Companhia de bebidas é a 1ª empresa japonesa a denunciar a tomada de poder no país asiático. A Kirin possui mais da metade de cervejaria de Mianmar em parceria com empresa que é controlada pelos militares. Engredados com garrafas de bebidas da companhia japonesa Kirin, em fábrica de Yokohama, no sul de Tóquio. REUTERS/Issei Kato/File Photo O grupo japonês de bebidas Kirin Holdings anunciou nesta sexta-feira (5) que vai encerrar a parceria de negócios que mantém em Mianmar, alvo de um golpe de Estado no início da semana. A companhia é a primeira empresa japonesa a denunciar a tomada de poder pelos militares no país asiático. Em comunicado, a companhia se disse "profundamente preocupada" e afirmou que o golpe militar em Mianmar vai contra "os padrões e políticas de direitos humanos" seguidos pela empresa. Entenda o golpe militar em Mianmar ONU pede pressão para que golpe em Mianmar fracasse; Facebook é bloqueado no país A Kirin está em Mianmar desde 2015, quando se tornou acionista majoritária da cervejaria Myanmar Brewery. A aquisição garantiu à empresa japonesa posição no crescente mercado do sudeste asiático. Em 2017, iniciou uma parceria que transferiu uma participação de 4% para a MEHL, joint venture que está ligada aos militares, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). "Dadas as atuais circunstâncias, não temos opção a não ser encerrar nossa atual parceria com a Myanma Economic Holdings Public Company, que fornece o serviço de gestão de fundos de previdência para os militares. Tomaremos providências com urgência para que essa rescisão entre em vigor", disse a Kirin no anúncio. O golpe de estado Pessoa pisa em foto do general Min Aung Hlaing, responsável pelo golpe militar em Mianmar, durante protesto do lado de fora de prédio da ONU em Bangcoc, na Tailândia, na terça-feira (2) Reuters/Jorge Silva O exército de Mianmar derrubou o governo eleito do país no dia 1º de fevereiro, prendeu líderes políticos, fechou o acesso à internet e suspendeu voos ao país. VÍDEO: Militares tomam o poder em Mianmar e lideranças são presas A tomada de poder pelos militares causou forte reação da comunidade internacional, com exceção da China e Rússia, que ainda não se pronunciaram. Veículos do Exército de Mianmar trafegam por rua em Mandalay em 2 de fevereiro de 2021 após golpe militar que derrubou o governo eleito democraticamente no país Reuters O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também pediu pressão internacional para que militares de Mianmar "renunciem imediatamente". O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que fará tudo ao seu alcance para garantir que a comunidade internacional "exerça pressão suficiente" sobre Mianmar para que o golpe de Estado "fracasse". Estado de emergência e protestos Pessoas protestam contra golpe militar do lado fora da Universidade de Medicina de Mandalay, em Mianmar, em 4 de fevereiro de 2021 Reuters Após o golpe, foi declarado estado de emergência de um ano no país e o general Min Aung Hlaing, comandante das Forças Armadas, foi nomeado presidente em exercício. Em meio a protestos, os militares derrubaram o acesso ao Facebook e outras redes sociais essenciais para a comunicação dos moradores. O objetivo é evitar que as manifestações ganhem força. Na manhã de quinta-feira (4), um grupo de manifestantes se reuniu nas ruas de Mandalay, a segunda maior cidade do país, pedindo o retorno à democracia. Mapa mostra localização de Mianmar e da capital, Naypyitaw G1 O país com cerca de 50 milhões de habitantes vivia uma fase democrática desde 2011, depois de quase 50 anos de regime militar. Naquele período, uma junta do Exército governou o país. De 2011 para cá, haviam sido implementadas eleições para o Parlamento e outras reformas. A última eleição havia sido em novembro do ano passado, quando o principal partido civil, a Liga Nacional pela Democracia (NDL, na sigla em inglês), venceu 83% dos cargos em disputa. O novo Parlamento iria aprovar um novo governo. Os militares se recusaram a aceitar esse resultado. Eles alegam que houve "enormes irregularidades" nas eleições. Os militares haviam tentado argumentar na Suprema Corte do país que os resultados das eleições eram fraudulentos. Eles ameaçaram agir e cercaram os prédios do Parlamento com soldados. O golpe ocorreu sem atos de violência e poucas horas antes da primeira sessão do Parlamento formado nas eleições de novembro. VÍDEOS: as últimas notícias internacionais