Diretor Sam Levinson e atriz Zendaya repetem parceria de 'Euphoria' em filme criado e gravado durante pandemia. "Malcolm & Marie" é uma vítima de sua própria ambição. Ao mesmo tempo em que o filme oferece à sua dupla de protagonistas material para brilhar, longos momentos arrastados e inúmeros diálogos sofríveis provam que o roteiro merecia um pouco mais de atenção. E, se parece um pouco resolvido às pressas, é porque realmente foi. O drama sobre relacionamentos, que estreia nesta sexta-feira (5) na Netflix, foi criado totalmente durante os primeiros meses de pandemia nos Estados Unidos. Com isso, até dá para compreender a instabilidade do enredo – mesmo que se esperasse mais do reencontro do diretor Sam Levinson, criador de "Euphoria", com a atriz Zendaya (ganhadora do Emmy pela série) e a adição de outro astro em franca ascensão em Hollywood, John David Washington ("Tenet"). Assista ao trailer de 'Malcolm & Marie' Casal em crise Em "Malcolm & Marie", o público acompanha quase em tempo real a discussão entre um diretor (Washington) e sua namorada (Zendaya), quando o casal volta para casa depois da estreia de um de seus filmes. O que parece uma briga boba – sustentada pela cara suavemente possessa da atriz, uma especialista na chamada "resting bitch face", como dizem os jovens – evolui aos poucos para algo mais complexo. Entre as idas e vindas do casal, a história usa um debate sobre cinema e crítica como desculpa para aprofundar seus personagens, mas que falha em evitar soar um pouco pretensioso. Zendaya e John David Washington em cena de 'Malcolm & Marie' Divulgação Todo o carisma do mundo O filme atinge seus melhores momentos em algumas das viradas de jogo entre os namorados, algumas mais habilmente construídas e outras nem tanto. Com longos monólogos, dois dos jovens atores mais promissores dessa nova geração mostram que mereciam a expectativa gerada na época do anúncio da produção – e a fotografia em preto e branco sabe explorar a beleza inegável da dupla. Infelizmente, a pressa na realização do roteiro deixa passar sequências desnecessárias e diálogos tão fracos que nem todo o carisma ou química do mundo conseguiriam salvar.