No cenário-base do banco, o PIB deve recuar 2,2% neste ano. Mas queda da atividade pode chegar a 6% se isolamento social só for relaxado a partir de junho. Desempregados fazem fila em mutirão de emprego no Vale do Anhangabaú, Centro de São Paulo Werther Santana/Estadão Conteúdo O Santander prevê que o desemprego no Brasil vai aumentar em 2,5 milhões de pessoas no pico da crise econômica provocada pelo coronavírus. Em revisão de cenário divulgada nesta segunda-feira (6), o banco avalia que o pior momento do mercado de trabalho ocorrerá ao fim do segundo trimestre. Com a expectativa de melhora da atividade econômica a partir do terceiro trimestre, o mercado de trabalho, segundo o banco, deve ter alguma resposta positiva, mas o contingente de desocupados ainda vai encerrar este ano com acréscimo de 1,5 milhão de trabalhadores. Com isso, a taxa média de desemprego deve ficar em 12,3%, acima da observada 2019, quando foi de 11,9%. Em janeiro, na última leitura do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tinha 11,9 milhões de desempregados. "Vamos sair com a economia machucada desse processo inevitável para salvar o maior número de vidas", disse a economista-chefe do banco Santander, Ana Paula Vescovi. "É importante que o Brasil consiga manter os fundamentos de longo prazo para que se recupere depois de passada essa crise." Ana Paula Vescovi, economista do Santander Celso Tavares/G1 No cenário-base do Santander, o Produto Interno Bruto (PIB) deve recuar 2,2% neste ano – a previsão anterior era de alta de 1%. No entanto, há um risco de que o desempenho possa ser ainda pior. Para esse cenário-base se concretizar, o isolamento social tem de ser afrouxado ao fim deste mês Se o isolamento social tiver de ser ampliado para ajudar a conter o número de infectados pela doença e só começar a ser relaxado a partir da metade de junho, o PIB pode despencar 6%. "O nosso cenário-base é de uma recuperação mais gradual, com a economia chegando ao fim de 2021 praticamente no nível pré-crise, só 0,4% abaixo", afirmou Ana Paula. Inflação e juros em queda Levando-se em conta o cenário-base, o banco prevê que a inflação permaneça bastante baixa neste ano, abrindo espaço para o Banco Central promover novos cortes na taxa de juros. Segundo o Santander, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar o ano a 2,2%, abaixo dos 3% previstos anteriormente. "O cenário de inflação deve permanecer comportado, vemos esse choque do coronavírus como deflacionário", disse Ana Paula. Diante desse quadro inflacionário, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve reduzir a Selic para 3% – atualmente está em 3,75%. Um corte 0,5 ponto percentual deve ocorrer na reunião de maio e, em junho, haverá uma nova redução de 0,25 ponto, de acordo com o banco. Rombo das contas públicas As medidas de estímulo fiscal anunciadas pelo governo para ajudar a mitigar os efeitos da crise e a queda na arrecadação provocada pela desaceleração da economia devem levar o Brasil a encerrar o ano com um déficit primário do setor público de R$ 452,5 bilhões, o equivalente a 6,2% do PIB, segundo banco. Veja lista de medidas econômicas na crise do coronavírus O endividamento do Brasil deverá chegar a 83,9% do PIB. “No nosso cenário-base, o país sai da crise com uma sinalização de solvência da dívida pública e a convergência para patamares menores ainda que gradualmente”, diz Ana Paula. Em 2021, por exemplo, o Santander avalia que o déficit primário será bem menor, de R$ 148,3 bilhões ou 1,9% do PIB. Initial plugin text