Os impactos do fechamento de escolas públicas em Campo Grande foi o tema de debate da Audiência Pública na Câmara Municipal, na última segunda-feira (2).
O debate foi convocado pela Comissão Permanentes de Assistência Social e do Idoso da Câmara, composta pelos vereadores Betinho (presidente), Enfermeira Cida Amaral (vice), Valdir Gomes, Pastor Jeremias Flores e Dr. Loester.
De acordo com a secretária Estadual de Educação, Maria Cecília Amendola da Motta: “Gostaria de esclarecer as tomadas de decisões que a Secretaria faz e o porquê ela faz. A nossa missão é garantir a qualidade de ensino e aprendizado. Nós atendemos a população e quando tomamos uma atitude fazemos uma análise. Segundo dados, em 2008 famílias tinham em média seis filhos, hoje dados do o IBGE aponta que está caindo o número de natalidade de crianças por família”, explicou.
“Apesar de estarmos reordenando, fechando e municipalizando, nós construímos sete escolas novas, com salas temáticas, salas de aula com mesa redonda, estamos fechando, mas nós estamos abrindo com outra visão, com o tempo integral. Essa redução de natalidade, aumento da expectativa de vida é que faz que a gente tome decisões. É feito um estudo por técnicos que definem a mobilidade e onde poderíamos estar diminuindo ou municipalizando”, complementou.
Ainda de acordo com a secretária, “Nós estamos sendo cobrados pelo Ministério Público, até 2024 a Rede Estadual deveria ter 60% de escolas em tempo integral. Quando reordenamos, fechamos, estamos falando de qualidade de ensino”, detalhou.
“A nossa meta é colocar 46 escolas em tempo integral, integrado com o profissional. Se esse jovem não entrar na faculdade, que tenha certificado para entrar no mercado profissionalizado. Estamos ousando muito, em colocar o fundamental 2 em tempo integral para preparar esse jovem para não ficar na rua, isso é o porquê do reordenamento. A população quer um gestor público eficaz ou que mantém a mesmice. Temos que pensar grande, alto, pensar que todos alunos têm direito a uma educação de tempo integral e profissional e essa é nossa meta até 2021. E quem definiu a escola foi uma instituição que sabe trabalhar com dados e indicador. Não existe preferência, e sim que o jovem saia da escola e tenha duas possibilidades, academia e mercado de trabalho.”, destacou.
Para a professora Patrícia Fernandes, da escola Advogado Demosthenes Martins, a otimização proposta pelo estado não melhora ou aprimora a educação. “Esta restruturação irá precarizar ainda mais o ensino, salas lotas, menos professores, se não há vantagem para educação, não há vantagem para população” rebateu.
Segundo o vereador Valdir Gomes, a Escola Consuelo, da Vila Jacy foi transformada em escola de tempo integral e não houve uma otimização no ensino. “Eu tenho uma preocupação, sou morador da Vila Jacy, venho brigando pela escola Consuelo, a escola foi transformada em escola integral, na época fui contra, tinha 1. 300 alunos nos três turnos, de 1. 300 alunos têm em média uns 200 alunos, não tem laboratório, escuto música rolando a tarde inteira. Totalmente abandonados. 80 % desistiram, escola integral, aluno que trabalha não vai para escola integral”, posicionou.
Para o presidente do Sindicato dos Professores, Lucílio Nobre, é o fim da educação inclusiva. A matéria no jornal denuncia que poderá sim ter sala para educação especial para pessoas com deficiência, isso não é inclusão. Estou há 25 anos na educação pública, talvez essa decisão de fechamento e reordenamento, a maneira que está sendo conduzida, de forma abrupta, seja equivocada, é possível rever a decisão, analisar melhor os impactos, atender a demanda e os anseios da comunidade”, declarou.
O supervisor da escola Hércules Maymone, Waldemir Ribeiro, também concorda em rever a decisão de fechamento das escolas. “Rever decisões também é um ato de grandeza”, afirmou.
A coordenadora do Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes, Débora Maria de Souza Paulino parabenizou a participação dos jovens na discussão. “A defensoria está acompanhando desde o início essa temática, ela não envolve apenas crianças e adolescentes, mas envolve também adultos e pessoas com deficiências, nós estamos adotando as providências, nós estamos trabalhando para que ocorra o mínimo de impactos negativos. Já participamos de outras situações como essa, cumprimento os jovens que estão aqui e que são os mais importantes de tudo isto, importante que haja participação desses adolescentes na construção do plano que o gestor irá adotar”, parabenizou.
O líder de movimento estudantil, Khristofer Rizzo cobrou do governo atenção em ouvir a demanda da população. “Governo pede o protagonismo do jovem, mas quando tem o seu momento de fala, o governo fica acuado, se posicionam em: nós te ouvimos, mas não vamos acatar o pedido de vocês. Vamos continuar na luta pela educação, somente com a educação venceremos”, revelou.
Para o vereador Betinho, ficamos refém do Governo Federal em relação algumas medidas que estão sendo tomadas.”Estamos aqui para achar o meio termo, nós não estamos discutindo apenas a questão do fechamento, é de ser mais sensível, de analisar, estamos somando força como Câmara de Vereadores, o assunto é mais ligado ao Estado, mas temos escolas sendo municipalizadas. O nosso interesse é que não houvesse fechamento, que amadurecesse essa ideia com Governo do Estado, que fizéssemos a transição de forma escalonada”, avaliou.
Fonte: Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal de Campo Grande (MS)