Quem vê brilho e batuque na avenida, muitas vezes não faz ideia da complexa trama que envolve o carnaval. Antes do desfile de uma escola de samba acontecer, por exemplo, existe a escolha de um tema, a composição do samba-enredo, a confecção das fantasias e alegorias, a realização dos ensaios, e por aí vai. As histórias desses bastidores podem ser ouvidas em edições do programa de rádio da Estúdio F, da Fundação Nacional de Artes (Funarte), vinculada ao Ministério da Cidadania. Assim como esses programas especiais, as entidades da pasta disponibilizam um rico material, entre filmes, pinturas e publicações, que oferecem um registro da identidade cultural brasileira, por meio do carnaval.
A magia das escolas de samba paulistanas foi o tema de uma série de programas de rádio da Estúdio F, publicada em fevereiro deste ano. Disponibilizados na página da Funarte, os programas mostraram os trabalhos desenvolvidos por tradicionais escolas de samba, como a Vai-Vai, a Nenê de Vila Matilde, a Camisa Verde e Branco e a Unidos do Peruche. O coordenador do Estúdio F, Pedro Paulo Malta, conta que os programas permitem, ao ouvinte, acessar a real história do carnaval. “As escolas de samba são instituições que representam grupos de pessoas, comunidades, lugares muito importantes do Brasil. A escola de samba é a expressão cultural do lugar, empenha-se o ano inteiro para mostrar o resultado em mais de uma hora. Tem muita história e todas são bonitas”, conta.
A recente série dá continuidade às edições carnavalescas do Estúdio F produzidas em anos anteriores, dedicadas às agremiações cariocas. Já foram realizados programas sobre a Portela, a Estação Primeira de Mangueira, o Império Serrano, a Acadêmicos do Salgueiro, a Beija Flor, a Imperatriz Leopoldinense, a Mocidade Independente de Padre Miguel, a União da Ilha do Governador, a Estácio de Sá e a Unidos de Vila Isabel. Personagens emblemáticos relacionados à folia também já foram tema de programas especiais, como Claudionor Germano, um dos maiores expoentes do frevo, e Luís Antônio, compositor de marchinhas.
Lugar de carnaval
A rua e o baile também tem muita história no carnaval brasileiro, e o cinema bem documenta essa festa. Obras como O que foi o carnaval de 1920!, do cineasta Alberto Botelho, estão disponíveis no Centro Técnico Audiovisual (CTAv). Tanto o CTAv quanto a Cinemateca, ambos ligados à Secretaria do Audiovisual da Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania, guardam verdadeiras relíquias do audiovisual nacional, com a temática carnavalesca. No filme de Botelho, por exemplo, são retratados aspectos do carnaval do Rio de Janeiro como o corso na Avenida Rio Branco, o Baile à Fantasia no Hotel de Santa Rita e o Baile Infantil do Teatro República, além do desfile de carros alegóricos das sociedades carnavalescas dos Fenianos e dos Democráticos.
Os filmes em película ou suporte digital disponíveis no CTAv podem ser usados até mesmo para eventos, como exposições ou mostras de cinema. Para ter acesso às obras, basta enviar um e-mail para o pesquisa.ctav@cultura.gov.br. Já a Cinemateca Brasileira disponibiliza um vasto acervo de filmes no Banco de Conteúdos Culturais (BCC). Além dos filmes, são disponibilizados cartazes, fotos e textos – conteúdos digitais relacionados ao campo do audiovisual. Desde 2018, o site do BCC dispõe de uma maior interação entre as imagens em movimento e os demais tipos de documentos disponíveis.
A festa nas cifras e letras
Partituras, livros, revistas, jornais e discos que remontam à história do carnaval carioca podem ser consultados na Fundação Biblioteca Nacional (FBN), também vinculada ao Ministério da Cidadania. Compositores como Benedito Lacerda, João de Barro, Joubert de Carvalho, Miguel Gustavo, Luiz Bonfá, Ernesto Nazareth e Eduardo Souto são alguns dos que possuem partituras disponíveis na BN Digital, onde se pode ouvir trechos de algumas composições.
A BN Digital também conta com edições digitalizadas das revistas O Cruzeiro e Manchete, que trazem a cobertura dos carnavais cariocas dos anos 1930, até a década de 1980. Além delas, a revista Fon fon é uma boa fonte dos costumes cariocas da época, incluindo o entrudo, uma das primeiras manifestações carnavalescas ocorridas no Brasil. Conhecido como o avô do carnaval, o entrudo consistia na ocupação das ruas da cidade, onde a população realizada brincadeiras nas quais se jogavam farinha e água, por exemplo. A Fon fon foi publicada entre abril de 1907 e agosto de 1958.
Já a Fundação Casa de Rui Barbosa disponibiliza, em seu acervo digital, a coleção de revistas O malho. Com enfoque na vida política do país, na cultura e na crítica de costumes, a revista se tornou conhecida por fazer jus ao nome: malhar políticos, pessoas e instituições, usando a charge como aliada. Com projeto aprovado pela Lei Rouanet, foram digitalizadas publicações de 1902 a 1911, além de edições de 1918, 1935 e 1952. Na Casa de Rui, ainda estão expostas, para consulta presencial no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, fotos de foliões e convites para bailes de Carnaval de mais de 50 anos.
No quadro, cores de folia
Ambas datadas de 1962, Carnaval de Subúrbio, de Di Cavalcanti, e Escola de Samba, de Carybé, estão expostas no Museu Castro Maya, no Rio de Janeiro. Já no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), também na capital fluminense, o público pode conhecer desenhos de Di Cavalcanti encomendados pelo maestro Heitor Villa-Lobos, para um balé que nunca chegou a ser concretizado. Trata-se do estudo de figurino para o balé Carnaval das Crianças Brasileiras, datado de 1920.
A instituição possui ainda dois projetos de ornamentação para o carnaval de 1954, um relativo à Avenida Rio Branco e outro para a Praça 11 de junho, do pintor Tomás Santa Rosa. Essas obras serão o carro-chefe da exposição relativa ao Carnaval que o museu vai abrir a partir do próximo dia 19. O Museu Castro Maya e o MNBA são administrados pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), vinculado ao Ministério da Cidadania.
Assessoria de Comunicação
Secretaria Especial da Cultura
Ministério da Cidadania