Com sensibilidade, cantores reverberam o recado de samba de 1978 em que Cartola professa a fé no amanhã. Alfredo Del-Penho e Mônica Salmaso em 'live' feita em dupla com samba de Cartola e Roberto Nascimento Captura de vídeo ♪ “Amanhã / A tristeza vai transformar-se em alegria / E o sol vai brilhar no céu de um novo dia / Vamos sair pelas ruas / Pelas ruas da cidade / Peito aberto / Cara ao sol da felicidade”. Embora pareçam ter sido escritos na semana passada, esses versos do samba A cor da esperança – composto por Cartola (1908 – 1980) em parceria com Roberto Nascimento (1940 – 2019) – foram lançados há 42 anos na voz do cantor João Nogueira (1941 – 2000) em gravação feita para o álbum Vida boêmia (1978). Por força do destino, esses versos otimistas ressurgiram, plenos de atualidade, nas vozes dos cantores Alfredo Del-Penho e Mônica Salmaso em live em dupla que iniciou no domingo, 22 de março, a série Ó de casas, iniciativa da cantora para engrossar a corrente de solidariedade formada por artistas do mundo todo para levar música aos povos confinados em quarentena para conter a expansão da pandemia do coronavírus. Munido do próprio violão, Del-Penho – que gravou A cor da esperança no álbum solo Samba sujo (2015) – se juntou a Salmaso (habilidosa na percussão de caixa de fósforo) em registro emocionante que deu o recado com sensibilidade e fé que o povo brasileiro precisa ouvir nesse momento. ♪ Eis a letra do samba A cor da esperança (Cartola e Roberto Nascimento, 1978): Amanhã, A tristeza vai transformar-se em alegria E o sol vai brilhar no céu de um novo dia Vamos sair pelas ruas Pelas ruas da cidade Peito aberto Cara ao sol da felicidade E no canto de amor assim Sei que vão surgir em mim novas fantasias Sinto vibrando no ar E sei que não é vã a cor da esperança A esperança do amanhã