Apesar da proximidade cultural e dos interesses comuns entre os países que falam Português, a circulação da produção cultural entre os nove países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) ainda não é uma tarefa fácil e nem barata. Estratégia para aumentar a produção conjunta e a elaboração de uma política multilateral de circulação de bens culturais foram discutidas em reunião nesta quarta-feira (20), em Lisboa (Portugal), entre o secretário especial da Cultura do Brasil, Henrique Pires, e o secretário-executivo da CPLP, embaixador Francisco Ribeiro Telles.
“A CPLP, que é a comunidade integrada por países de fala portuguesa, é geograficamente dispersa e, ao mesmo tempo, um espaço unido pelo idioma comum. Tratamos da possibilidade de ampliação da participação de temas culturais brasileiros nesse contexto, seja na produção e propagação no campo audiovisual, como também literário”, destacou Henrique Pires.
Criada em 1996, a CPLP é composta pelos seguintes países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Acompanhado do representante permanente do Brasil junto à CPLP, embaixador Gonçalo de Barros Mourão, o secretário Henrique Pires tratou, ainda, da necessidade de se criar uma política multilateral que permita a circulação de livros publicados em português em países de fala lusófona com taxas alfandegárias mais brandas que as atuais.
Mais parceiros
Também nesta quarta-feira, Henrique Pires foi recebido pelo administrador executivo da Fundação Calouste Gulbenkian, Guilherme d’Oliveira Martins. No encontro, foi discutida a criação de programas conjuntos com a fundação, ampliando parcerias, a exemplo da existente com a Academia Brasileira de Letras (ABL), que prevê ciclos de palestras com autores brasileiros e portugueses.
Outro tema da conversa foi a possibilidade de a fundação integrar a série de atividades conjuntas entre Brasil e Portugal em comemoração aos 200 anos da independência do Brasil e dos 100 anos da Semana de Arte Moderna de 1922, a serem comemorados até 2022.
Homenagem
Na primeira agenda do dia, o secretário Henrique Pires visitou a exposição Dona Maria da Glória (1819-1853): um registro intimista, a primeira realizada dentro da programação conjunta de comemoração ao bicentenário da Independência do Brasil. Documentos da Casa Real, em especial correspondências trocadas pela rainha, são destaques da mostra.
Filha de D. Pedro I com Maria Leopoldina, Dona Maria da Glória nasceu no Brasil e tornou-se rainha de Portugal. Foi a segunda mulher a ocupar o trono português, em 1826, após a abdicação do seu pai, mas chegou em Portugal apenas em 1834. Casou-se com o príncipe Fernando de Saxe, com quem teve 11 filhos. Faleceu após o parto de seu último herdeiro. Seu breve reinado é marcado pelo esforço na reconstrução da imagem da monarquia portuguesa. Ficou conhecida pelo investimento na educação dos filhos e por manter ligações com várias cortes europeias.
“Visitar essa exposição é também agradecer a Portugal pelo esforço que faz na área cultural para integrar-se com o Brasil cada vez mais”, avalia o secretário.
A exposição está aberta até o dia 6 de abril, na Torre do Tombo, em Lisboa, uma das instituições mais antigas de Portugal, datada de 1378, que funciona como arquivo nacional do Estado.
Assessoria de Comunicação
Secretaria Especial da Cultura
Ministério da Cidadania