“Severina”, dirigido por Felipe Hirsch, é atração do Cine Café desta segunda-feira, 18 de novembro. O projeto é realizado no Museu da Imagem e do Som da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul e começa às 19 horas. A entrada, como sempre, é franca.
“Severina” narra a história de um dono de livraria (Javier Drolas) que se encanta com uma mulher (Carla Quevedo) que visita sua loja e volta dia após dia para cometer furtos. Inicialmente ele não reage, mas numa das vezes, mais interessado em puxar conversa do que recuperar o prejuízo, ele a encurrala. Ela passa então a pegar livros em outros estabelecimentos, porém ele não está disposto a se libertar da misteriosa obsessão.
Trata-se de um filme sobre o amor intermediado pela paixão pelos livros. Um fascínio literário que permeia a obra do diretor Felipe Hirsch: o roteiro é uma adaptação do romance do escritor guatemalteco Rodrigo Rey Rosa. Hirsch tomou contato com os textos de Rosa durante as pesquisas que fez sobre literatura da América Latina para um projeto teatral desenvolvido especialmente para a Feira de Frankfurt, em 2013.
O amor está associado fortemente ao perdão nesta espécie de fábula que tem o sabor de um ótimo livro, desses que a gente faz questão de fazer anotações, marcar os trechos mais interessantes. Há diversos momentos no filme que inspiram vontade de dar uma pausa para fazer anotações, guardar certos diálogos ou mesmo citações. “Severina”, inclusive, já começa com uma inquietante epígrafe de Williams Carlos Williams.
O prazer da palavra também está presente no uso do recurso da voice-over, acentuando o sentimento de melancolia do narrador. A narração é bem-vinda, até por trazer ideias muito boas reforçar o delírio amoroso – como quando o narrador diz que a vida é formada por coisas reais, coisas simples e coisas fantasmas. As coisas reais seriam aquelas de grande valor e pouco frequentes na vida da pessoa, as coisas simples são as situações rotineiras e as coisas fantasmas seriam aquelas terríveis, como a febre, dores e decepções terríveis.
A divisão da narrativa por capítulos também se constitui em mais um namoro do cinema com a literatura, que pela própria história já seria óbvio. Os nomes dos capítulos ainda fornecem um misto de suspense e humor que traz não só um ar de espirituosidade à obra, mas também um sentimento de surrealidade, à medida que os gestos de amor do livreiro pela moça vão se intensificando. E intensificam também o nosso interesse e respeito por “Severina”, uma das melhores surpresas do cinema brasileiro recente.
“Severina”, com direção de Felipe Hirsch, tem uma hora e 40 minutos de duração e a classificação indicativa é de dez anos. O cineasta brasileiro realizou as filmagens no Uruguai.
O projeto Cine Café sempre oferece um cafezinho, chá e leite com chocolate e bolachinhas para os cinéfilos que visitam o museu. Para degustar estas delícias, basta trazer sua canequinha. O MIS fica no Memorial da Cultura e da Cidadania, na avenida Fernando Correa da Costa, 559 Centro, no terceiro andar. Telefone: (67) 3316-9178.
Fonte: Fundação de Cultura