições Financeiras (ICF), único dado disponível até então. A expectativa de então era de uma retração de 0,9%.
“Agora incorporamos sondagens especiais sobre o coronavírus, com respostas das empresas, e o cenário do mercado de trabalho em outros países, como China, Estados Unidos e países da Europa”, disse ela.
Para o primeiro trimestre, o Ibre/FGV mantém, por ora, a previsão de queda de 0,1% do PIB na comparação ao quarto trimestre do ano passado. Esse número será revisto, contudo, após a divulgação dos números do setor de serviços pelo IBGE.
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Na avaliação do Itaú Unibanco, os efeitos mais intensos do que o esperado da pandemia do novo coronavírus, em especial na primeira metade do ano, devem fazer com que PIB apresente uma retração de 2,5% neste ano.
Os economistas do banco um crescimento de 4,7% em 2021. Antes, eles estimavam uma contração de 0,7% do PIB de 2020, com alta de 5,5% no próximo ano.
De acordo com as estimativas do Itaú, o PIB encolherá 2,1% no primeiro trimestre e 6,5% no segundo trimestre e uma normalização da atividade ocorrerá no segundo semestre. Contudo, os economistas alertam que o choque pode afetar a situação financeira das empresas e das famílias, o que agiria como um fator limitador da normalização. O banco espera, agora, que a taxa de desemprego com ajuste sazonal fique em 12,6% no fim de 2020 e em 12% no fim de 2021.
“Há um grau considerável de incertezas sobre as projeções do PIB para este ano, que deriva da duração do lockdown/medidas de isolamento e da velocidade de recuperação no segundo semestre deste ano”, afirmam os economistas do Itaú.
No relatório, o banco coloca cenários de crescimento em 2020 sob diferentes hipóteses de isolamento e de ritmo de recuperação. O cenário mais pessimista envolve práticas de isolamento até 27 de maio, o que geraria um tombo de 13,5% no PIB do primeiro semestre, e 25% de recuperação no terceiro trimestre. Nesse caso, o PIB fechado de 2020 seria de uma queda de 6,4%.