Romance foi elogiado pela artista plástica Martha Barros, filha do poeta mato-grossense; lançamento ocorre no próximo dia 18 de abril, na Feira Central
Mais que um romance metalinguístico, “Vagabundagens: romance que Manoel de Barros (não) escreveu” homenageia o poeta e se dispõe a escancarar comportamentos da sociedade atual. A narrativa traz um andarilho que aprende a ler com tudo que é descartado na atualidade. Entre achados, um volume de Poesia Completa de Manoel, que vira um espelho, com nomes de escritores clássicos invertidos. O lançamento acontece no próximo dia 18 de abril, na Feira Central.
Doutor e Mestre em Letras pela Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) e Unesp (Universidade Estadual Paulista), o jornalista Genival Mota é autor de diversos livros.
A criação da vez é “Vagabundagens: romance que Manoel de Barros (não) escreveu”.
Mota relata que o andarilho aprende a ler catando revistas, papéis e livros jogados no lixo pela sociedade. Em meio ao enredo, o personagem se depara com um volume da poesia completa de Manoel de Barros que se transforma em um espelho.
Genival pontua que a partir do achado de poesias, os nomes de todos nos escritores nacionais e internacionais se invertem, com o efeito do espelho. A narrativa também coloca Manoel em diálogo com a dramaturgia de Shakespeare.
“O narrador que eu criei é um andarilho que aprende a ler catando papeis e jornais jogados na rua. Assim que o volume se transforma em espelho tudo se inverte, assim como meu nome aparece invertido na capa do livro. O (não) entre parênteses é dúbio e é proposital, mas ao mesmo tempo foi escrito sob inspiração. O romance vai trazendo clássicos da literatura nacional e internacional para dialogar com as poesias de Manoel, tudo de forma atemporal, quando o ambiente sugerido poder qualquer ambiente, cidade ou pessoa”, explica o escritor.
Dentro da narrativa entra música, poesia e, principalmente, psicanálise. O livro “Vagabundagens” tem a intenção de despertar o ócio criativo, ou seja, que a sociedade entenda a importância de se voltar às artes, musica e humanização.
“O andarilho também constrói um caderno de areia em que ele vai relatando as angustias pessoais. Assim como Manoel é o poeta eu criei um ser desprezado pela sociedade, prezando coisas que estão sendo descartadas. A arte e a literatura salvam o mundo no sentido de que nos ajudar a ler a nós mesmo e a nossa complexidade interior”, disse.
Em 254 páginas, a obra foi editada pela Âncora Editora, 2019 e é dedicada a comemoração de 103 anos do nascimento do poeta.Elogiado e autorizado pela artista plástica Martha Barros, filha de Manoel, “Vagabundagens” também traz a reprodução do quadro “Retalhos”.
Fonte: Campo Grande News