Um dos brinquedos do Vale dos Dinossauros, que será aberto em Olímpia, SP (Grupo Natos/Divulgação)
Dinossauros gigantes, bar de gelo e museu de cera são algumas das atrações voltadas a transformar Olímpia, no interior de São Paulo, na Orlando brasileira. Os empreendimentos são iniciativa de Rafael Almeida, empresário do ramo de construção e mercado imobiliário, para garantir visitas à cidade durante todo o ano – e encher os quartos de hotel do seu grupo, Natos.
A cidade paulista, com apenas 54 mil habitantes, recebe cerca de 3 milhões de turistas todos os anos. A maior parte dos turistas brasileiros se dirige ao Thermas dos Laranjais, o 5º maior parque de águas termais do mundo. Já a cidade do Mickey Mouse na Flórida, Estados Unidos, recebeu mais de 72 milhões de turistas em 2017.
O parque tem mais de 300 mil metros quadrados reúnem cerca de 50 atrações como complexos de toboáguas, piscina de surfe, duas praias artificiais, rio de correnteza e parque infantil, além da única montanha-russa aquática do Brasil. Todos os brinquedos são abastecidos com água quente natural.
Recentemente, inaugurou um complexo de toboáguas, chamado Lendário, com um investimento de milhões de reais. Até 2021, o plano é inaugurar 40 novas atrações em uma área anexa de 70 hectares, três vezes o tamanho atual do parque.
Entre as novas atrações trazidas pelo empresário para a cidade, está o Parque dos Dinossauros, que deve abrir no primeiro semestre de 2019 e terá investimento de 15 milhões de reais. São 32 réplicas dinossauros animadas.
O Museu de Cera terá cerca de 100 estátuas, que são confeccionadas nos Estados Unidos e Inglaterra a partir das medidas dos famosos. No Dreams Ice Bar (Bar de Gelo), a temperatura será de -10ºC, para manter as 50 toneladas de gelo usadas na decoração.
Brinquedo “Lendário” do parque Thermas dos Laranjais, em Olímpia, SP
Brinquedo “Lendário” do parque Thermas dos Laranjais, em Olímpia, SP (Grupo Natos/Divulgação)
Sem camas
Antes de pensar nas novas atrações, Rafael Almeida e outros empresários da cidade precisaram solucionar um outro problema. Não havia quartos de hotel para todos os visitantes. Em 2002, a cidade tinha 687 leitos.
O Grupo Natos, presidido por Almeida e formado por três grupos incorporadores, W Palmerston, Griffe Investimentos e ABL Prime, tentou resolver a questão. Com faturamento estimado de 220 milhões de reais em 2019, os investimentos da companhia são superiores a 1 bilhão de reais, relacionado à construção de três resorts em Olímpia até 2021.
Um dos empreendimentos Enjoy, já está em operação e os outros, Solar das Águas Park Resort e Olímpia Park Resort. Juntos, o Enjoy e o Solar terão capacidade para receber até 10 mil hóspedes.
Inspirados no modelo que é usado em Caldas Novas, cidade em Goiás conhecida por águas termais, o grupo investe em complexos multipropriedade. Diferente da operação de um hotel, a propriedade é vendida para visitantes ou investidores. Nesse caso, para vários proprietários diferentes, cada um com direito a ocupar o local por um mês semanas durante o ano.
A construção dos empreendimentos foi necessária para que o parque aquático pudesse continuar crescendo. A inauguração de três grandes resorts em 2018, não apenas do grupo Natos, ampliou a capacidade hoteleira do município de 9.906 leitos para 17.742 leitos de hospedagem no ano.
A cidade, hoje, tem capacidade para receber 5 milhões de turistas por ano. “Agora a rede hoteleira chegou, não corremos mais risco”, afirma Rafael Almeida.
Em 2018, 2,6 milhões de turistas ficaram hospedados na cidade de Olímpia, aumento de 29% em relação à ocupação de 2017. São 167 mil pessoas por mês em média, mais de três vezes a população da cidade.
Fachada – Enjoy Olímpia Park Resort
Fachada – Enjoy Olímpia Park Resort (Grupo Natos/Divulgação)
Atrações para o inverno
Agora, o obstáculo é outro. Como o principal atrativo da cidade de Olímpia é o parque aquático, o desafio é conquistar turistas durante todo o ano, não apenas no verão, e ocupar todos os novos imóveis e quartos de hotel. O desafio também é tornar a cidade interessante para viajantes diferentes, já que o principal público do parque são famílias com crianças pequenas.
Almeida entrou em contato com alguns grupos de parques para trazer suas operações para a cidade. “Tentamos levar o Playcenter e o Parque da Mônica, mas com a crise não tivemos o financiamento necessário para isso”, afirma ele.
Em 2018, firmou uma parceria com o Grupo Dreams, que tem atrações em Gramado, no Rio Grande do Sul. para trazer novos parques, museus e empreendimentos para Olímpia.
O grupo gaúcho possui cinco atrações na Serra Gaúcha (Hollywood Dream Cars, Dreamland Museu de Cera, Harley Moto Show e Vale dos Dinossauros), além de atrações em Foz do Iguaçu, Caldas Novas/GO, Aparecida/SP, Cancun, no México, e Boston, nos Estados Unidos
O Dreams terá 51% de participação e dos resultados dos novos empreendimentos, enquanto Almeida e outros dois investidores ficarão com 49%.
“Olímpia precisa de outros atrativos além das águas termais. Estamos trabalhando para que a cidade se torne um destino turístico importante”, afirma o gerente de projetos do Grupo Dreams, Ícara Pereira Cardoso.
Almeida também possui outros empreendimentos na cidade. É franqueado das redes de alimentação Burger King e Rock and Ribs, que deverá inaugurar este ano. Também traz atrações temporárias, como pista de patinação no gelo e brinquedos infláveis.
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Mercado pequeno
O mercado de turismo e de parques de diversão no Brasil ainda é pouco desenvolvido no Brasil.
Significativamente menor que o mercado norte-americano, o país também fica atrás de outros pares na América Latina, como o México, que atrai turistas para Cancun, no Caribe, Guatemala ou Chile, diz Francisco Donatiello Neto, diretor da Adibra – Associação dos Parques de Diversões do Brasil.
Há poucos grandes parques, como o Beach Park no Ceará, o Beto Carrero em Santa Catarina e o Wet ‘n Wild, em São Paulo. Não é um setor fácil de operar. O Hopi Hari está em recuperação judicial e o Playcenter fechou as portas em 2012.
Donatiello acredita que a construção de uma forte rede hoteleira ao redor desses parques, bem como a abertura de outras atrações, podem ajudar no crescimento do segmento.
Durante a crise econômica no Brasil, muitos turistas deixaram de ir ao exterior e passaram a viajar com mais frequência pelo Brasil.
Agora, com a volta do crescimento econômico, Almeida, do grupo Natos, acredita que o mercado deve se desenvolver ainda mais. “Claro que muitos voltam a viajar para fora, mas pessoas que estavam desempregadas ou com pouca confiança passam a viajar”, diz.
Praia artificial no parque Thermas dos Laranjais, em Olímpia, SP
Praia artificial no parque Thermas dos Laranjais, em Olímpia, SP (Marco Ankosqui/Grupo Natos/Divulgação)