Hospital na bandeira Star, em São Paulo: o presidente Jair Bolsonaro, segue internado em uma unidade paulistana da D’Or, o Vila Nova Star (Germano Luders/EXAME)
O incêndio no Hospital Badim, da Rede D’Or, na Zona Norte do Rio de Janeiro, causado por um curto-circuito em um gerador, provocou a morte de 11 pessoas.
A companhia, maior rede de hospitais do país, foi premiada no final de agosto por EXAME como a melhor empresa do Brasil em 2018, como resultado de seus indicadores financeiros, de seu crescimento recente e das perspectivas para os próximos anos. Além disso, ganhou uma disputa simbólica com o paulistano Albert Einstein para realizar a nova cirurgia no presidente Jair Bolsonaro, que segue internado em uma unidade paulistana da D’Or, o Vila Nova Star.
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O médico que operou o presidente, Antonio Luiz Macedo, foi contratado pela D’Or por uma proposta tida no mercado como “milionária” para um contrato de cinco anos. Outra aquisição recente da D’Or é o oncologista Paulo Hoff, ex-Sírio Libanês, e responsável pelo tratamento de outros dois ex-presidentes, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Contratar profissionais de renome, construir hospitais de ponta, e crescer em ritmo acelerado são partes de uma estratégia que fez da D’Or um caso único no mercado de saúde brasileiro.
A D’Or foi fundada em 1977 no Rio de Janeiro pelo cardiologista Jorge Moll, que hoje preside o conselho de administração. Nascida em um contexto de falta de opções de atendimento para o público rico da zona sul carioca, a Rede D’Or tem hoje 45 hospitais e mais de 40 clínicas oncológicas. A companhia viu a receita crescer de 126,5 milhões de dólares, em 2009, para 1,96 bilhão, em 2018. No mesmo período, o lucro líquido da controladora foi de 6,7 milhões de dólares para 308 milhões, com aumento de 20% no ano passado. São números que impulsionaram a companhia à escolha como empresa do ano de Melhores e Maiores.
A companhia aposta na escala para conseguir manter qualidade no atendimento com custos sob controle. Os hospitais brasileiros têm, em média, 66 leitos, e isso muitas vezes os torna inviáveis economicamente. Na Rede D’Or, a média de leitos por unidade é de 170. Com as expansões previstas, o número chegará a 250. Nas unidades da bandeira Star, onde está Bolsonaro, a mais sofisticada e cara da rede, há um enfermeiro para cada dois pacientes na unidade de tratamento intensivo. O hospital Badim, que pegou fogo no Rio, havia sido ampliado recentemnte para receber uma área de luxo.
Enquanto em hospitais que não atuam em rede o gasto com administração pode chegar a 15% da receita, nos hospitais da Rede D’Or esse custo representa 4%. Por causa do volume de compras, a companhia consegue negociar bons descontos com fornecedores, e os preços chegam a ficar 20% abaixo da média do mercado.
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Recentemente, a companhia anunciou investimento de 8 bilhões de reais até 2023 em crescimento orgânico, com a construção de mais dez hospitais. Nos últimos quatro anos, em plena crise, a empresa investiu 7,7 bilhões de reais, fazendo a dívida líquida crescer para 6,8 bilhões. Com a intenção de criar mais 3.000 leitos nos próximos anos, a empresa, que hoje tem cerca de 45.000 funcionários, considerando todas as empresas do grupo, calcula que precisará de mais 30.000.
Procurada por EXAME, a Rede D’Or informou que “lamenta profundamente o incêndio ocorrido no hospital Badim e informa que colocou à disposição de sua administração todos os hospitais da rede para receber pacientes, funcionários e familiares”. Informa ainda que “tem uma participação acionária passiva, mas que não administra o referido hospital. O Hospital Badim tem gestão e controles próprios”.
Esta sexta-feira é um dia marcante para uma empresa acostuma a boas notícias.