Revelada pela internet em 2007, a artista também canta antigas composições de Caetano Veloso e Chico Buarque. Resenha de live – Festival #tamojunto Artista: Mallu Magalhães Data: 22 de março de 2020, às 21h30m Cotação afetiva: * * * * * ♪ Houve um tempo em que o mundo nem sonhava ficar de quarentena e Mallu Magalhães precisou permanecer em casa para amenizar os efeitos de insolação. Naquele momento, a cantora, compositora e violonista paulistana decidiu aproveitar a reclusão forçada para aprender a tocar Januária, samba de Chico Buarque, propagado em 1968 em gravações feitas pelo autor, pela dupla Cynara & Cybele e pelas cantoras Claudette Soares e Isaura Garcia (1923 – 1993). Hoje o mundo precisa estar em quarentena para deter a expansão do coronavírus e Mallu, da casa portuguesa em que vive em Lisboa, tocou Januária ao violão em live que mobilizou milhares de seguidores dentro da programação online do festival #tamojunto, promovido pelo jornal O Globo. Soou charmosa a lembrança do samba em que Chico Buarque perfila a Januária que fica na janela. Que, nos tempos atuais, bem poderia ser uma das incontáveis janelas em que os povos permanecem conectados em rede de solidariedade. Na live exibida às 21h30m de domingo, 22 de março, Mallu Magalhães mostrou sambas e bossas em roteiro que incluiu música inédita do vindouro quinto álbum solo de estúdio da artista, já inteiramente gravado, com repertório autoral que inclui parcerias de Mallu com compositores de outros universos musicais. Presumivelmente intitulada Quero-quero, a composição inédita persegue a cadência do samba e tem versos rimados em “eira” em letra graciosa que sinaliza álbum sem rupturas radicais com a estética do antecessor Vem (2017). Outra surpresa do roteiro, que incluiu a road-pop-song Guanabara (2017) e o samba Você não presta (2017), foi Baby, a canção de Caetano Veloso lançada pelo autor com Gal Costa no mesmo ano de 1968 em que a Januária de Chico Buarque veio ao mundo. Ao fim da abordagem de Baby, Mallu experimentou bossas na divisão da canção. Uma das primeiras artistas a ganhar projeção através da internet, em 2007, Mallu Magalhães voltou segura ao primeiro habitat profissional, após 13 anos, para reforçar a corrente solidária que tem levado música aos povos confinados no Brasil e no mundo.