Quatro municípios brasileiros estão inscritos no processo de seleção que irá escolher as novas integrantes da Rede de Cidades Criativas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 2019. Aracaju (SE), na área de música; Belo Horizonte (MG), em gastronomia; Cataguases (MG), em cinema; e Fortaleza (CE), em design; estão concorrendo.
A seleção das quatro finalistas foi feita por uma comissão do Ministério das Relações Exteriores que recebeu, ao todo, propostas de 17 municípios. As cidades selecionadas receberam uma carta de aprovação do governo federal, exigência da Unesco para que as cidades se inscrevessem no edital. Apenas duas das quatros candidatas serão integradas à rede, de acordo com normas da seleção.
Segundo o diretor substituto de empreendedorismo cultural da Secretaria de Economia Criativa do Ministério da Cidadania, Luiz Eduardo Lima de Rezende, “a ideia é fazer com que as cidades que recebam o selo de Cidades Criativas pela Unesco possam promover a cooperação entre toda a Rede”. Ainda de acordo com Rezende, o objetivo é a implementação de novas soluções para a melhoria do setor, a partir da troca de experiências sobre a economia criativa.
Experiência pela gastronomia
Os benefícios de integrar a rede são muitos. É o que atesta o depoimento da cozinheira Eliana Ferreira, que há 31 anos exerce a profissão de boieira, como são chamadas as cozinheiras que vendem refeições no mercado Ver-o-Peso, em Belém. “Nunca imaginei que a gastronomia pudesse me levar tão longe. Ela me deu tudo”, conta ela.
A cidade de Belém foi eleita Cidade Criativa da Gastronomia pela Unesco. E foi a partir daí, que uma oportunidade mudou para sempre a vida de Eliana: ela foi selecionada para participar de oficinas de culinária em Lisboa. Durante o intercâmbio, aprendeu novas técnicas e revelou segredos do seu tempero.
“Eu voltei de Lisboa com a mala cheia de experiências. Foi maravilhoso. Depois da viagem, eu mudei completamente a minha barraca, troquei as louças, as panelas. E tudo isso se reverte em vendas. Tem gente que chega à minha barraca por indicação de amigos ou por saber que a boieira Eliana já foi cozinhar em Portugal”, diz.
A capital paraense também viu outra de suas cozinheiras brilhar na Rede de Cidades Criativas. A chef Ângela Sicilia, uma das mais destacadas da capital, à frente do restaurante Famiglia Sicilia, ficou em segundo lugar no concurso “Gastronomic made in Italy”. Promovido pelas cidades italianas de Parma, Alba e Fabriano, o concurso estava aberto a chefs das cidades que integram a rede. Ao todo, 26 chefs de todo o mundo concorreram.
Para participar, Ângela precisou gravar um vídeo com sua receita e enviá-lo para a prefeitura de Belém, que se encarregou de inscrevê-la no concurso. “Entre a inscrição do prato, que foi um ravióli de maniçoba, que é uma fusão da culinária italiana com ingredientes nossos, até a seleção, foram 15, 20 dias, tudo aconteceu muito rápido”, narra a chef.
Seu prato foi escolhido como um dos finalistas, ao lado da receita do chef Daniel Paiva, de Florianópolis, e do norte-americano Pieter Sypesteyn. Os três foram convidados para apresentar suas criações em Parma. Para Ângela, foi uma premiação importante.
“Só de estar entre os três finalistas do concurso, aberto a chefs de todo o mundo, já foi uma grande vitória. E, ainda mais, porque além de ter sido a única mulher selecionada para a final desta edição, foi a primeira vez que uma mulher da Região Norte foi escolhida. Essa foi a primeira vez que a Região Norte, que o Pará, foi selecionado para este concurso internacional”, revela.
O Brasil na Rede de Cidades Criativas
A Rede de Cidades Criativas reúne mais de 180 municípios em todos os continentes com o objetivo de promover a cooperação entre cidades que têm na criatividade um fator estratégico para o desenvolvimento urbano sustentável. Atualmente, os municípios integrantes da rede estão distribuídos em sete diferentes setores criativos: gastronomia, cinema, música, design, artesanato e artes folclóricas, arte mídia e literatura.
Oito cidades brasileiras já integram a Rede: Belém (PA), Florianópolis (SC) e Paraty (RJ), no campo da gastronomia; Brasília (DF) e Curitiba (PR), em design; João Pessoa (PB), em artesanato e artes folclóricas; Salvador (BA), na música; e Santos (SP), no cinema.
Em 2018, para auxiliar os municípios brasileiros interessados em integrar a rede, a Secretaria de Economia Criativa e a Unesco lançaram um edital para auxiliar os gestores das cidades a elaborarem seu dossiê. Como resultado, 15 cidades receberam consultoria especializada.
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