A 5ª Festa da Bandeira Haitiana começou logo com uma aula de história. Em noite animada e cultural, a comemoração em Campo Grande lotou o salão de uma igreja católica do Rita Vieira neste sábado (18). Com muita música, dança e comidas típicas, quem está longe de casa matou um pouco de saudade.
A abertura da festa foi marcada pela fala do acadêmico de Ciências Sociais, Banel Pierre, de 26 anos. Ele explicou o processo de revolução e independência do país, as dificuldades políticas que enfrenta e as diversas transformações da bandeira haitiana. Ele chegou ao Brasil há cinco anos depois de conseguir uma vaga na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).
“Eu vim de Porto Príncipe, a Capital. O Haiti passa por muitos problemas e a mídia só mostra a miséria. Todo país tem seus problemas e apesar de tudo temos orgulho da história do Haiti, que foi a primeira república de negros independente que traz a reflexão de liberdade para muitos países. Depois dos EUA em 1736, o Haiti foi o segundo a conquistar a independência em 1804. Podemos estar longe, mas esse orgulho vive dentro da gente. No momento em que a gente se reúne, para comermos juntos, festejarmos juntos, é um momento de muita alegria”, disse.
O Haiti é um pequeno país no Caribe, com 27 mil quilômetros quadrados e pouco mais de 8 milhões de habitantes. Muitos dos presentes deixaram para trás o país depois do terremoto, que em 2010 causou a morte de milhares de pessoas. Outros decidiram vir estudar e trabalhar devido a situação financeira e política da região. E alguns ainda estão chegando.
O presidente da Associação Haitiano-Brasileira, Wadner Absalon, de 30 anos, foi quem dirigiu o evento. Ele quem anunciava a apresentações e também traduzia todos os acontecimentos do português para o francês e o kreyòl ayisyen, também conhecida como créole, língua natural falada por quase toda a população do Haiti.
Muitos haitianos falam quatro ou mais línguas. As mais tradicionais são crioulo, francês, espanhol e inglês.
Wadner falou da importância da festa que acontece no mesmo dia, no Haiti, com direito a desfile e fala do presidente, na Flórida, Canadá e por aqui.
“Esta festa é muito significativa para nós. A festa acontece em várias partes do mundo, pois a bandeira representa muito para nós, afinal ela nos identifica onde quer que estejamos. O azul que vem do céu representa nosso Deus, o vermelho é o sangue de nossos antepassados que lutaram por nós”, pontua.
Wadner também frisou que esta é a quinta edição em Campo Grande e reforçou o desejo de que ela continue acontecendo, afinal, a comunidade ao redor pode compartilhar da cultura haitiana.
Durante as apresentações, o pesquisador da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), Alex Dias de Jesus, 33 anos, arriscou uns passos de Kompa creole e não fez feio.
“Eu pesquiso a imigração haitiana há algum tempo. Moro em Dourados e frequento espaços haitianos em Três Lagoas, Nova Andradina, Corumbá, Campo Grande e Itaquiraí. E vou acompanhando eventos. Eu faço doutorado em Geografia sobre a imigração haitiana no Mato Grosso do Sul e onde tem evento, debate eu estou sempre junto”, disse.
Grupos no WhastApp e Facebook ajudam os haitianos se reunirem em Campo Grande. O salão da igreja virou um ponto de referência desde 2014, onde aprendiam a língua e também recebiam informações sobre a lei trabalhista no Brasil, já que muitos vêm para trabalharem. Mas a associação agora também tem uma sede no Bairro Rita Vieira, um dos bairros com o maior número de haitianos em Campo Grande.
Fonte: Campo Grande News